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Brasília

Índios param obras no Noroeste

Armados com pedaços de pau, lanças e arco e flecha, defensores do Santuário dos Pajés impediram a retomada das obras. Treze pessoas foram detidas e levadas à delegacia

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Sabrina Fiuza_Brasília 247 - Índios da etnia Guajajara e Fulni-Ô e apoiadores do Santuário dos Pajés paralisaram as obras das construtoras Emplavi, Brasal e João Fortes no Setor Noroeste, na manhã desta quinta-feira (3). Eles bloquearam com galhos de árvores a estrada de terra que dá acesso ao canteiro de obras. Armados com pedaços de pau, lanças e arco e flecha, índios cercaram as máquinas e impediram o trabalho dos operários. Cerca de 20 indígenas e 50 apoiadores compareceram ao local, mas a situação foi controlada. Cerca de 80 policiais militares foram acionados. A PM tenta acordo com os índios e manifestantes. Mais cedo, 13 apoiadores foram detidos e levados para a 2ª Delegacia de Polícia Civil (Asa Norte), por atrapalharem a retomada das construções. Segundo o jornalista Diogo Ramalho, 27 anos, eles foram algemados desnecessariamente. “Não vou me calar diante dessa imoralidade”, disse. “E ninguém vai deixar de se manifestar porque foi preso”. Eles assinaram um termo circunstanciado e foram liberados. O movimento contrário às obras recebeu reforços. Índios da etnia Guajajara se juntaram aos Fulni-Ô. Apoiadores percorreram universidades para arrebanhar mais manifestantes. Eles dizem que estão montando uma frente de desobediência civil. Para Antônio Francisco, 27 anos, um dos participantes, a decisão da Justiça pela retomada das obras é uma afronta. Cerca de 15 índios da etnia Guajajara participaram da manifestação pela primeira vez. Segundo o advogado e membro da tribo, Arão da Providência, área próxima ao local onde moram pode ser invadida a qualquer momento. De acordo com o laudo feito por antropólogos contratados pela Funai, a mãe de dois filhos de Santxiê, pajé da tribo Tapuya, é da etnia Guajajara. O cacique José Machado diz que moram na área há dois anos. “Sou índio puro e precisam respeitar nossos direitos.” Cléber Buzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, disse que o trabalho das máquinas está destruindo as provas de que a área tem tradição indígena. “O fato da PM estar dando proteção é um ato de arbitrariedade injustificável”, diz. Apoiadores e índios realizaram uma marcha em volta das áreas das construtoras. No terreno da Emplavi, deram as mãos e formaram um círculo ao redor de uma retroescavadeira. Eles pedem a demarcação da terra indígena por especialistas. “Delimitação de terra é competência de antropólogos, não de desembargadores”, disse uma doutora em antropologia, que prefere não se identificar. Após a marcha, apoiadores do Santuário dos Pajés destruíram as cercas das construtoras. O ato gerou conflito com os seguranças particulares das empresas, acalmado pela PM. “Nós temos ordem judicial para estarmos aqui e nosso papel é garantir a decisão de desembargadora, que autorizou as obras”, disse o coronel Gouveia. A deputada federal Érika Kokay (PT) esteve no local. Para ela, deve haver suspensão da permissão de construir até que a área seja delimitada por grupo de trabalho da Funai. A deputada alega que a prisão dos manifestantes foi contra a liberdade de manifestação e ação da polícia foi “injustificável”. “Vamos pedir uma reunião com Ministério Público para avaliar atuação policial”, disse. Dilton Junqueira, diretor da Brasal, disse que sexta-feira (29) a juíza Clara da Mota dos Santos, da 11ª Vara da Justiça Federal do DF, emitiu decisão pedindo a presença da polícia para assegurar a construção. "A lei vale para todos."

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