Sampaio diz não ter visto crime, mas promiscuidade
Em entrevista, a subprocuradora Claudia Sampaio diz que o MP agiu corretamente ao arquivar caso Demóstenes, em 2009, e afirma não temer a quebra do seu sigilo telefônico, onde devem aparecer ligações com o senador goiano
247 – A subprocuradora-geral da República, Claudia Sampaio, decidiu comprar a briga com a Polícia Federal e com os parlamentares que integram a CPI do caso Carlos Cachoeira. Ontem, a Folha de S. Paulo já havia publicado que ela atribuía à PF o fato de o inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO) ter sido engavetado, em 2009. A PF negou. Hoje, em entrevista ao Estado de S. Paulo, Claudia Sampaio ajustou um pouco a versão. “Entendi que não tinha elementos para ir ao STF. Poderia ter conversas relevantes no aspecto ético, mas não crime”, disse ela.
Ao dizer entendi, colocando o verbo na primeira pessoa, Claudia Sampaio assumiu a responsabilidade pelo arquivamento, antes atribuída à PF. O que, aliás, é um direito constitucional atribuído aos procuradores.
A subprocuradora, no entanto, também se antecipou a uma possível revelação da CPI: a de que ela e o senador Demóstenes trocaram várias ligações telefônicas à época. Ela disse não temer a quebra do seu sigilo telefônico e cutucou os membros da CPI. “Parlamentares não são burros. Eles sabem que o Ministério Público agiu corretamente”, disse ela.
Promiscuidade
Na entrevista concedida ao jornalista Ricardo Brito, do Estadão, Claudia disse que enxergou promiscuidade, e não crime, em vários fatos levados ao Ministério Público pela Polícia Federal, como o pedido de uma carona em avião pelo senador e a entrega de um rádio Nextel, pela quadrilha ao político goiano. “Não é crime. É um contexto de crime, que mostra a promiscuidade com pessoas tidas como envolvidas na atividade do jogo”, disse ela.
Na quinta-feira, a CPI vota a convocação de Roberto Gurgel. O relator, Odair Cunha (PT-MG), defende que ele se explique apenas por escrito. Claudia Sampaio, no entanto, deve ser convocada.
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