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Brasília

Mais museus e mais problemas

A capital, que tem 66 salas, poder ganhar outras cinco. Mas os acervos j existentes sofrem com a falta de estrutura e recursos

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Natalia Emerich_Brasília 247 – Brasília é a sexta cidade brasileira com o maior número de museus. Estudo divulgado na quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) aponta 60 instituições dedicadas à memória. Segundo o governo do Distrito Federal (GDF), atualmente o número está em 66. E poderá ficar ainda maior com o projeto Esplanada dos Museus, que prevê a construção de cinco novos. A boa colocação no ranking e as expectativas de ampliação, porém, ofuscam a realidade dos museus de Brasília, como a falta de infraestrutura, verba e cuidado com os acervos da cidade.

A pesquisa mostra ainda que a capital está em quarto lugar na média de habitantes por museu, são 4.932 pessoas para cada unidade. A maioria dos locais abertos à visitação está concentrada no centro da cidade. O Memorial dos Povos Indígenas, localizado no Eixo Monumental, é um deles. Durante dois meses a última exposição, Séculos Indígenas no Brasil, atraiu mais de 10 mil visitantes. Mas os problemas de infraestrutura são proporcionais ao sucesso de público: a pintura está velha, falta segurança contra acidentes com o acervo e até água enferrujada sai das torneiras, devido ao sistema hidráulico defasado.

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Para a pedagoga e ex-secretária de Cultura do DF, Maria de Souza Duarte, porém, é necessário investir nas instituições existentes antes de pensar em novas edificações. “Temos um número bastante razoável de museus, mas quase ninguém conhece”, afirma. “É necessário criar planos de funcionamento que tenham dinâmica cultural, instiguem a participação de visitantes e sejam atrativos.”

O memorial indígena é só um dos exemplos. Guardador de um dos maiores acervos de arte contemporânea do Brasil, com mais de 3 mil peças, o Museu das Artes de Brasília (MAB) (foto) está fechado desde 2007. O motivo: o prédio de origem, localizado ao lado da Concha Acústica, não tem condições – climatização e segurança – ideais para comportar as obras. “Queremos reabrir, mas o local onde está instalado atualmente não é adequado”, justifica o subsecretário do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Cultura do DF, José Delvinei Santos.

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O subsecretário conta que o Ministério Público do DF determinou que o MAB fosse reaberto, mas não há recursos necessários para a revitalização. Atualmente o acervo do museu encontra-se guardado, em condições ideais, em um depósito no Museu Nacional da República, mas é fechado para visitação. “O MAB é uma referência, não pode ficar escondido ou abandonado”, afirma Santos.

De acordo com Delvinei, um levantamento feito por engenheiros e arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aponta que para recuperar o patrimônio histórico do DF são necessários cerca de R$ 200 milhões. Do valor, a metade é para revitalizar museus. A lista de lugares a serem reformados inclui, entre outros, o Memorial dos Povos Indígenas, o Museu da Cidade, o Museu Vivo da Memória Candanga, o Catetinho e o próprio Museu Nacional da República, inaugurado em dezembro de 2006. Entre as principais mudanças estão o investimento em segurança e a adaptação para acessibilidade adequada.

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Apesar da preocupação, a prioridade do GDF é a construção de cinco novos museus na Esplanada dos Ministérios: dos Esportes, de Artes das Américas, da Democracia, da Biodiversidade e da Diversidade Cultural. “Se o Ministério da Cultura (MinC) avaliou que é praxe as capitais do mundo inteiro terem uma esplanada de museus, não podemos fugir ao padrão”, argumenta Santos. “O foco era resolver os problemas locais, mas ganhamos um presente, que são os novos museus.”

O novo complexo museológico terá salas de exposição e de concertos, livraria, restaurante e estacionamento subterrâneo. O objetivo é resgatar e conservar aspectos que contribuíram para a formação da identidade brasileira. Sem local definido, algumas das sugestões para a edificação dos monumentos são a região entre o Centro de Convenções e o Palácio do Buriti – Setor de Divulgação Cultural – e a área situada depois do bandeirão – ao lado do Bosque dos Constituintes, na Praça dos Três Poderes.

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A Esplanada dos Museus é uma parceria entre os governos federal e local. Caberá ao GDF fornecer os terrenos, enquanto o MinC será responsável pela captação de recursos e pelo estabelecimento de parcerias para as construções. O orçamento ainda não está definido. De acordo com o projeto, dois museus estarão prontos até 2014 e os outros três serão finalizados até 2017. A pesquisa reflete o trabalho conjunto entre os governos local e federal: 68,4% dos museus do DF são públicos, dos quais 42,1% estão vinculados ao governo federal.

A expectativa do governo com o projeto Esplanada dos Museus é deixar um legado cultural para Brasília após a Copa do Mundo de 2014, para suprir a agenda de eventos que a capital tem até 2017.

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Censo para museus

O estudo realizado pelo Ibram pesquisou 1,5 mil instituições, que responderam ao questionário do Cadastro Nacional de Museus (CNM). Os dados analisados foram coletados até setembro de 2010. De acordo com o CNM, os museus mapeados no Brasil totalizam 3.025. A cidade com o maior número de unidades é São Paulo, com 132, e Campinas ficou em último lugar, com apenas 23.

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Os dados da pesquisa e do relatório feitos pelo Ibram/Minc estão na publicação Museu em Números, dividida em dois volumes.

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