Relator do PT blinda Veja na CPI do Cachoeira
Odair Cunha (PT-MG) nega requerimento de Fernando Collor (PTB-AL) para resgate de depoimento de redator-chefe da revista Veja, Policarpo Junior, em defesa de Carlinhos Cachoeira; feito em 2006, está nos arquivos da CPI dos Bingos; "parece que tem intocáveis aqui", reagiu Humberto Costa (PT-PE)
Agência Brasil - O requerimento para resgatar informações prestadas pelo jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal da revista Veja, em Brasília, ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em 2005, causou discussão entre os parlamentares da CPMI do Cachoeira. O requerimento foi apresentado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), mas não foi aceito pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). No entanto, dividiu o plenário da CPMI e tomou a maior parte da reunião de hoje.
No pedido, Collor lembrou que o jornalista testemunhou a favor de Cachoeira na CPI do Bingos (na verdade, o depoimento foi prestado ao Conselho de Ética da Câmara durante processo de cassação do deputado André Luiz, que havia tentado extorquir Cachoeira -- relembre) e pediu que a CPMI destacasse desse depoimento as partes que indicam a relação com Cachoeira. "É necessário que pincemos esses trechos para que fique comprovado um conluio entre Policarpo Júnior e Cachoeira."
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), no entanto, classificou o pedido de Collor de atentado à liberdade de imprensa e de caráter "persecutório". "A função do jornalista é investigar. O jornalista de investigação conversa sim com pessoas próximas aos crimes", defendeu Miro. Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que Collor estava fazendo um "acerto pessoal" com a imprensa. "Esse requerimento tem inconstitucionalidade chapada", destacou.
Já os deputados e senadores do PT apoiaram o pedido feito pelo Collor. De acordo o deputado Paulo Teixeira (MG), o pedido não tem a intenção "de investigar a imprensa" e sim de apurar uma possível conduta inadequada do jornalista. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também concordou com o resgate das informações e disse que os integrantes da comissão estavam considerando o jornalista "um intocável". "Parece que tem intocáveis aqui, mas não se enganem, tudo virá à tona", destacou.
Quebra de sigilos
Os membros da comissão também aprovaram, nesta manhã, a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-diretor da Delta Engenharia no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e do braço direito de Cachoeira, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá.
Abreu foi preso em Brasília, no dia 25 de abril, pela operação Saint-Michel da Polícia Federal. Ele é flagrado e citado em diversas conversas com o contraventor. A Delta é uma das construtoras que tem mais contratos com o governo federal e teve um crescimento no patrimônio de 804% num período de dez anos. A empresa também é alvo de investigação que trata do repasse de verbas da companhia para empresas fantasmas que pertenciam à quadrilha de Cachoeira.
Dadá foi preso pela operação Monte Carlo, na mesma época que Cachoeira. Ele é ex-sargento da Aeronáutica e é acusado de atuar como principal informante do bicheiro, sendo responsável principalmente pela realização de grampos.
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