Sim, o nome dele é Valdemar
Chefão do PR é o símbolo da chantagem institucionalizada que há no Brasil e que origina toda corrupção
Com o julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal decidiu mandar a política para a cadeia no Brasil. Não apenas os réus da Ação Penal 470, mas a política como um todo. Assim como o PT negociou apoio parlamentar ao seu governo, o mesmo acontece em todas as câmaras de vereadores e assembleias legislativas espalhadas pelo País. Antes da chegada de Lula ao poder, a política era – e ainda é – um grande mercado de compra e venda de apoio. Faz parte da natureza do sistema, em que partidos políticos, com seus vereadores, deputados e senadores, são capazes de dobrar e chantagear governantes.
No caso do mensalão, graças ao delator Roberto Jefferson, essa lógica foi explicitada. E nem ele foi poupado pelo relator Joaquim Barbosa, que pediu condenações amplas, gerais e irrestritas com sua guilhotina. O ministro já pediu a degola de políticos como Roberto Jefferson, do PTB, Pedro Henry, do PP, José Borba, do PMDB, e Valdemar Costa Neto, do PR. Em suma, ninguém foi poupado. E se houvesse o mesmo clamor popular pelo julgamento do mensalão tucano, o mesmo ocorreria com figurões do PSDB, do DEM e do PPS.
De todos os políticos a caminho da prisão, Valdemar Costa Neto é o que mais escancara o grande mercado da política. Quando se aproximou de Lula, em 2002, oferecendo o vice José Alencar e sua base de deputados, vendeu o apoio por R$ 10 milhões. Depois, levou de lambuja o Ministério dos Transportes, onde reinou por oito anos, nomeando os seus “Juquinhas” e fazendo negócios com empresários como Fernando Cavendish, da Delta. Não é de estranhar, portanto, que as estradas brasileiras sejam tão ruins, causando milhares de mortes, todos os anos.
No governo Dilma, Valdemar foi tendo seu espaço minado. Em represália, por diversas vezes ameaçou retirar o apoio do PR, usando como procurador o deputado Lincoln Portela (PR-MG). Dilma endureceu o jogo, Valdemar ficou insatisfeito e seu PR, na eleição municipal paulistana, se bandeou para o lado de José Serra – a que preço, não se sabe.
Essa é a lógica da política representativa brasileira. Compra e venda, pura e simplesmente. Parte do dinheiro é usada nas dívidas de campanha, parte em cassinos (como Valdemar bem sabe) e parte no enriquecimento pessoal. E se a corrupção no Brasil tivesse um rosto, seria o do chefão do PR. O que falta agora, depois de um julgamento tão didático, é discutir como mudar o sistema. O Brasil precisa mesmo de uma Câmara e um Senado (duas instâncias de barganha)? As campanhas devem ser tão caras? O financiamento público deve substituir o privado? Sem a reforma política, novos mensalões virão.
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