Vox Populi com reputação em jogo em Curitiba

247 – A reputação do Instituto Vox Populi, do empresário Marcos Coimbra, está em jogo na capital do Paraná. Ex-prefeito de Curitiba e candidato ao cargo pelo PMDB nestas eleições, o experiente Rafael Greca assiste ao crescimento a olhos vistos de sua candidatura, mas não vê esse movimento refletido na pesquisa de opinião do instituto, um dos mais utilizados pelos partidos políticos e a mídia nas eleições paranaenses. Para agravar sua desconfiança entre o sentimento em relação ao momento da eleição e os números de intenções de voto apurados pelo Vox Populi, Greca obteve esta semana um flagrante de distorção na realização da pesquisa que será divulgada na quarta-feira 26: um pesquisador do instituto, com bloquinho na mão, capta a opinião de um cabo eleitoral, com bandeira e adesivos, do adversário Luciano Ducci, do PSB.

Em setembro, com campo feito entre os dias 25 e 27, o Vox registrou 28% de intenções para Ratinho Junior, do PSC, 27% para Ducci, 15% a favor de Gustavo Fruet, em forte declínio, do PDT, e apenas 9% para o pemedebista Greca que, segundo o instituto, não consegue subir para dois dígitos. Ou seja, uma eleição polarizada entre dois candidatos favoritos e dois candidatos com pouquíssimas chances àquela altura. Mas será que o quadro eleitoral na capital paranaense é esse mesmo? Greca, a partir da foto da entrevista do Vox ouvindo a opinião de um cabo eleitoral do adversário, acredita que os fatos estão distorcidos.

"Esses métodos de aplicação das pesquisas parecem todos insidiosos. É preciso fiscalizar os critérios de perto e cobrar a mais absoluta transparência na divulgação do modelo de aferição e dos resultados", salientou o ex-prefeito, em referência direta à imagem captada pelo celular do advogado Julio Haus, que a divulgou pelo Twitter e redes sociais.

Greca é certamente um dos políticos brasileiros com mais direitos de reclamar de armações contra si próprio. Ele deixou a Prefeitura de Curitiba, em 1997, como o prefeito mais bem avaliado da história da cidade. No ano seguinte, foi eleito o deputado federal mais votado do Paraná, com 226 mil votos. Com o prestígio em alta, assumiu o Ministério do Turismo no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1999. No ano seguinte, porém, foi levado a renunciar ao cargo após denúncias de que estaria ligado à máfia de jogos ilegais e dos bingos. Soube-se mais tarde, quando ele já havia deixado o posto, que as acusações haviam partido do contraventor Carlinhos Cachoeira, exatamente porque Greca atuava para combater os ilícitos que ele e sua quadrilha praticavam. O ex-ministro jamais teve qualquer uma das acusações contra si comprovadas. No início deste ano, ele foi absolvido de todas as acusações que pesam contra ele.

Quanto aos institutos, não é a primeira vez que um a lisura de um deles é questionada, e também não é inédito o fato de resultados de levantamentos feitos a esta altura da campanha se mostrarem muito diferentes do apurado efetivamente pelas urnas. Já ocorreu de institutos apresentarem uma radiografia das intenções de voto que vai se ajustando à medida em que chega o momento do voto, como forma de aproximar resultados da realidade eleitoral. Todos sabem que, no curso das eleições, pesquisas têm o poder de animar ou abater os ânimos dos eleitores e cabos eleitorais, despertando mais atenção para os primeiros colocados e tirando de cena, como se já estivessem se chances, os que ficam atrás. É contra essa lógica que, antes que seja tarde, e com um compromotedora foto nas mãos, que Greca se levanta agora.