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Recife celebra a história dos heróis do jornalismo

Lanamento de livro sobre o jornal Movimento, a mais importante publicao brasileira de resistncia ditadura, evoca os bons tempos de um jornalismo que lutava, de forma herica, pela democracia no Brasil; entre os marcos do jornal, h entrevistas histricas comnomes como Miguel Arraes

Recife celebra a história dos heróis do jornalismo (Foto: Divulgação)
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247 – Recife foi palco, nesta segunda-feira 31, de um evento histórico: o lançamento do livro “Jornal Movimento – uma reportagem”, do jornalista Carlos Azevedo, que evoca memórias dos últimos quarenta anos no Brasil. O Movimento, para quem não conheceu, foi a mais importante publicação de resistência à ditadura militar. Idealizado pelo jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, talvez o repórter mais admirado por seus pares no Brasil, o Movimento foi um jornal de propriedade coletiva, que surgiu em meados dos anos 70, quando o regime militar iniciava sua distensão “lenta, gradual e segura”, colocada em marcha pelo general Ernesto Geisel.

Evaldo Costa, secretário de comunicação de Pernambuco e mediador do encontro, lembrou o “realismo fantástico” vigente no Brasil daqueles tempos. Uma época em que havia uma repartição de censura no Estado e em que, do outro lado, jornalistas que lutavam pela democracia podiam ser capturados e mortos pelos trogloditas do terrorismo de Estado, sem que seus corpos jamais fossem encontrados. Ao abrir os debates, Evaldo lembrou o papel excepcional desempenhado por Raimundo Rodrigues Pereira. “Ele faz parte da categoria não dos heróis, mas dos super-heróis”, disse Evaldo. “Raimundo é daqueles que não desistem nunca e nos últimos 50 anos esteve sempre abrindo jornais, revistas e fazendo da sua vida um apostolado pela liberdade e pela democracia”.

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Ao contar a história do Movimento, Raimundo Rodrigues Pereira lembrou que ele foi financiado por cotas de vários apoiadores, incluindo jornalistas como Ricardo Noblat e Fernando Morais. Teve no conselho editorial nomes como Fernando Henrique Cardoso e Chico Buarque, além de sucursais em vários estados brasileiros. Hoje, ele próprio se surpreende com a quase inexistência de jornais brasileiros, de alcance nacional, no campo democrático-popular. Segundo alguns, diz Raimundo Rodrigues Pereira, porque não há mais uma ditadura no Brasil e, portanto, não haveria mais a necessidade de um jornal combativo como o Movimento. No entanto, sua visão é outra. De acordo com Raimundo, a imprensa democrático-popular precisaria “reunir forças” para combater a imprensa burguesa, não apenas no campo da opinião, mas também da reportagem. E isso passa pela capacidade econômica. “Saímos da ditadura militar para a ditadura do capital financeiro”, disse Raimundo Rodrigues Pereira à plateia. “E se estamos agora nessa ditadura disfarçada, por que não unir as forças em prol de uma imprensa independente?”

Recibo assinado

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No evento, o escritor Fernando Morais, um dos mais consagrados jornalistas brasileiros, levou um recibo, assinado por Raimundo Rodrigues Pereira, de 50 cruzeiros, que equivalia a 39 ações do Movimento. “Hoje, deve valer uns R$ 4 mil e espero um dia sacar na boca do caixa”, brincou Fernando Morais.

Ex-repórter do Jornal da Tarde, o jornalista lembra que conviveu com a censura nas redações durante oito anos, entre 1968, ano do AI-5, a 1976. Mexendo nos seus alfarrábios, Morais encontrou um documento oficial, que instituía a censura prévia sobre o jornal Movimento. Depois falou de um plano para asfixiar economicamente as publicações, valendo-se de órgãos do Estado, como a Receita Federal e o INPS. “Muitos desses jornais não tinham nem contabilidade”, lembra Fernando Morais. “E depois houve pressão sobre os anunciantes que ainda ousavam apoiar a imprensa alternativa”.

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Autor de diversos livros premiados, como “Chatô, o rei do Brasil”, Fernando Morais pensa em escrever sobre a perseguição sofrida por jornais independentes, como o Movimento. “Além da brutalidade da censura, havia a brutalidade econômica”, diz ele. “O único jornal que ia no tutano e na raiz dos problemas causados pela ditadura, era o Movimento", diz ele.

Tanto Raimundo Rodrigues Pereira como Fernando Morais concordam com a necessidade de ressuscitar o Movimento. “Mesmo que seja na internet”, diz Fernando Morais, que aponta uma revolução em curso no mundo. “Se você tiver o que dizer e for às Casas Bahia e comprar um computador, você se torna um Roberto Marinho”, disse ele.

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Nascido na cidade pernambucana de Exu, Raimundo Rodrigues Pereira fez capas históricas no Movimento, entrevistando ícones do combate à ditadura, como Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e avô do atual, Eduardo Campos.

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