Procurador do TCU coloca Lava Jato sob suspeita
Um pedido do procurador Julio Marcelo de Oliveira (centro) pode lançar uma nuvem de suspeição sobre a Operação Lava Jato; nesta sexta-feira, ele pediu que oito construtoras envolvidas na Operação Lava Jato sejam declaradas inidôneas, ficando, assim, impedidas de realizar futuros negócios com a União e com empresas estatais; se esse pedido avançar, sobrarão apenas duas empreiteiras aptas a realizar grandes obras no Brasil: a Odebrecht, de Marcelo Odebrecht (esq.), que pagou uma propina de US$ 23 milhões a Paulo Roberto Costa, e a Andrade Gutierrez, comandada por Otávio Azevedo (dir.) e tida como a mais ligada ao lobista Fernando Baiano; será que toda a denúncia de cartel servirá apenas para que duas empresas (ainda poupadas na Lava Jato) formem um duopólio?
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247 - A narrativa que vem sendo construída pela força tarefa que se ocupa da Operação Lava Jato é a seguinte: alguns empreiteiros formaram um cartel, fraudaram obras públicas e, no meio do caminho, financiaram campanhas políticas e pagaram propinas a agentes públicos. O "clube" teria um presidente, que seria Ricardo Pessoa, presidente da UTC.
Essa narrativa, no entanto, esbarra num pequeno detalhe: seria pouco provável que uma empresa de médio porte, como a UTC, fosse capaz de mandar nas gigantes do setor, como Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Camargo Corrêa, que abocanham os maiores contratos da Petrobras.
Das quatro gigantes, apenas a Camargo e a OAS tiveram executivos presos na Lava Jato. Odebrecht e Andrade Gutierrez, curiosamente, foram blindadas até agora.
No entanto, a delação premiada de Paulo Roberto Costa apontou um fato surpreendente. A Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, foi a empresa que pagou a maior de todas as propinas: nada menos que US$ 23 milhões para que não fosse incomodada em seus contratos na Petrobras. Costa não apenas apontou o crime, como se comprometeu a devolver os recursos.
A Andrade Gutierrez, por sua vez, tem sido apontada como a que tem maiores ligações com o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, que, nesta sexta-feira, prestou depoimento à Polícia Federal.
Um estranho pedido de um procurador
Em toda a Operação Lava Jato, oito empresas tiveram executivos presos. Das gigantes, Odebrecht e Andrade ficaram de fora – apesar das provas já recolhidas contra as duas. Paulo Roberto Costa devolveu US$ 23 milhões pagos em propina pela Odebrecht e Alberto Youssef citou Otávio Azevedo, da Andrade, como o elo com Fernando Baiano.
No entanto, nesta sexta, o procurador de Contas junto ao Tribunal de Contas da União, Julio Marcelo de Oliveira requereu que oito empresas sejam declaradas inidôneas e fiquem impedidas de fechar contratos com a União. São elas: Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Engevix, Iesa, Galvão, Camargo Corrêa, UTC e OAS.
Se a tese do procurador prosperar, a denúncia de "cartel" servirá para formar um duopólio no Brasil. Duopólio este composto por quem pagou a maior propina a Paulo Roberto Costa e pela empresa mais ligada a Fernando Baiano. O que lançaria sérias dúvidas sobre a lisura da Operação Lava Jato.
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