Caps: um quarto das unidades necessárias
Na semana de Saúde Mental do DF, entidades criticam a situação da área no DF; plano para área prevê 43 Centros de Atenção Psicossocial, no momento, 13 estão em funcionamento; no dia 18 de maio, a Luta Antimanicomial completa 25 anos
Brasília 247 – Nos dias em que a secretaria de Saúde promove a Semana da Saúde Mental e a Universidade de Brasília a Semana da Luta Antimanicomial, Ileo Costa, professor do Instituto de Psicologia da UnB, critica a situação da área no Distrito Federal. De acordo com o Ministério da Saúde, o ideal é que a cada 100 mil habitantes o local tenha um Centro de Atenção Psicossocial (Caps). A média no DF é de 0,25 a cada 100 mil.
"Entregamos o Plano de Saúde Mental 2010-1015, que prevê 43 Caps no DF, mas até agora só temos 13 unidades. Falta também a residência terapêutica, Brasília é a única unidade da federação a não apresentar uma", conta Costa.
O outro problema é a maneira como a rede e saúde trata a saúde mental. "Alguns hospitais gerais têm se recusando a dar apoio para internação de pacientes psiquiátricos. Isto sem falar que a articulação da rede, pela baixa cobertura de seviços, é absolutamente deficitária", explicou o professor.
A criação de novas unidades é um dos objetivos da secretaria de Saúde, afirma o diretor de Saúde Mental do GDF, Augusto Faria. De acordo com levantamentos, entre 20% e 25% da população tem ou terá algum transtorno mental ao longo da vida. Cerca de 3% desses, apresentam quadros psiquiátricos severos. Já 6% dos casos estão relacionados ao abuso de álcool e outras drogas. "Nosso plano diretor prevê a criação de novas unidades, principalmente centros de atenção psicossociais", destaca Faria.
Os Caps são centros para tratamento para transtorno mental, álcool e outras drogas e, em especial, para crianças e adolescentes.
Semana da Saúde Mental
A Secretaria de Estado de Saúde realiza a oitava Semana da Saúde Mental do DF. As atividades começaram no sábado, 12 de maio, e ocorrem até o dia 23. A programação inclui palestras, seminários e mesas-redondas para profissionais, além de eventos dedicados a pacientes do Hospital São Vicente de Paulo, em Taguatinga.
O tema deste ano da Semana da Saúde Mental é a Política Nacional Sobre Drogas. O objetivo da Diretoria de Saúde Mental da Secretaria de Saúde, em associação com movimentos socias locais, é aprofundar a discussão sobre prevenção, uso abusivo, abordagem e tratamento adequado aos usuários de drogas e seus familiares. A ocasião também serve de comemoração aos 25 anos de luta antimanicomial no DF.
Até o dia 23, serão desenvolvidas atividades nas diversas regiões administrativas do DF. O ponto alto da programação será o grande encontro dos participantes, previsto para o dia 18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial –, no auditório da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) a partir das 8h. Na pauta, a mesa redonda "Por uma Política Nacional sobre Drogas Não Manicomial" e o ato público que acontecerá no Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da Rodoviária (antigo Touring) a partir das14h.
Confira a programação completa no site da secretaria de Saúde.
Semana da Luta Antimanicomial
A UnB realiza até sexta-feira 18 a Semana da Luta Antimanicomial. O evento é realizado desde 2007, em comemoração ao Dia Nacional da Luta contra os Manicômios, comemorado em 18 de maio.
"Queremos fazer uma cobrança política no sentido participativo e construtivo", disse Ileno. Ao longo dos cinco dias do encontro serão debatidos, além da questão antimanicomial, a violência, a criminalidade, direitos humanos e o abuso sexual, entre outros. "Na primeira edição do evento, trouxemos para a Universidade alguns pacientes psiquiátricos. Algumas pessoas se assustaram, mas é preciso se acostumar para derrubar preconceitos", afirmou o professor.
O vice-reitor da UnB, João Batista de Sousa, participa do movimento e diz que a situação da saúde mental no DF precisa de mais atenção. "Ela não foi tratada como prioridade. A Semana traduz o esforço de um diálogo com os protagonistas do assunto de várias áreas e em todas as esferas", disse, durante a abertura do evento. A solução, de acordo com João Batista, está no investimento em pesquisa, capacitação e ensino.
A luta antimanicomial teve início nos anos 70 e trouxe benefícios para os pacientes como a reforma psiquiátrica, que resultou na Lei 10.216 de 2001, que protege e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Na quinta-feira (17), Augusto Cesar, diretor de Saúde Mental do GDF participará, às 10h, do debate "Como anda a saúde mental no DF?". A Semana se encerra na sexta-feira com o I Ciclo de Palestras sobre Abuso Sexual. Veja a programação completa da Semana.
Com informações da UnB Agência e Agência Brasília
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