Rejeição na CPI comprova: Cunha errou ao recuar
Inclusão e posterior retirada de nomes como os do jornalista Policarpo Jr., da revista Veja, e do procurador-geral Roberto Gurgel esvaziaram relatório de Odair Cunha (PT-MG); CPI do Cachoeira, sem documento final, padeceu de um mal shakespeariano: fez muito barulho por nada
247 – O deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, teve sua chance de entrar para a história da grande política. Ele ensaiou passos nesta direção ao dar indícios, durante toda a CPI do Cachoeira, de que faria um relatório duro, do tipo 'doa a quem doer' com base no imenso rol de informações obtidas pela comissão a partir de dezenas de depoimentos de participantes e testemunhas dos esquemas montados com contraventor Carlinhos Cachoeira como elemento em comum.
Cunha chegou a divulgar a inclusão em seu relatório, antes de sua apreciação pelos membros da comissão, do jornalista Policarpo Jr. e do procurador-geral Roberto Gurgel. Chefe da sucursal da revista Veja em Brasilía, Policarpo tinha papel relevante na organização de Cachoeira, uma vez que a influência do bicheiro não seria a mesma sem a capacidade de potencializar escândalos.
Após, no entanto, chegar à ante-sala da história, na qual obteria o registro por não ter cedido a pressões nem feito vista grossa às inúmeras provas obtidas pela Operação Portugal, da Polícia Federal, Cunha resolveu fazer suas próprias contas políticas. Em entrevista ao 247, justificou que procurara reunir um consenso de informações e opiniões, encerradas num relatório que pudessse agradar, se não a todos, pelo menos a uma grande maioria da Comissão.
O plano, como se viu pela votação contrária ao relatório, no final da manhã desta terça-feira 18, deu errado. "Esse relatório é cheio de idas e vindas", reclamou, num bom resumo do resultado, o pedetista Sivio Rocha. "Não se pode aprovar um relatório sem firmeza em suas palavras".
Foi essa posição, a da rejeição, que prevaleceu. O mesmo poderia acontecer em relação à primeira versão do relatório de Cunha, mas, nesse caso, ao menos o relator teria o conforto de ter feito a sua parte na CPI com mais atenção nos documentos e depoimentos juntados do que em preservar interesses outros, tanto de seu partido como do governo e do empresariado assustado como novos desdobramentos. Nascida desacredita, em razão do que se considerava uma maioria governista, mas reerguida durante os trabalhos, a CPI do Cachoeira que prometia uma bomba terminou num traque.
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