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Vox Populi: transposição depende da sociedade e da militância

Em artigo, a socióloga Thais Moya, colunista do 247, afirma que a pesquisa Vox Populi "fortalece o ânimo e a esperança do eleitorado da chapa Haddad e Manuela e aponta que os próximos vinte dias devem ser de extrema campanha que vise tornar conhecido o fato de que Haddad é o candidato apoiado por Lula"; confira as tabelas

Vox Populi: transposição depende da sociedade e da militância
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Por Thais Moya- A pesquisa Vox Populi, divulgada em 13 de setembro, fortalece o ânimo e a esperança do eleitorado da chapa Haddad e Manuela e aponta que os próximos vinte dias devem ser de extrema campanha que vise tornar conhecido o fato de que Haddad é o candidato apoiado por Lula. Uma robusta transferência de votos depende disso, e, obviamente, a mídia conservadora e os adversários não tem obrigação, nem interesse, de promover essa informação. Portanto, cabe a militância superar os obstáculos presentes e concretizar, nas urnas, o lema “Haddad é Lula”.

Os obstáculos, além da barreira da mídia e das censuras impostas pelo TSE, caracterizam-se por meio de dois fatores principais: baixo interesse pelo horário eleitoral e acesso à internet diminuído no Nordeste e entre as populações de baixa renda.

Apesar da coligação “Brasil feliz de novo” ter o segundo maior tempo no horário eleitoral na televisão e rádio, esse trunfo se perde pela metade pois 49% do eleitorado não tem nenhum interesse na propaganda eleitoral, e 42% sequer assistiu as propagandas curtas exibidas durante a programação total das mídias.

A contrapartida desse pouco interesse da população pode ser desempenhada na internet, porém, pesquisas recentes do IBGE demonstram que, embora o acesso esteja em permanente crescimento, um pouco mais de um terço da população não se comunica pela rede, e, dentre esses, 35% não o faz porque não quer. Dentre aquelas que acessam, o Nordeste, maior reduto petista, está com o menor percentual, 56%, ou seja, quase metade dos nordestinos não está presente na comunidade virtual.

Dentre os conectados, a camada com renda de até um salário mínimo, que corresponde 50% da população, representa apenas 7%. É, sem dúvida, um dado preocupante para um partido que tem sua base eleitoral entre os mais pobres.

Perante essa barreira presente nos meios de comunicação em massa, a campanha de Haddad e Manuela precisa inevitavelmente sair às ruas, bater de porta em porta e conversar pessoalmente com as pessoas, principalmente, as mais pobres e periféricas, tanto geográfica, como virtualmente.

Os dados da última pesquisa Vox Populi confirmam tal afirmação, pois os resultados demonstram que apenas metade do eleitorado nacional (53%) sabe que Haddad é o candidato apoiado por Lula, embora 79% conheça-o: 42% sabe quem é, e 37% já ouviu, ao menos, o nome. A exposição intensa do candidato desde meados de agosto surtiram efeitos impressionante, pois, em julho, apenas 27% conhecia-o efetivamente e 27% conhecia por nome, somando um crescimento de 25%, em dois meses.

Na prática, a campanha tem três semanas para tornar real o cenário ideal apresentado pela pesquisa, ou seja, 100% do eleitorado ciente de que Haddad é o candidato apoiado por Lula, no qual o candidato emplacaria 22% da intenção de votos, seguindo para o segundo turno na liderança, contra Bolsonaro e seus 18%. Em outras palavras, ainda falta metade do caminho e da luta para esse resultado efetivamente se concretizar no próximo 7 de outubro.

Fato é que no cenário real e atual, e não ideal, no qual 79% conhece Haddad, e 53% sabe que Lula indicou-o como seu substituto, um total de 11% votaria com certeza no candidato petista, percentual não muito dispare dos resultados apresentados pelas últimas pesquisas Datafolha, 9%, e Ibope, 8%.

Para entender melhor a relação do cenário ideal e o cenário atual, temos que colocar como pano de fundo um “potencial máximo” de transferência/influência de votos de Lula para Haddad, quando isso é colocado isoladamente em uma questão. Esses dados foram colhidos pelo Ibope, e resultaram em 38%, sendo que 23% votaria nele com certeza, e 15% talvez votaria. Ou seja, dentre 100% do eleitorado brasileiro, quase 40% poderia votar em Haddad, caso tenham a informação de que ele é apoiado pelo ex-presidente.

A partir desse cenário hipotético, existe um estreitamento que atravessa os desdobramentos dos dias e, principalmente, o confronto de Haddad (apresentado com apoio de Lula) em relação aos demais candidatos, ou seja, se a eleição fosse hoje, e 100% do eleitorado estivesse ciente do apoio de Lula, ao chegar na urna, em torno de 22% apertaria 13 na urna. O gráfico abaixo retrata as três dimensões mencionadas.

Percebe-se, portanto, que em uma hipótese de que 100% do eleitorado esteja ciente de que Haddad é apoiado por Lula, o candidato petista, até agora, emplacou apenas o potencial-piso apontado pelo Ibope, ou seja, aquele que votaria nele com certeza. O que deve acionar o alerta da coligação, caso tenham expectativa de vencer no primeiro turno, ou até mesmo vencer um adversário mais competitivo no segundo.

A pesquisa Vox Populi expõe mais um dado que demonstra que a eleição de Haddad está inevitavelmente vinculada a torna-lo conhecido, pois a porcentagem de intenção de votos nele, entre as pessoas que afirmaram conhece-lo é 18%, mesmo antes de serem informados do apoio de Lula. Veja:

Uma última consideração é necessária, e trata-se do fato de que a pesquisa demonstrou que a maioria da população está ciente da condição dos direitos políticos de Lula, pois, em julho, 40% afirmava que Lula não seria candidato; em meados de setembro, na véspera e, no exato dia, da desistência de sua candidatura, houve um salto para quase o dobro: 73% afirmou que ele não será candidato.

Esse fenômeno teve como efeito direto a queda de 12% na intenção de votos espontânea de Lula, que foi de 37% para 25%.

Ao olhar o gráfico, é possível observar que a mesma percentagem da queda de Lula, 12%, corresponde a soma do aumento de desiludidos e indecisos, 6% para cada. O que pode significar que, quando não são estimulados com nomes de candidatos, o espólio de Lula se divide entre indecisão e desilusão.

Por fim, costurando os dados aqui levantados, percebe-se que é necessário que a campanha de Haddad e Manuela consiga nivelar os 73% que sabem da condição de Lula, os 79% que ao menos já ouviu falar do Haddad, com os 53% que estão cientes de que ele é apoiado pelo presidente. Pois, diante das pesquisas realizadas, especialmente a Vox Populi, se, até 7 de outubro, 75% da população souber que “Haddad é Lula e Lula é Haddad”, é possível traçar uma projeção de uma votação em torno de 17% no petista, o que seria suficiente para garanti-lo no segundo turno, caso o restante do cenário mantenha-se sem grandes alterações.

 

 

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