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Filha de militar condenada no 8/1 está foragida há 19 meses

Roberta Jersyka rompeu tornozeleira, é considerada procurada pela Justiça e teve o nome incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão

Filha de militar condenada no 8/1 está foragida há 19 meses (Foto: Reprodução redes sociais)

247 - Roberta Jersyka Oliveira Brasil Soares, ex-aluno de medicina da USP, está foragida há 19 meses após ter sido condenada a 14 anos de prisão por participação nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Segundo a Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas da Justiça do Ceará, Roberta rompeu a tornozeleira eletrônica em 25 de maio de 2024, pouco mais de um mês depois de ter sido condenada, e nunca mais se apresentou ao Judiciário, descumprindo uma das condições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes quando concedeu a ela liberdade provisória, em agosto de 2023.

De acordo com reportagem do Metrópoles, em ofício enviado ao STF no início deste mês, a Justiça cearense informou que o descumprimento da ordem judicial “persiste até a presente data” e que o nome de Roberta consta como “procurado” no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). 

A ex-estudante integra o grupo de réus e condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes que fugiram para a Argentina. No início de 2025, a advogada que a representava no processo informou ao STF que perdeu contato com a cliente desde então.

Natural de Fortaleza (CE) e formada em engenharia, Roberta mudou-se para São Paulo em 2020 após ser aprovada no vestibular para o curso de medicina da USP.

Filha de um segundo-tenente do Exército, Roberta viajou a Brasília em janeiro de 2023 para participar dos atos convocados por militantes bolsonaristas contra a vitória do presidente Lula nas eleições.

No dia 8 de janeiro, ela foi presa em flagrante dentro do Congresso Nacional durante as invasões e depredações. Segundo os autos, Roberta estava ajoelhada e rezando no momento em que foi detida pela Polícia do Senado. As câmeras de segurança registraram a cena, e o vídeo foi anexado ao inquérito. Em razão da prisão, a estudante trancou o curso de medicina na USP.

Na denúncia apresentada ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que Roberta acessou as galerias do Congresso e que estava “participando ativamente e concorrendo com os demais agentes para a destruição dos móveis que ali se encontravam”.

O órgão sustentou ainda que ela “tentou, com emprego de violência e grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos Poderes Constitucionais, bem como depor o governo legitimamente constituído, buscando a tomada do poder por militares e a implantação de uma ditadura, porque contrário ao resultado do pleito eleitoral de 2022 e por não confiar na apuração dos votos”.

Em abril de 2024, a maioria dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal decidiu condenar Roberta a 14 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de: abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; associação criminosa armada; deterioração de patrimônio tombado.

Além da pena de prisão, ela foi incluída na lista de condenados que deverão pagar, de forma solidária, R$ 30 milhões a título de indenização por danos morais coletivos causados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.

A defesa de Roberta sempre sustentou que não há provas de que ela tenha participado de atos de vandalismo no dia 8 de janeiro e argumentou que o STF não teria competência para julgá-la, já que ela não possui foro privilegiado. Essa tese, no entanto, foi derrotada pela maioria dos ministros da Corte.