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Brasília

Setor Noroeste: a bolha se desfaz

Não se trata de nada traumático, trata-se de uma fundamental lição acerca da direção que a ocupação urbana toma

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O famoso caso de falácia ecológica do Setor Noroeste entra em uma nova fase, a do "estouro da bolha imobiliária". As vendas não declinam, mas os preços, sim, e os projetos mudam: cada vez menores, os apartamentos são apertamentos, cubiculares, kitineticismos, quartinhos que viram tudo. O Noroeste vai acabar no Irajá (como disse o grande Fernando Mello, dramaturgo brasileiro, em 1973, com referência a uma certa Greta Garbo).

Não se trata de nada traumático, como o estouro de outras bolhas imobiliárias: trata-se de uma fundamental lição acerca da direção que a ocupação urbana toma, misturando bizarras estratégias de agentes públicos (como a TERRACAP) e de agentes privados (construtoras e incorporadoras).

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De modo sucinto, partimos do seguinte fato: o "preço de lançamento" de seus apartamentos, por metro quadrado, chegou a ser CINCO VEZES maior que o preço médio dos apartamentos da Asa Norte. Hoje, esse preço caiu à METADE - e deve continuar a cair até ser "equalizado" com a Asa Norte, um bairro consolidado.
Estimada Andressa,

Como os futuros imóveis (pequeníssimos, em sua maioria, e menores, e menores, e menores...), em uma "terra de ninguém" podem ser MAIS CAROS que os imóveis em um bairro consolidado, vivo, central? Essa pergunta não deve calar. Essas razões por detrás dos outdoors, das caras propagandas nos grandes jornais "chapa-branca" devem ser expostas.

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São razões que a loucura imobiliária de Brasília desconhece; razões que devem ser examinadas pela cidadania.

TRÊS GRANDES DIMENSÕES DA FALÁCIA ECOLÓGICA

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A falácia ecológica, do Setor Noroeste como o primeiro "bairro ecológico" do Distrito Federal - quiçá do Brasil e exemplo para o mundo, nos devaneios mais mitológicos, apresentados em suntuosos painéis prestigiados pela indústria da construção civil - caiu cedo, com a demonstração de que não havia a menor consistência em seus Estudos de Impacto Ambiental, que de forma alguma consideraram o gigantesco manancial de água potável, mineral, sob a extensa área de ocupação, o "Aqüífero do Bananal".

Os prejuízos que o Setor Noroeste em pleno uso ocasionará ao sistema hidrológico da Bacia do Paranoá são previsíveis, proporcionais à extensão dessa ocupação urbana. Há muitas outras opções de expansão imobiliária bem qualificada, ecologicamente correta - mas o GDF quebrou, ao longo das últimas décadas, seu compromisso com o planejamento urbano racional, moderno, bem informado.

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Brasília nasceu com uma surpreendente integração da cidade com a natureza. Deveríamos ter Lucio Costa como PONTO DE PARTIDA, dos mais concretos. Contudo, Lucio Costa se tornou uma referência para "cópias" desinformadas, de má qualidade, para um urbanismo publicitário e mentiroso, que envergonha as razões pelas quais Brasília se tornou, um dia, "Patrimônio Cultural da Humanidade". Lucio Costa é um pálido, sinistro borrão de utopia picareteada.

A MAIS ELEMENTAR DAS LISTAS DAS FALÁCIAS AMBIENTAIS (DEDICADA AOS AMBIENTALISTAS DA TERRACAP)

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A lista de falácias é enorme. Nela, devemos sobressair pelo menos três pontos:
(1) Não há nem um traço de Plano de Manejo ambiental relacionado com a preservação do cerrado. Essa ausência é notável, pois não se trata de um plano de manejo a ser exercido com independência ("independente da comunidade"), ao contrário: trata-se de solução altamente adaptável de manejo, fortemente dependente da adesão da comunidade, de sua participação e gestão. O manejo da ecologia do solo, do ar, de fauna e flora no ambiente urbano não é brinquedo, e esse pessoal da TERRACAP não parece ter a menor ideia das conseqüências ambientais dessa falácia, desse "manejo em abstrato". Não há a menor tratativa quanto ao fundamento do manejo ecológico urbano, nos planos de compra e venda de apartamentos do Setor Noroeste. Não há o menor exercício de EDUCAÇÃO AMBIENTAL da comunidade de moradores: trata-se de um multi-lançamento imobiliário como outros quaisquer. A oportunidade perdida por esses analfabetos ambientais (mas bem alfabetizados imobiliariamente) é imensa;

(2) O sistema construtivo é tradicional, banal. Não há materiais alternativos seriamente agregados aos blocos de edificações. São os velhos e ambientalmente custosos sistemas estruturais em concreto e aço. As etiquetagens parecem não ir muito longe do cômputo de tomadas e hipóteses fantasiosas acerca de eletrodomésticos que ninguém vai comprar - pois não há a menor premência de compra, a menor orientação ao consumidor dos imóveis nesse sentido. O lixo que corre por tubos assépticos é a maior das PIADAS, desse bairro mentiroso. Vocês acham que isso vai ser mesmo implantado? Seriedade, por favor, por respeito. Mais uma vez, a oportunidade perdida é gigantesca. As construtoras brasileiras resistem bravamente a incorporar mudanças tecnológicas "verdes" e não-industrializadas. "Verde" e industrializado ainda é uma CONTRADIÇÃO EM TERMOS. Evidentemente, soluções construtivas "verdes" são viáveis industrialmente, mas isso nada tem a ver com o estado atual da construção civil brasiliense. Nem com seu Governo do Distrito Federal, que não apresenta uma só exigência séria quanto às especificações de "edificações ecológicas". O GDF é o grande penhor dessas mentiras, infelizmente.

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(3) A comunidade não tem o menor envolvimento num projeto de sustentabilidade VERDADEIRA do Setor Noroeste. A verdade é que uma boa parte da anatomia da "bolha" imobiliária do Setor Noroeste mostra o quanto a mentira ecológica é IMPORTANTE, o quanto é BOA para as vendas, o quanto pode ser RENTÁVEL. A comunidade de compradores realmente QUER morar em habitações ecologicamente projetadas, mantidas, sustentadas; queremos bairros "ecológicos", cidades "ecológicas", com a natureza presente, com edificações com conforto ambiental natural, que não consumam (e que produzam a própria) energia para ter que refrigerar-se, para alimentar seus eletrodomésticos, suas instalações e equipamentos. Queremos morar bem, barato, com beleza, com saúde. Mas não é nada disso que está a ocorrer: o bairro não conta com um projeto comunitário e autônomo de sustentabilidade e de gestão ambiental. Esse bairro não se garante comunitariamente. A comunidade, se puder, vai lutar para "minimizar as falácias", e vai pagar por isso - mais caro do que as construtoras e a TERRACAP desejam que paguem. A mentira do bairro ecológico é a grande lição do Setor Noroeste. Se colar (como já acontece) os mentirosos se sentirão ainda mais livres para mentir, impunemente.

Por quê não dizer a verdade, e fazer expansões urbanas realmente comunitárias, bem informadas, bem planejadas - e ecologicamente inteligentes? Por que insistir em fórmulas mentirosas e falidas, de um urbanismo que aceita "qualquer negócio"? A verdade só dói aos mentirosos. Queremos a verdade.

A MENTIRA ECOLÓGICA DO SETOR NOROESTE CRIA UM PADRÃO DE FANTASIOSAS MENTIRAS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL E PARA A TERRACAP

Apesar dessas clamorosas falácias, o Setor Noroeste está a ser implantado - e não apenas, isso, EXPANDIDO, sem que nenhuma das mentiras ditas em sua "projeto urbanístico" tenham sido eliminadas, corrigidas, reconhecidas pelo próprio Governo do Distrito Federal. Ou seja: além de ser a maior "cascata" urbanística de Brasília, o Setor Noroeste significa a mais deslavada "autorização para mentir" à sociedade e aos consumidores. Mentira em cima de mentira, e nada acontece: a impunidade da mentira ecológica é total. A irresponsabilidade do Governo do Distrito Federal, como o grande penhor das irregularidades territoriais é assombrosa. Por quê Brasília é assim? Por quê Brasília parece ser tão "ingênua", tão atrasadinha, tão "tolinha", nestes dias de Roriz e Agnelo, Magela e Arruda, Felipeli e Paulo Octavio? Pobre Brasília.

UM GRANDE EXPERIMENTO PUBLICITÁRIO, SOMENTE POSSÍVEL EM BRASÍLIA

O Governo do Distrito Federal realizou, no Setor Noroeste, um experimento bizarro, em que pretendeu vender o loteamento público como uma "extensão do urbanismo de Lucio Costa" e como bairro ecológico. Não é uma coisa, nem outra.

A mentira ecológica do Setor Noroeste fundamentou, por outro lado, uma das mais bem sucedidas campanhas de criação de uma "bolha imobiliária" bem contida, bem definida, com preços astronômicos "inventados e mantidos" por vários anos - desde meados da década de 2000, até o final do governo Arruda. Neste período governado por Agnelo Queiróz (desde 2010), a bolha começa a se desfazer - mas não por mérito do Governo Agnelo, ao contrário: esse governo "de oposição" tem sido o mais fiel CONTINUADOR E CONSUMADOR das políticas de apoio à desbragada especulação imobiliária no Distrito Federal. A destruição de nossa urbanidade se aprofunda.

É um governo que atua consistentemente na direção de uma expansão urbana de alto impacto, sem respeito ao Patrimônio Urbanístico (como na terrível ameaça de Expansão do Setor Hoteleiro Norte) ao Patrimônio Ambiental (como na ocupação da Orla do Lago Paranoá ou na expansão do próprio Setor Noroeste), ao bom senso (hospitais públicos sem expansão, sem requalificação, no governo desse médico que só busca a própria cura), entre tantas mazelas que tornam o governo Agnelo um dos piores da Era de Autonomia Política.

Agnelo é verdadeiro?

Não, Agnelo Queiróz NÃO desfaz mentiras como as ditas aos consumidores e cidadãos, no esforço de vendas das unidades imobiliárias do Setor Noroeste, ao contrário. É seu esforço de apoio que está destruindo algo precioso aos seus próprios aliados: a elevação totalmente artificial dos preços do (antes) caríssimo Setor Ecológico Noroeste.
A reflexão continua, se valiosa.

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