HOME > Brasília

Com fim do Caje, DF tem novo modelo de ressocialização

Com o fim do Caje, os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave; a superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos e com incentivo à educação; cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes

Com o fim do Caje, os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave; a superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos e com incentivo à educação; cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes (Foto: Leonardo Lucena)

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Fábio Magalhães, da Agência Brasília - Com o fim do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave. A superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos, limpos e com incentivo à educação, o que reacendeu a esperança nos jovens que não tinham perspectiva de futuro.

"Quando estava no Caje, tinha apenas meia hora de banho de sol, por estar em fase de adaptação. O resto do tempo ficava dentro do quarto, dormindo no chão, já que só tinha uma cama. Aqui (na nova unidade), tenho 6h de banho de sol e muitas atividades legais. Saímos de um ambiente pesado para um local muito bom", constatou o adolescente André*, 16 anos.

Cumprindo medida socioeducativa pelo ato infracional análogo aos crimes de latrocínio e sequestro, praticado há dois meses na Asa Sul, o jovem, que está há cerca de um mês na Unidade de Internação de São Sebastião, lembrou a difícil realidade vivenciada no antigo Caje. Agora, diante das atividades e serviços oferecidos, André quer tomar um novo rumo na vida.

"As oficinas, além de ajudar no nosso relatório, vai ajudar no nosso futuro. Quero terminar os estudos. Planejo mudar de vida, ter um filho, dar valor à minha mãe e meu pai. Quero ser feliz, e esse espaço aqui está me ajudando a pensar nisso", destacou o interno.

Além da unidade de São Sebastião, aberta há um mês, a Unidade de Internação de Santa Maria, inaugurada na última quinta-feira (20), também está pronta para receber os adolescentes que ainda estão no Caje e que serão transferidos durante esta semana, o que possibilitará a demolição da antiga instituição.

"Com essas unidades, vamos dar um tratamento adequado que permita a ressocialização, que é o que toda a sociedade quer. A sociedade não quer uma escola de crime, que um jovem desses que cometeu uma infração volte pior do que ele entrou numa unidade dessa, e é isso que tem acontecido ao longo dos anos, e nós estamos enfrentando isso com determinação", frisou o governador Agnelo Queiroz.

Cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes. As novas instalações, construídas em 6,2 mil m², contribuirão, de forma significativa, conforme lembrou a secretária da Criança, Rejane Pitanga, para um modelo de excelência na recuperação dos jovens.

"Cumprimos o compromisso de fechamento do Caje e iniciamos um novo modelo de gestão do sistema socioeducativo do DF. As novas unidades permitem a implantação de um modelo de ressocialização, com educação em tempo integral, cursos profissionalizantes e atividades culturais e esportivas", lembrou Pitanga.

NA PRÁTICA - Com essa modificação estrutural, o GDF colocou à disposição dos adolescentes, em cada unidade, uma estrutura composta por 10 módulos, salas de oficinas profissionalizantes, escolas, área para visitantes, refeitório, campo de futebol, ginásio coberto, teatro de arena e espaço ecumênico. Haverá, ainda, lavanderia e horta.

Na unidade de São Sebastião, por exemplo, a estrutura de saúde é considerada pelo diretor da instituição, Renato Villela de Souza, "de primeiro mundo". Por lá existem três consultórios: de clínica médica, odontológico e de psiquiatria.

Equipados com macas, computadores e até mesmo com o desfibrilador –que não existia no Caje-, os profissionais de saúde terão mais condições para atender os adolescentes. Agora, o local conta também com uma sala de medicação, que é novidade no sistema socioeducativo. Há, inclusive, um armário refrigerado para vacinas, item que por muitos anos foi exigido para a antiga unidade, mas que não era uma realidade.

"Aqui é mil vezes melhor, e o próprio espaço dá dignidade para eles e para nós, servidores. Saímos de um buraco, onde precisávamos ser artistas e fazer malabarismos, para o primeiro mundo. Aqui não falta nada", declarou o técnico em enfermagem Cosme Sousa, 52 anos, que há 22 anos trabalha no sistema socioeducativo.

Já o diretor das unidades de internação, Renato Villela de Souza, avalia que a transferência dos internos para outras unidades fará com que a ressocialização ganhe eficácia.

"Essa mudança não é só estrutural, mas cultural. Não conseguimos mudar a cultura da noite para o dia, mas hoje podemos iniciar isso com as atividades escolares, esportivas e culturais. O sistema socioeducativo está em uma nova fase e finalmente entrou naquilo que realmente pede a lei", reforçou.

A partir da demolição do antigo Caje, o Sistema Socioeducativo do Distrito Federal passa a ser composto por sete unidades. Além das três novas, que ficam em São Sebastião, Santa Maria e Brazlândia –essa última será inaugurada ainda este ano-, existem outras quatro, em boas condições, em Planaltina, Recanto das Emas e uma de internação provisória em São Sebastião, além do Núcleo de Atendimento Integrado, no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN).

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: