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Criminosos incendeiam ônibus no Recife e deixam carta a Raquel Lyra denunciando corrupção no Presídio de Igarassu

Em mensagem deixada após o ataque, grupo afirma que chaveiros voltaram a cobrar taxas e vender drogas dentro da unidade prisional

Criminosos incendeiam ônibus no Recife e deixam carta a Raquel Lyra denunciando corrupção no Presídio de Igarassu (Foto: Divulgação )

247 - Um ataque a um ônibus, ocorrido na tarde da terça-feira (7), na Zona Norte do Recife, reacendeu as denúncias de corrupção e descontrole dentro do Presídio de Igarassu — considerado o mais superlotado e precário de Pernambuco. Segundo informações do Jornal do Commercio, o episódio expôs novamente as falhas na administração do sistema prisional do Estado, já alvo de duas operações da Polícia Federal apenas no primeiro semestre deste ano.

De acordo com testemunhas, o crime aconteceu quando o coletivo parou no terminal de Cajueiro. Um homem desceu de uma motocicleta, entrou no ônibus, espalhou combustível pelos bancos e pelo piso e, em seguida, ateou fogo. Passageiros que ainda desembarcavam entraram em pânico e correram para escapar das chamas.

Antes de fugir, o autor do ataque deixou uma carta de duas páginas endereçada à governadora Raquel Lyra. No texto, o criminoso denunciava supostos esquemas de corrupção e a retomada do poder dos “chaveiros” — presos que controlam alas e pavilhões — dentro do Presídio de Igarassu. “Estamos sendo tudo esquecido novamente e a corrupção começou tudo de novo. (...) O chaveiro está obrigando a pagar uma taxa de 10 reais por preso para faxina, coisa que o governo já manda todos os produtos. Não podemos nem ter sal para botar nas comidas”, diz um dos trechos da carta.

O autor também relatou que os chaveiros estariam vendendo drogas dentro da unidade. “As visitas dos 'gatos' e chaveiros estão entrando com drogas sem passar pela revista, trazendo para eles venderem no pavilhão J e B”, afirma o texto. Outro trecho da carta acusa um chefe de segurança do presídio de punir presos que se recusam a pagar as cobranças ilegais. “Pedimos ajuda, um pedido de socorro. Tire esses chaveiros o mais rápido possível. Nos ajude, se não fizer nada vamos virar a cadeia”, conclui a mensagem.

Após o ataque, a Polícia Civil de Pernambuco registrou um boletim de ocorrência na Central de Plantões da Capital. Um inquérito foi aberto para investigar tanto o incêndio criminoso quanto a veracidade das denúncias descritas na carta. As autoridades estaduais ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o episódio nem sobre as acusações referentes ao presídio. O caso amplia a pressão sobre o governo de Pernambuco, que enfrenta críticas pela falta de controle e pela precariedade nas unidades prisionais do Estado.