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Brasília

Crise da saúde no Distrito Federal

Dois bebs prematuros morreram em cerca de 10 horas; 16 crianas permanecem na espera por um leito; DF conta com 76 vagas para recm-nascidos; de acordo com o sindicato dos mdicos, dficit de 1.394 doutores

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Andressa Anholete _Brasília 247 – Entre 12h e 23h de terça-feira 8, dois bebês morreram na espera de um leito em uma unidade de tratamento intensivo (UTI) neonatal. Na mesma semana, os médicos do Distrito Federal se recusam a ficar além do horário de trabalho por não terem recebido o pagamento das horas extras de março. Há seis dias, o Tribunal de Contas do Distrito Federal multou o secretário de Saúde por não cumprir as determinações para melhorar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. No mês de abril, denúncias falavam que 13 pacientes do leito 19 da UTI do Hospital de Santa Maria, teriam morrido por causa de uma inversão nos tubos de oxigênio e gás comprimido.

Para o presidente do sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindiMédico-DF), Marcos Gutemberg, falta planejamento estratégico para mudar a saúde no Distrito Federal (DF). “A situação é preocupante, mas tem saída. Toda a estrutura tem que ser reformada, montar um corpo gerencial preparado”, afirma o médico. Para ele, um dos maiores problemas seria que cargos técnicos são assumidos por indicação política.

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“Nós nos preparamos para atender as duas milhões de pessoas que estão no nosso Entorno, mas com pressão sobre o sistema”, explicou o governador Agnelo Queiroz, em entrevista ao programa da Record, Balanço Geral nesta quarta-feira 9. Cerca dos 30% dos pacientes atendidos pelo sistema de saúde pública da capital são do Entorno, o que sobrecarrega a rede.

Um levantamento do SindiMédico, com base no Diário Oficial do Distrito Federal de 25 de novembro de 2011, mostra que 4.797 vagas estavam ocupadas por médicos, enquanto outros 3.013 estavam disponíveis.

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A secretaria de Saúde informou que no ano passado foi realizado concurso para preencher 400 vagas, em 32 especialidades, e que quase todos os aprovados foram chamados. Ainda assim, o número não atende a demanda. Para o sindicato, seriam necessárias 240 mil horas a mais de atendimento por mês para acabar com a demanda de horas extras. No momento, a pasta está chamando médicos em contrato temporário. Um novo concurso está previsto ainda para 2012, mas depende da situação do GDF de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O salário inicial de um médico no sistema público de saúde é de cerca de R$ 3.800, chegando a R$ 24 mil depois de 25 anos de trabalho. Dr. Gutemberg considera o pagamento pouco atrativo, e coloca a falta de estrutura de trabalho como um dos fatores que justifica a pouca procura pelas vagas no serviço público. “No último concurso para neonatalogia, das 22 vagas oferecidas, apenas quatro foram preenchidas. Destas, dois profissionais já pediram demissão” conta o sindicalista.

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Morte dos prematuros

De acordo com o secretário adjunto de Saúde do Distrito Federal, Elias Miziara., os dois bebês que faleceram na última terça-feira 9 no Hospital Regional da Asa Norte, foram atendidos da melhor maneira possível, porém não foi disponibilizada a UTI a tempo hábil. “Em ambas situações não houve negligência por parte do hospital, nem falta de estrutura, muito menos algum tipo de contaminação. A fragilidade dos bebês contribuiu para que viessem a óbito. Os dois receberam toda atenção necessária, inclusive com respirador mecânico, até que fosse disponibilizado leitos de UTI na rede, o que não ocorreu a tempo”, afirmou Miziara.

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Um dos bebês veio de Planaltina de Goiás e estava com 27 semanas. O outro estava com apenas 24 semanas, cerca de seis meses, a mãe era do interior de Minas Gerais e não tinha feito pré-natal.

Atualmente, 16 bebês esperam por um dos 76 leitos de UTI neonatal do DF. Nos hospitais públicos essas UTIs estão distribuídas em Sobradinho, Asa Sul, Taguatinga, Ceilândia, Base e HUB, que apesar de não ser administrado pelo GDF, cedeu 6 leitos por meio de convênio. A pasta afirma que há previsão de 20 novos leitos, dez no Hospital Regional da Asa Sul e dez no Hospital Regional do Gama. Ambas unidades não foram inauguradas ainda por falta de pessoal.

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Durante uma vistoria no Hospital de Samambaia, feita na última segunda-feira 9, o sindicato dos Médicos do DF denunciou ter visto uma série de caixas com equipamentos, entre eles materiais destinado a UTI neonatal. Segundo o sindicato, esses equipamentos estariam abandonados há cerca de dois anos.

Contaminação

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No final do mês de abril, nove bebês foram contaminados pela bactéria serratia marcescens e klebsiella, que causa problemas respiratórios e urinários, no principal hospital infantil de Brasília, Hras. Na época, a UTI foi isolada. Destes bebês, cinco continuam internados devido as doenças que os levaram para o hospital, explicou a assessoria de imprensa da SES. Ainda de acordo com a pasta, a unidade está funcionando normalmente, porém como está superlotada não tem como abrigar novos pacientes.

A superlotação não é o único problema do Hras. O hospital possui 46 leitos de UTI neonatal, mas a capacidade humana é para o atendimento de 35 crianças, contou o SindiMédico.

Horas extras

Está prevista para sexta-feira 11 o pagamento das horas extras de março dos médicos que trabalham no sistema público de saúde.

O secretário adjunto de saúde, Elias Miziara, reconhece o aumento constatado no primeiro semestre de 2012 em comparação com o de 2011. Ele afirma que a mudança está ligada ao aumento na oferta de serviços, como aconteceu durante os mutirões de cirurgias, e implantação da classificação de risco nos hospitais. A secretaria de Saúde disse que está tentando conter gastos com hora extra.

SAMU

Atualmente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) conta com 98 enfermeiros e 345 técnicos de enfermagem concursados. Recentemente foi feito um concurso para motorista e a secretaria de Saúde autorizou a seleção de 106 médicos, mas o concurso depende da aprovação da secretaria de Planejamento.

Em relação a instalação de uma central telefônica para o atendimento, a pasta afirma que já foi licitada e está na fase de implementação. A avaliação do Tribunal de Contas constatou que faltavam equipamentos necessários para o atendimento nas ambulâncias. Nesta quarta-feira 9, a assessoria de imprensa da SES informou que todas as ambulâncias estão com kit completo de equipamentos recomendados pelo Ministério da Saúde e que a manutenção também tem sido feita periodicamente.

Em relação a multa de R$ 3 mil reais aplicada pelo órgão, o secretário de Saúde recorreu alegando que já tinha feito o que foi solicitado.

UPA

Em fevereiro, o Conselho Regional de Medicina do DF interditou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia. Para voltar ao funcionamento, foi feito um acordo estabelecendo um número mínimo de quatro médicos por turno.

O governador Agnelo Queiroz afirmou que nesta quarta-feira 9, o quadro estava completo. Na segunda-feira 7, de acordo com o SindiMédico, a situação era bem diferente. Apenas uma clínica geral atendia na unidade. No momento da vistoria, os sindicalistas viram que a médica cuidava de três pacientes ao mesmo tempo e apresentava pressão alta.

A secretaria de Saúde informou que continuam as investigações sobre as mortes no leito 19 da UTI de Santa Maria. Na época, o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, negou que as mortes tivessem sido causadas pela troca dos gases. Barbosa afirmou que três pessoas faleceram naquele leito, todas de fatores não relacionados a inversão.

 

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