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Brasília

Ricupero diz que ‘o mundo poderá mergulhar em uma zona sombria’

A relação entre China e Estados Unidos vai definir o futuro do século 21 e se essa convivência priorizar a pressão e a competição, desprezando o apoio e a compreensão, o mundo poderá mergulhar em uma zona sombria nas próximas décadas, avalia o embaixador Rubens Ricupero em debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado(CRE); para ele, são de "extrema gravidade" as decisões adotadas pela China de a abolir limite à recondução do presidente Xi Jinping, além da apresentação de armas militares "invencíveis" pelos russos e a aplicação de taxas de 25% e 10% sobre a importação de aço e alumínio pelos Estados Unidos

Rubens Ricupero (Foto: Voney Malta)
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Por Gazetaweb - A relação entre China e Estados Unidos vai definir o futuro do século 21. Se essa convivência priorizar a pressão e a competição, desprezando o apoio e a compreensão, o mundo poderá de fato mergulhar em uma zona sombria nas próximas décadas. Foi o que disse nesta segunda-feira (5) o embaixador Rubens Ricupero em debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que teve como tema "O sistema internacional sob o impacto Trump". O colegiado é presidido pelo senador Fernando Collor de Mello (PTC/AL).

Em sua exposição, Ricupero citou três decisões recentes de "extrema gravidade", adotadas por países que são hoje o centro do poder mundial e que apontam para a "deterioração" do clima internacional: a abolição, pela China, de qualquer limite à recondução do presidente Xi Jinping; a apresentação de armas militares "invencíveis" em discurso feito pelo presidente russo Wladimir Putin; e a aplicação de taxas de 25% e 10% sobre a importação de aço e alumínio pelos Estados Unidos, que tem no Brasil o maior fornecedor desses produtos.

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- São decisões independentes e sem nenhum parentesco. Mas, em comum, todas assinalam uma acentuação da deriva do sistema internacional, afastando-se cada vez mais do sistema baseado em regras de respeito a compromissos assumidos em organismos internacionais para a busca de soluções consensuais, em direção a um sistema em que pesa cada vez mais a afirmação unilateral do poder, afirmou o ex-embaixador do Brasil em Washington.

Na avaliação de Ricupero, a decisão do governo chinês assinala o instante de afirmação e projeção do poder daquele país, que coincide com o anúncio da construção de ilhas artificiais no mar da China e a instalação de bases militares e navais no exterior.

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- Essa evolução ocorre justamente no país que, tudo indica, se tornará muito em breve a maior economia do mundo e, ao mesmo tempo, com aumento do poder militar, pois multiplica os gastos em armamentos, atingindo paridade estratégica com os Estados Unidos. Esperávamos que, à medida que a China se modernizasse e se tornasse próspera, seguiria o caminho do Japão, da Coréia do Sul, se tornando mais liberal, se aproximando de valores e ideais democráticos. Ora, a decisão recente é um balde de água gelada nessa expectativa. Vê-se claramente que não é o que vai acontecer no futuro previsível. Nem sempre a prosperidade e a modernização trazem a democratização - disse.

Na ótica comum, disse Ricupero, a decisão de Putin poderia ser atribuída a uma "bravata", mas, na verdade, insere-se em uma sucessão de episódios políticos, como a expansão das tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) até as fronteiras da Rússia.

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- Não se deve cutucar urso com vara curta. O discurso atual da Rússia volta a ter o tom de nova Guerra Fria. É uma indicação negativa. Antigamente havia certo equilíbrio com preponderância na busca de normas em busca de equilíbrio, que hoje começa a se romper em favor de um sistema menos preocupado com o internacionalismo e com a busca multilateral de normas que governem a todos. Cada vez mais para a afirmação do poder nu e cru daqueles que possuem o poder, afirmou.

Ricupero enfatizou que essas ações multilaterais são preocupantes, pois ocorrem em momento de recuperação da economia mundial, visto que praticamente todas as nações do mundo saíram da crise de 2008, embora com desemprego elevado e salários defasados.

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- Para países como Brasil, Argentina, México, África do Sul e Índia, que não são superpotências e têm engajamento multilateral muito grande, o primeiro dever é lutar para contrabalançar essa tendência de deriva e lutar pela defesa de instituições internacionais, como a OMC [Organização Mundial do Comércio], e a defesa do meio ambiente. Estamos assistindo a um desfile dos poderosos - afirmou Ricupero, autor do livro A Diplomacia na Construção do Brasil, lançado recentemente.

 

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