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Professoras da UnB reafirmam denúncias de assédio institucional e rebatem versão de docente

As professoras Daniela Freddo e Adriana Moreira Amado, do Departamento de Economia da UnB, rebateram as declarações feitas pelo professor José Luis Oreiro

Professoras da UnB reafirmam denúncias de assédio institucional e rebatem versão de docente (Foto: Reprodução UnB)

247 - Uma disputa interna no Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) ganhou repercussão pública após denúncias formais de assédio institucional e perseguição contra o professor José Luis Oreiro, feitas por suas colegas de departamento, as professoras Daniela Freddo e Adriana Moreira Amado. O caso já é investigado por autoridades e também está em análise pela própria universidade.

Em nota encaminhada ao Brasil 247, as professoras afirmam que vêm sendo vítimas, desde 2021, de “condutas reiteradas de assédio institucional, perseguição sistemática, ameaças e manifestações vexatórias”, praticadas pelo professor Oreiro em ambientes acadêmicos e nas redes sociais. As docentes afirmam que os ataques atingem não apenas suas esferas profissionais, mas também suas vidas pessoais e familiares.

As denúncias deram origem a um inquérito policial com base no artigo 147-A do Código Penal, que trata do crime de perseguição. Segundo a nota, o professor foi indiciado preliminarmente por enviar mensagens de cunho intimidador, fazer filmagens com caráter persecutório e publicar conteúdos vexatórios. O caso também está sendo analisado por instâncias internas da UnB, como a Comissão de Ética Pública e a Direção da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (FACE).

O professor José Luis Oreiro nega as acusações e afirma que está sendo alvo de perseguição com motivações políticas internas ao departamento. Em declarações públicas, ele classificou o episódio como fruto de “divergências acadêmicas” e “mal-entendidos”, que estariam sendo ampliados por disputas de poder e posicionamentos ideológicos distintos.

As professoras, por meio de seus representantes legais, negam que as acusações tenham motivação político-partidária. “Rejeitamos a tentativa de inverter a narrativa e deslegitimar as denúncias como se fossem disputas eleitorais. Trata-se de uma reação legítima a condutas incompatíveis com a ética acadêmica e o serviço público”, afirma a nota.

Em áudio divulgado pela TV 247, Oreiro reafirmou que as denúncias seriam uma forma de retaliação por sua atuação política e por sua postura crítica dentro da universidade.

Até o momento, a UnB não se pronunciou oficialmente sobre o mérito das acusações, mas confirmou que os procedimentos administrativos estão em curso. O processo não corre sob sigilo judicial e está sendo acompanhado por diferentes instâncias da universidade e por autoridades policiais.

Leia a íntegra da nota:

Nota de Esclarecimento à Comunidade Acadêmica e à Sociedade

Diante das declarações públicas do professor José Luis Oreiro, veiculadas por meio de áudio divulgado pela TV 247, em resposta à matéria jornalística publicada pelo portal Metrópoles no dia 28 de julho de 2025, as professoras Daniela Freddo e Adriana Moreira Amado, ambas docentes do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, por meio de seus representantes legais, vêm a público prestar os seguintes esclarecimentos:

As condutas relatadas pelo professor Oreiro, que foram devidamente denunciadas para as autoridades pelas vítimas, não se tratam de “divergências acadêmicas” ou “mal-entendidos”. Desde 2021, as professoras têm sido vítimas de condutas reiteradas de assédio institucional, perseguição sistemática, ameaças e manifestações vexatórias, tanto em ambientes institucionais quanto em redes sociais. Essas ações as atingem em esfera profissional, pessoal e familiar.

Em razão da gravidade e da continuidade dessas práticas, foi instaurado inquérito policial, com base no artigo 147-A do Código Penal (crime de perseguição). O inquérito indicia ab initio o professor, por perseguir, desde 2021, suas colegas de trabalho — por meio de mensagens de cunho intimidador e ameaçador, filmagens persecutórias e publicações vexatórias nas redes sociais.

Rejeita-se a tentativa do professor de reverter a narrativa para deslegitimar as denúncias sob a insinuação de que teriam sido motivadas por “represália política” ou disputas eleitorais. Trata-se, ao contrário, de uma reação legítima e necessária diante de condutas incompatíveis com os princípios éticos, funcionais e legais que regem o serviço público e a convivência acadêmica.

As denúncias apresentadas pelas professoras à Universidade de Brasília, e formalizadas em órgãos competentes, são anteriores à veiculação do caso na imprensa e foram instruídas com farta documentação: e-mails, áudios, vídeos, postagens e protocolos administrativos, atualmente em análise pela Comissão de Ética Pública da UnB, pela Direção da FACE e por outros órgãos competentes da instituição. O processo tramita sem sigilo judicial e tem inegável interesse público dada a gravidade dos fatos.

As professoras reafirmam, como servidoras públicas e docentes da UnB, seu compromisso com a verdade, com o ambiente universitário democrático e com a defesa dos direitos das mulheres. Confiando nas instituições públicas, solicitam à Universidade de Brasília a adoção urgente das providências cabíveis, no âmbito administrativo, disciplinar e ético, para que a justiça prevaleça e o respeito às normas institucionais e legais seja garantido.

Brasília (DF), 29 de julho de 2025.

Eduardo Xavier Lemos Daniele Silva Gonzalez