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Somos governados por vândalos

Numa única sessão o Senado brasileiro foi capaz de demonstrar o nível intelectual medíocre dos homens que governam o nosso País

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Fiquei perplexo na quarta-feira, dia 1º de junho, ao sintonizar a TV Senado e assistir à baderna que aquela Casa promovia para todo o país.

O governo queria aprovar duas Mediadas Provisórias que se não fossem votadas até a meia noite caducariam, ou seja, perderiam a validade.

Claro que a oposição de qualquer democracia trabalha sempre no sentido de derrubar as propostas apresentadas pelo governo, ainda mais quando há o argumento de que uma delas se trata da criação de mais um "cabide de empregos" para os governistas, como era o caso da MP 520 que autorizava o Poder Executivo a criar a Empresa  Brasileira de Serviços Hospitalares. A nova estatal teria por objetivo administrar os hospitais universitários, unidades hospitalares e a prestação de serviços de assistência médico-hospitalar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A outra, MP 521, reajustava o valor da bolsa para médicos residentes de R$ 1.916,45 para R$ 2.338,06, retroativo a 1º de janeiro. A medida provisória também disciplinaria outros direitos como as licenças-maternidade e paternidade. Vale lembrar que até bem pouco tempo os médicos residentes estavam em greve em busca dessas melhorias, o que causou um grande caos na saúde do País, pois eles têm, ao contrário do que muitos pensam, um papel fundamental dentro dos hospitais públicos.

O que quero levantar aqui não é o valor ou a veracidade das propostas apresentadas. O que me deixou boquiaberto foi a tamanha mediocridade com que agem governistas e oposicionistas em busca da manutenção dos seus poderes. Nós, o povo, somos apenas um detalhe. Votos, impostos e mão-de-obra.

A oposição, rastejando como cobra desesperada, aproveita toda e qualquer oportunidade para travar o governo. Mesmo que para isso afete a remuneração de milhares de profissionais da saúde de todo o país. Do outro lado, o governo, na ânsia de ter em suas mãos mais cargos para desenvolver a política que a máquina do Estado promove, nega negociar a votação somente da MP que interessava aos médicos residentes. Proposta essa que foi apresentada pela oposição.

Eis que o Senado se transforma numa baderna, onde não há respeito, nem conduta digna de representantes do povo de tão alto escalão. Fiquei pensando o que os senadores romanos achariam do comportamento dos seus colegas, uma vez que desde Roma a prática do "vale qualquer coisa" já imperava nessa instituição difundida por eles no mundo. Acho que os colegas romanos ficariam orgulhosos.

Fico imaginando também se eu, Khalil Gibran, cidadão brasileiro, entrasse no Senado com aquele tipo de comportamento. Acho que eu seria preso imediatamente, concordam?

Há muito nosso país fecha os olhos para as práticas absurdas do poder legislativo. Em todas as instâncias. É comum, por exemplo, parlamentares saírem de uma sessão para provocar falta de coro numa votação e ficarem do lado de fora, tomando café e jogando papo fora.

Veja bem: nós pagamos para eles trabalharem, eles têm que votar, é o trabalho mais pesado que eles fazem. Então, quando não é do interesse politiqueiro deles simplesmente se recusam. Ao meu ver, isso deveria ser crime. Considero-me agredido pelos senhores senadores e deputados, quando transformam uma sessão de votação numa baderna sem precedentes ou quando se recusam a votar para ficar passeando pelas galerias de Brasília. Vivo num país que me proporciona a desconfortável sensação de "não ter em quem votar".

Por quem somos governados? Por vândalos que usam gravatas? Por aproveitadores do poder e do dinheiro público?

A resposta, queridos leitores, deixo pra vocês.

Khalil Gibran é cantor, compositor e produtor cultural.

www.twitter.com/khalilgoch

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