Cunha quer comunicação da Câmara com PRB

Brasília 247 - A diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal divulgou nota na qual manifesta preocupação com notícias sobre mudanças que o novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende fazer na área de comunicação da Casa.

Segundo notícias divulgadas pela mídia e informações internas, Cunha teria a intenção de modificar o comando do setor, que atualmente está sob responsabilidade de servidores de carreira do órgão, para entregar a gestão ao PRB, com possibilidades de atribuir a direção a pessoas de fora, vinculadas à Igreja Universal.

O sindicato informou que entrará em contato com os membros da mesa diretora da Câmara dos Deputados e com as lideranças partidárias para solicitar que o regulamento estipulado pela Casa seja respeitado, visando manter a pluralidade e isenção dos veículos e a manutenção desses sob a direção dos servidores de carreira.

Leia a nota na íntegra:

Emissoras Legislativas da Câmara sob ameaça

Um enorme risco paira sobre a TV Câmara, Rádio Câmara e Portal de Notícias da Câmara dos Deputados. Em 16 anos de existência, esses veículos se tornaram referência da Comunicação Pública no País. Adquiriam o respeito do parlamento, da academia, de vários outros veículos que reproduzem suas matérias ou as utilizam como fonte primária, e de seus ouvintes, telespectadores e leitores. Graças a uma fórmula sem segredos, que combina pluralidade, isenção, qualidade técnica e disposição para o aprofundamento dos temas em debate no Congresso, a Secretaria de Comunicação da Câmara (SECOM) vem fazendo um bom trabalho.

Mas o novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está designando um deputado para controlar a SECOM, quebrando uma regra há anos consolidada na casa, de que todos os seus órgãos não políticos têm dirigentes oriundos do corpo técnico, servidores de carreira. E a intervenção se torna ainda mais preocupante com a criação de um cargo de supervisão entregue a um profissional externo, e, tudo indica, escolhido não por razões técnicas, mas por razões religiosas.

Essa iniciativa traz um sério risco de destruir o que foi construído durante anos. É um atentado contra a transparência necessária ao parlamento brasileiro, o que atinge não apenas a Câmara mas a própria democracia em nosso país. Vale lembrar que foi o presidente da legenda do atual presidente da Câmara, e hoje vice-presidente da República, Michel Temer, o criador dessa estrutura.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF se posiciona de forma enfática pela necessidade da preservação da pluralidade e isenção dos veículos da Câmara dos Deputados e pela manutenção desses sob a direção dos servidores de carreira. E conclama deputados e sociedade civil a atuar contra essa mudança, que pode ter consequências devastadoras para o interesse público.

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do DF

Brasília, 13 de fevereiro de 2015