Vandalizada por bolsonaristas, tapeçaria de Burle Marx volta ao Congresso após restauração

247 - Após um árduo trabalho de restauração que se estendeu por três meses, a tapeçaria de Burle Marx, estimada em R$ 4 milhões pelo Instituto que leva o nome do artista, retornou ao Salão Negro do Congresso Nacional nesta semana. A obra de arte havia sido vandalizada durante a invasão do Senado por terroristas bolsonaristas em 8 de janeiro, que arrancaram a peça da parede, sujaram-na com urina e pó de extintor de incêndio.

A tapeçaria de Burle Marx, uma das 21 peças danificadas durante a invasão, é um símbolo da rica história do país e da democracia que ele abriga. Ilana Trombka, diretora-geral do Senado, expressou a importância do retorno da obra ao seu lugar de origem, destacando a resiliência da democracia:

"A obra retorna ao lugar de onde nunca deveria ter saído. A verdade é que, apesar das agressões sofridas por este Parlamento, com a resiliência e o trabalho de todos e todas as colegas, a democracia foi mais forte. Essa tapeçaria nos conta um pouco da história daqueles que construíram Brasília para ser guardiã dos Poderes, da democracia, do diálogo. Não conseguiram nos tirar esse papel, ainda bem."

A tapeçaria tem quase cinco metros de largura e foi enviada para um ateliê em São Paulo para a restauração. Uma equipe do Senado acompanhou diariamente o processo, demonstrando dedicação ao patrimônio cultural do país. Cristina Monteiro, coordenadora do Museu do Senado, expressou sua emoção ao receber a obra de volta à Casa e compartilhou informações sobre os próximos itens a serem restaurados:

"É uma enorme satisfação receber a obra de volta. Do que ainda falta ser restaurado, temos o painel vermelho de Athos Bulcão, que é uma obra integrada, necessitando de uma logística que ainda não temos para este ano. Outra peça é o quadro da assinatura da primeira constituição republicana, de Gustavo Hastoy, que pelas suas dimensões, com moldura em jacarandá maciço folheado a ouro e por estar chumbada à parede, representa maior complexidade. Vamos precisar fazer um projeto para restaurar essa peça."

O processo de restauração da tapeçaria envolveu a contratação de uma empresa especializada, uma vez que a equipe de restauradores do Serviço de Conservação e Preservação do Museu do Senado não dispunha do espaço físico e da estrutura adequada para tratar uma obra de arte de grande porte.

Em São Paulo, Raul Carvalho coordenou uma equipe de oito restauradores, incluindo um especialista em restauro de têxteis. O processo de restauração foi complexo devido à solubilidade de algumas lãs, que poderiam manchar a tapeçaria se lavadas. Antes do restauro, a obra passou por um tratamento de esterilização com radiação gama no Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen) da Universidade de São Paulo (USP). Após a esterilização, a obra retornou ao ateliê e passou por um processo de limpeza com solventes orgânicos para remover a sujeira, os resíduos de pó de extintor de incêndio e a poluição.

O rasgo na tapeçaria foi cuidadosamente fechado, e um forro de tecido em poliéster extremamente resistente foi aplicado. Além disso, foram adicionadas fitas de velcro para ajudar na fixação da obra de arte. Todo o processo de restauração foi orçado em R$ 170,3 mil, e devido ao alto valor da obra de arte, um bem público, também foram contratados uma transportadora especializada e um seguro, nos valores de R$ 37 mil e R$ 28,9 mil, totalizando um custo de R$ 236,2 mil.

[Com informações da Agência Senado]