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Brasília

A vez dos “pragmáticos” na UnB

cone da esquerda inspirao de revolta e inconformidade para a nova diretoria do DCE, que garante no ser de direita nem conservadora

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Maryna Lacerda_Brasília 247 — Honestino Monteiro Guimarães, líder do movimento estudantil e militante de uma organização revolucionária marxista na época da ditadura, é considerado uma inspiração para o grupo que venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília. Seria natural, até porque Honestino dá seu nome ao DCE, não fosse um detalhe: a chapa eleita, que derrotou outras oito, todas de esquerda, é considerada de direita.

Para o novo presidente do DCE, Davi Brito, o ex-aluno de Geologia, assassinado na prisão em 1975, é um exemplo da inconformidade com o regime. “Ele se revoltou e agiu, nós também questionamos a atual situação da universidade e queremos agir”, diz Davi, que cursa o quinto semestre de Direito.

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Honestino, seguramente, não teria apoiado a chapa “Aliança pela Liberdade”, que não se considera de direita, conservadora ou liberal, como tem sido tachada. Segundo seus membros, ela é pragmática, ou seja, preocupada com questões do cotidiano da universidade, como a melhoria da estrutura física de salas e laboratórios. O grupo é composto por 27 estudantes dos cursos de Economia, Direito, Relações Internacionais, e Ciência Política, entre outros. Eleitos na quinta-feira (27) e empossados na segunda-feira (1), eles já esbarram na oposição das demais chapas, de orientação política de esquerda, que os considera de direita.

Durante a cerimônia de posse, os integrantes das demais chapas entoaram palavras de ordem como “não nos representa”. O vice-presidente Mateus Lobo, formando em Ciência Política, acredita que essa reação é causada pelo fato de os integrantes da chapa não pertencerem ao movimento estudantil tradicional, dirigido por grupos e partidos de esquerda.

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A chapa foi eleita com 1.280 votos, o que significa 22,3% de 5.782 votantes. A UnB tem 30.777 mil estudantes e, assim, 12% compareceram à votação. Ou seja, a chapa vencedora teve apoio de 4,15% dos estudantes da universidade. O quórum mínimo para validar a eleição é, de acordo com o regimento eleitoral, de 10%.

O estudante de Direito André Maia, fundador da Aliança pela Liberdade, que disse não participar da gestão no DCE por falta de disponibilidade de horários, considera que o percentual atingido não é baixo e tampouco significa falta de representatividade. Segundo ele, “as urnas deram que ganhamos mais votos, isso é incontestável”. Ele também diz que o problema não é quem votou, mas a imensa maioria de que ficou alheia à eleição. Segundo ele, isso é porque os demais alunos da instituição não se identificavam com as propostas das gestões anteriores.

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Muitas controvérsias

Essa é a primeira vez que a Aliança pela Liberdade participa do pleito. Formado em 2009, o grupo surgiu para tentar resolver problemas práticos da universidade, como falta de giz para professores e de papel higiênico nos banheiros da instituição. A luta pela melhoria da qualidade de ensino também integra a pauta. Desde sua criação, integrantes da Aliança pela Liberdade têm assento nos conselhos superiores da UnB, como o Conselho de Administração e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

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Algumas propostas defendidas pela Aliança pela Liberdade geram controvérsias, como a manutenção dos convênios da universidade com fundações privadas e a defesa de que o policiamento dos campi seja feito pela Polícia Militar. Essas são questões polêmicas na UnB. A parceria com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) gerou há pouco tempo grande crise política na instituição. À época, o ex-reitor Thimothy Mulholland renunciou ao cargo após constatadas irregularidades com convênios com a Finatec.

Para os membros da Aliança, a parceria com fundações privadas é a melhor forma de garantir o incentivo à pesquisa científica. André Maia diz que há órgãos especializados na fiscalização dos contratos assinados entre a instituição e as fundações e que a função da diretoria do DCE é acompanhar de perto a auditoria dos convênios.

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A presença da Polícia Militar no campus é questionada por setores da universidade que acreditam que isso relembra os tempos de ditadura, quando a UnB foi invadida cinco vezes, em 1964, duas vezes em 1965, em 1968 e em 1977. Professores e estudantes considerados “subversivos” foram presos pela PM.

Temas polêmicos como cotas raciais e eleições paritárias para reitor (com peso igual para professores, alunos e funcionários) ainda não são consenso entre os componentes da diretoria. Segundo a coordenadora-geral do DCE, Mariana Sinício, os temas ainda estão sendo debatidos para que o grupo se posicione.

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A Aliança pela Liberdade é a favor da realização de festas nos campi. Segundo Maia, desde que isso não signifique a depredação do patrimônio. Assim, os organizadores dos eventos devem ser responsáveis pela conservação e caso haja depredação. “As pessoas precisam se conscientizar que o espaço público é responsabilidade de todos”, diz.

A nova diretoria não tem vinculação partidária, mas não impede que seus membros se filiem a alguma legenda. Referências partidárias não fazem parte da preocupação deles. O presidente Davi Brito diz que não admira personagens na política, mas sim na arte, como Salvador Dalí. Mariana cursa o segundo semestre de Economia e também não segue os ideais de nenhum político. Somente Maia é que manifesta apreço por Martin Luther King e pelo ex-senador do PDT amazonense Jefferson Peres, falecido em maio de 2008.

A sala do DCE, não mudou. O vice-presidente da Aliança pela Liberdade afirma que a sala permanece como ambiente de discussão de diversos movimentos sociais, como a luta contra a homofobia e a assistência estudantil.

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