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Brasília

Retenção especulativa na versão universitária: o caso da Superquadra 207 norte

Por que ainda não construíram essa Superquadra? Que buraco urbanístico é esse?

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A Superquadra 207 Norte é o mais notável vazio urbano do Plano Piloto de Brasília. Todas as projeções dos (futuros) blocos dessa Superquadra pertencem à Universidade de Brasília. Todas as projeções desses blocos são os mais visíveis fantasmas da cidade de Lucio Costa. A pergunta que todos fazemos - sobretudo os visitantes da cidade - quando se deparam com o “buraco” da 207 na Asa Norte - é “por que ainda não construíram essa Superquadra?” “Que buraco urbanístico é esse?”

As respostas são variadas, algumas desoladoras, algumas risíveis, e a quase totalidade é pura lenda urbana - e eu me recuso a dizer que a interpretação aqui proposta fuja dessa categoria das legendas urbanas, pois NINGUÉM sabe ao certo, NINGUÉM tem uma explicação fulminante, oficial e definitiva sobre o mistério da 207 Norte.

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Procrastinação, irresponsabilismo, vazio materializado, desdita, maldição? Ou... visão de futuro, paciência-a-toda-prova, consistente capacidade de sustar a evolução da cidade num ponto absolutamente pacífico? Quem seria prejudicado se a UnB decidisse, finalmente, promover a construção da Superquadra 207 Norte? Quem seria... beneficiado?

Quais as explicações dadas acerca desse buraco urbanístico?

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Dizem:

(a) que se trata de uma forma de guardar, indefinidamente, indeterminadamente, um pedaço crucial do patrimônio da Universidade de Brasília, para um GRANDE investimento, algo realmente decisivo, que nos leve, digamos a... um Prêmio Nobel em alguma área das ciências, como sonhou Darcy (a hipótese da quimera);

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(b) que é uma forma de impedir especulações acerca de quem vai construir, incorporar, lucrar com essa mega-operação imobiliária que será o lançamento de uma Superquadra inteirinha, novinha, em meio a um valorizado Plano Piloto (perdoem o absurdo, mas deve ser mesmo apresentado: como bloquear a especulação... ESPECULANDO? Talvez queiram matar de raiva e ansiedade esse arqui-inimigo universitário, que encarna a especulação imobiliária mais desmedida e desenvolta do Plano Piloto, o injustiçado sr. Paulo Octavio) (a hipótese persecutória);

(c) que é uma forma de contornar as demandas dos próprios professores por espaço habitacional, por abrigo dos docentes contra os elevados aluguéis de Brasília (as administrações temem que a Superquadra vire uma espécie de “Vila Docente”, uma “Segunda Colina” [a peculiar Superquadra construída de forma arbitrária no próprio campus da UnB, outro mau exemplo, que atenta contra o plano urbanístico da cidade há quase três décadas], com seu valor imobiliário imediatamente depreciado, etc.) (a hipótese anti-ocupação dos vândalos docentes e discentes);

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(d) que é uma forma velada de especular, disfarçada de procrastinação: a Universidade estaria a esperar pelo alcance de preços mirabolantes, para, afinal, vender essas preciosas projeções (a hipótese do Estatuto da Cidade, que denuncia e combate essa prática especulativa), entre muitas outras, variedades dessas. Proponha a sua.

Há muitas “especulações” acerca da natureza desse vazio, além das imobiliárias propriamente ditas, e já cabe, aos 50 anos de buraco urbanístico, um estudo sobre as “interpretações” que leigos e doutores dão a essa notável inação da UnB: o que realmente está por detrás disso? Por quê a UnB permite isso – e especula, em prejuízo da cidade?

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A explicação que pode ser arriscada, além de todas as apresentadas é a de que “a 207 Norte anda não veio à Luz por uma sucessão de bloqueios nos truncados e desavisados processos decisórios da própria Universidade de Brasília”.

A grande indecisão da 207 Norte é a gigantesca prova dessa magistral procrastinação. Está lá, a prova: evidente, clamorosa. O “buraco urbanístico” na Asa Norte ficará como um monumento “invisível” às más qualidades desses administradores por tempo indeterminado, parado na História da cidade. Parado?

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O buraco na 207 Norte, na verdade, cresce - não pára de crescer, em pelo menos outro sentido! É um buraco nas finanças da Universidade, insustentável. Todos que estamos a pagar, neste exato momento, o IPTU por nossos imóveis sabemos que a UnB é obrigada a pagar por essas projeções, todo ano, uma pequena fortuna. Quanto é essa pequena fortuna de IPTU que deve ser paga pela UnB, todo ano?

Digamos que se trata de apenas 11 projeções de blocos habitacionais, cada um deles com 48 apartamentos “vazados” (uma previsão modesta, dado que projeções assemelhadas já abrigam o dobro de apartamentos, e ultrapassam os 96, chegando a 144 apartamentos por bloco habitacional, no Plano Piloto).

Se estimarmos que o “IPTU global”, por um desses blocos habitacionais pode atingir cerca de R$ 120.000,00 (com um erro de mais ou menos R$ 20.000,00, temos que essa despesa anual supera UM MILHÃO de reais, facilmente. Com esse dinheiro poderíamos, por exemplo...

- ...pagar a publicação de 1.000 exemplares de mais de 100 livros diferentes, universitários, desses que fazem imensa falta em nossas salas de aula, TODO ANO, feitos por nossos talentosos, capazes professores e professoras; (distribuiríamos graciosamente esses livros, e não seria “sumiço” de dinheiro público, ao contrário: seria seu melhor uso);

- ...reformar e recolocar cerca de 4.000 quadros negros, que fazem tanta falta em minha escola de arquitetura, com seus quadros de plástico movidos a canetas caras e insustentáveis (TODO ANO);

- ...construir pelo menos 1.200 metros quadrados de novos espaços acadêmicos de qualidade (por exemplo, 12 salas de aula de 100 metros quadrados, ou os módulos de tantos MUSEUS de artes, de ciências, de humanidades, com que tanto sonhamos, que nos fazem tanta falta), etc. TODO ANO!

Esse buraco é mesmo enorme, custa caro, e exige uma definição da Universidade de Brasília. Ao longo de seus 52 anos de vazio urbano (e 50 de vazio institucional), somente seu IPTU poderia ter custeado a construção de TRÊS de seus blocos. Inteirinhos, com garagem, interfones e televisão a cabo, uma beleza.

Sobretudo, é um mau exemplo de especulação imobiliária, de RETENÇÃO ESPECULATIVA, diante de toda a cidade. Quando será que a UnB vai criar a “Superquadra Darcy Ribeiro” (em homenagem ao Fundador, o mesmo que conseguiu essa imensa gleba para o Patrimônio da UnB), projetada por concurso público ou por... seus próprios professores de Arquitetura?!

Depois de tanto tempo como terreno baldio, espera-se a a ÚLTIMA SUPERQUADRA a ser ocupada no Plano Piloto, seja objeto de um projeto magistral, digno do encerramento dos trabalhos de sua ocupação.

Será que a UnB não a guardou, ciosamente, por 50 anos, para dar esse presente a Brasília?

Ousamos sonhar e sonhar...

Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília

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