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Nordeste

Psol rejeita aliança com Dino no Maranhão

Em entrevista ao blog de Robert Lobato, o advogado Luís Antônio Pedrosa explica porque defende sua candidatura ao governo do Maranhão pelo Psol e afirma que há mais semelhanças do que diferenças entre os grupos de José Sarney e Flávio Dino; confira

Em entrevista ao blog de Robert Lobato, o advogado Luís Antônio Pedrosa explica porque defende sua candidatura ao governo do Maranhão pelo Psol e afirma que há mais semelhanças do que diferenças entre os grupos de José Sarney e Flávio Dino; confira (Foto: Ana Pupulin)
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Maranhão 247 - Pré-candidato do Psol ao governo do Maranhão, o advogado Luís Antônio Pedrosa explica por que defende a candidatura própria do partido ao Palácio dos Leões. Confira:

Sexta-feira Quente: Luis Antônio Pedrosa

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Na primeira entrevista da coluna Sexta-feira Quente de 2014, o Blog do Robert Lobato tem o prazer de contar com a participação democrática do advogado, militante político e social, e destacado ativista dos direitos humanos Luis Antônio Pedrosa.

Pedrosa faz uma análise interessante, democrática e com rara causa de conhecimento técnico e político sobre a crise que o estado do Maranhão enfrenta na área da segurança pública e do sistema carcerário.

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Na entrevista, o advogado fala ainda sobre os conflitos agrários e fundiários do Maranhão, avanços e desafios na área dos direitos humanos, atuação da OAB-MA e as responsabilidades do Governo Federal na questão da segurança.

Pré-candidato a governador pelo Psol, Luis Antônio Pedrosa relacionou suas principais bandeiras de campanha e revelou com quais partidos pretende enfrentar as urnas em outubro deste ano.

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Comentou ainda sobre as semelhanças políticas, programáticas e pragmáticas que vê entre entre os candidatos Flávio Dino (PCdoB) e Luis Fernando (PMDB).

A seguir a íntegra da entrevista.

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“É difícil pôr em prática qualquer projeto de mudança sério e efetivo com o grupo liderado pelo PCdoB, onde figuram personalidades políticas carimbadas da vida política do estado”

PEDROSA POR ELE MESMO

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Eu sou um ativista de direitos humanos e advogado por profissão. Militei no movimento estudantil, fui coordenador do diretório acadêmico do curso de Direito, representante estudantil no colegiado e diretor do Diretório Central dos Estudantes da UFMA. Fui militante do Partido dos Trabalhadores até a crise de 2010, onde houve a imposição da coligação formal com o PMDB (do Grupo Sarney). A partir daí busquei contribuir para o fortalecimento de outro campo político, onde estou atualmente, porque defendo a disciplina partidária e compreendo que o PT e o grupo Sarney hoje são indissociáveis.

A JUVENTUDE

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Sou filho de servidores públicos e por força do ofício de meus pais, morei em vários municípios do interior do estado. Convivi com pessoas de diferentes regiões e contemplei o sofrimento e a força do povo, desde a Baixada até o Gerais de Balsas. Vi o choque dos búfalos com os pescadores e a devastação do cerrado pelas plantações de soja. Caminhei a pé, subindo e descendo encostas, colhendo frutos de temporada, como o cajuí, o piqui e o bacuri, quando não a saborosa macaúba. Banhei nos rios, córregos e cachoeiras do sul do Estado, como todo menino travesso do interior. Confesso que dei trabalho para minha mãe. Andei misturado com pescadores, nadei nos rios Farinha e Maravilha. Atravessava, a nado, ainda muito pequeno as correntezas perigosas do rio Balsas. Convivi com pescadores, coletores e caçadores, ouvindo suas histórias, muitas vezes ao lado de meu pai. Nos mercados do interior vi a fartura e depois a fome chegar, com os grandes projetos de desenvolvimento. Vi nos comentários dos trabalhadores rurais, o fatídico desaparecimento do mutum, do jacu e da siriema, no cerrado. A queda abrupta na população dos jaçanãs, dos frangos d’água e das marrecas, nos campos alagados. Vi as cheias dos rios, as secas, os atoleiros nas estradas, a chuva no telhado de palha, a canoa singrando por entre mururus. Tudo isso como impressões fugidias que me marcaram na juventude e constituem a minha identidade de maranhense. Depois, por conversão do isolamento, fui estudante aplicado, mergulhado nos livros, mas sem desgostar da realidade do meu estado, de onde nunca saí e onde pretendo terminar meus dias. Gostei desde cedo de literatura, poesia e história, e, até véspera do vestibular, tinha dúvidas qual profissão seguir. Os estudos de história, ainda no colégio Marista, me aproximou de Marx {filósofo e ativista alemão Karl Marx] e da teologia da libertação e, depois do movimento estudantil e da militância de direitos humanos.

A OPÇÃO PELO DIREITO

O curso de direito foi escolhido, pela necessidade, sempre candente em mim, de influenciar a realidade que me cerca. Entendo que fazer o curso de direito é muito diferente de escolher a advocacia. Ainda nos primeiros períodos do curso de direitos fui estagiário da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, entrando em contato com a realidade agrária do Estado. Fiz minha formação no espaço da assessoria jurídica popular, com forte viés marxista, de formação de agentes populares, tendo como referencial a militância por direitos humanos. Eu simplesmente me percebi advogado na intensidade dos dias e anos, viajando por Comarcas do interior, defendendo comunidades ameaçadas ou vítimas de despejos forçados, posseiros, sem-terras, quilombolas, pescadores, extrativistas… O contato com essa realidade refez antigos laços de infância, reelaborando uma nova leitura de cenários, com a necessidade de sua transformação, a partir de uma visão crítica do direito e da sociedade.

“Pensei que a morte de Décio pudesse representar um marco importante para uma verdadeira inflexão ética sobre as atividades de um punhado de jornalistas”

O ENCONTRO COM A POLÍTICA

O movimento estudantil estabeleceu a ponte com a militância em direitos humanos e a militância em direitos humanos estabeleceu a ponte com a política. Nunca fui candidato e nem pretendi posto de comando em partidos políticos. A minha política sempre foi promover a cidadania e garantir que as pessoas tenham seus direitos respeitados. Nunca simpatizei com disputas pelo poder sem sentido. Para mim, um horizonte de paz e solidariedade sempre é necessário e é assim que imagino a nova política, como espaço de atuação de cidadãos de bem, onde o exercício da verdade seja condição para troca de reflexões apuradas sobre a realidade que se quer mudar.

 A QUESTÃO RURAL NO MA

Pelo quarto ano consecutivo, somos o Estado campeão em conflitos fundiários. O conflito fundiário significa violência, exclusão social, despejo forçado, pessoas sem moradia e terra para plantar. A reforma agrária deixou de ser bandeira para o campo político da esquerda que tomou o poder no plano federal. A cada ano que passa, o desempenho do governo federal míngua, em termos de desapropriações. O ano de 2012 já era o pior ano da reforma agrária na história do país. Pois bem, nesse ano de 2013, o governo Dilma conseguiu ser pior ainda. Segundo a CPT, o Brasil, nesse ritmo, precisará de mais quarenta anos para zerar o passivo de famílias acampadas. E eu digo que nessa conta não incluímos os chamados povos e comunidades tradicionais, como os posseiros, os quilombolas, os ribeirinhos e os extrativistas.

Mesmo no campo do crédito agrícola, existe um tratamento muito desigual, em relação à agricultura familiar, que recebe (via Pronaf) apenas 27, 5% do crédito rural, na década petista, enquanto que o agronegócio tem seus 72, 5%. A Dilma afirmou que era necessário estruturar primeiro os assentamentos, mas, no Maranhão, eles passaram o ano inteiro sem assistência técnica, travados pela burocracia do Incra. Já está bem claro que na coalização PT-PMDB o agronegócio continua a ser o principal interlocutor.

De fato, continuam os trabalhadores rurais no binômio Bolsa Família-Previdência, dois recursos que ainda são os mais eficientes para sustentar a população do campo no Maranhão. Isso é trágico porque não aponta para uma mudança de cultura, no sentido de emancipar e inserir no mercado de trabalho a população ativa do Estado. Somos o Estado com o maior número de beneficiários do Bolsa-Família (um pouco mais da metade da população), mas isso não impede que tenhamos os piores indicadores sociais.

Apesar da profunda transformação no campo maranhense, sobretudo, na duas últimas décadas (onde praticamos invertemos os índices de população rural x população urbana), continuamos a ser o Estado-enigma de um campesinato resistente, que constitui cerca de 1/3 da população economicamente ativa do Maranhão.

DIREITOS HUMANOS NO MA

É impossível festejar a realização dos direitos humanos num Estado conflagrado por uma crise social e política sem precedentes. Os indicadores sociais, nos mais diversos aspectos, dão a entender que a classe política do estado faliu. Não há sinais de boa governança e os dois principais paradigmas estão mergulhados no mesmo referencial, que caminha para o abismo. A crise na segurança pública atual é apenas a ponta do iceberg, que dormita suas bases no fundo de um oceano escuro da inércia, da omissão do patrimonialismo e do despreparo para a gestão pública. O mix ideológico é apenas o aperitivo da comédia política que se estabeleceu, no desespero de interesses econômicos que querem tomar de assalto o Estado, cujo exemplo mas significativo é a presença da agiotagem no financiamento das campanhas dos dois principais grupos em disputa.

Quando falamos em avanços em direitos humanos no Maranhão, temos que nos referir a um novo nível de luta e de organização do povo para reivindicar direitos e protestar contra as injustiças, onde os levantes de junho se somaram às mobilizações camponesas e indígenas e estudantis.

“O déficit de vagas foi agravado pela presença de organizações criminosas, produto da nova territorialização das quadrilhas advindas do sul e do sudeste, em busca de novas fronteiras criminais”

A OAB-MA

A atual gestão da OAB-MA representa um avanço político e de gestão. É um espaço compartilhado por muitas visões políticas e muitos perfis da advocacia, onde a preocupação com as lutas cívicas tem preponderado. A população tem nos procurado exatamente por esse potencial da entidade em formular demandas jurídico-políticas no hiato da atuação de outras instituições. Acredito que enriquecemos o cenário político atual e temos nos esforçado em agregar e somar esforços para fazer da OAB-MA um espaço para a realização da cidadania do povo maranhense, não apenas de defesa das prerrogativas dos advogados.

“GORILAS DIPLOMADOS”

Houve na verdade uma falsa polêmica. Um segmento do jornalismo, ligado à oligarquia, tentou pautar a expressão como dirigida a todos os jornalistas, num momento em que o senador José Sarney escrevera um artigo atribuindo ao jornalista morto [não sei o porquê, mas parece que Pedrosa não gosta muito de falar ou escrever o nome Décio Sá] o título de “defensor da democracia”. Eu me contrapus a isso porque luto historicamente contra o segmento da mídia que naturaliza violações de direitos humanos e faz da verdade um produto do mercado político, ao sabor das conveniências de cada facção. De igual forma e intensidade, luto contra a advocacia sem ética e contra qualquer segmento do meio social ou jurídico que viole direitos humanos. Portanto, não se trata de uma guerra contra o jornalismo ou contra os profissionais da comunicação, até porque tenho um bom relacionamento com a esmagadora maioria dos profissionais dessa área e entendo que a mídia tem um papel emancipador importante. Por isso mesmo, no início do movimento, advoguei para rádios comunitárias e defendo a democratização dos meios de comunicação.

Durante o percurso do inquérito [do assassinato do jornalista Décio Sá], muita gente compreendeu o porquê da polêmica e suas dimensões para o jornalismo no estado, sobretudo para a atividade dos chamados blogueiros, os quais nem sempre são jornalistas. Do outro lado, a pretexto de defender a memória de Décio {opa, citou o nome do finado], na verdade, havia a necessidade de afirmar uma prática jornalística, que considero questionável. A princípio, até pensei que a morte dele pudesse representar um marco importante para uma verdadeira inflexão ética sobre as atividades de um punhado desse profissionais no Maranhão, mas a conjuntura está cada vez mais difícil.

A CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA E NOS PRESÍDIOS

Embora alguns segmentos do meio jurídico resistam a uma avaliação generalizante, afirmo que a crise decorre também de um sistema, cuja teia se engendra no elevado crescimento da população carcerária no Brasil. Já somos a quarta população carcerária do mundo. Ela também tem um pé no seletivismo do Direito Penal brasileiro, historicamente direcionado para os mais pobres. O Maranhão bateu um recorte perigoso, porque aprofundou a crise do instituto da prisão com décadas de má gestão do sistema e de desarticulação das instituições do sistema de justiça criminal. Há cinco anos, tínhamos um percentual incrível de 70% de presos provisórios. Hoje, apesar de termos melhorado o índice, ainda estamos entre os sete estados da Federação com mais presos provisórios do que presos definitivos. Ao lado disso, encarceramos principalmente os negros, os usuários de drogas e a ponta de rama do narcotráfico.

Ao lado de tudo isso, temos a falência da gestão, tendo como ponto culminante o atual governo. O déficit de vagas foi agravado pela presença de organizações criminosas, produto da nova territorialização das quadrilhas advindas do sul e do sudeste, em busca de novas fronteiras criminais e da exportação de detentos para os presídios federais de segurança máxima. O terreno fértil da concentração de presos em São Luís, onde no interior e na capital passaram a disputar espaços de poder nos presídios, somado à corrupção endêmica do sistema, e a crise da segurança pública, produziu essa gigantesca bola de neve.

SOLUÇÕES PARA SUPERAÇÃO DA CRISE

A curtíssimo prazo é necessário manter a vigilância em cada um dos corredores dos presídios. Para fazer isso, seria necessário mobilizar mais gente. As novas unidades prisionais ainda vão demorar alguns meses. Isso significa que o governo pode sangrar mais, juntamente com os detentos.

Os ataques contra o sistema de segurança parece que continuarão até que se desbarate definitivamente a base estrutural das quadrilhas, algo que poderia ter sido feito com planejamento e estratégia, desde 2010, onde se constatou o início da estruturação desses grupos.

O problema é que sem efetivo e com a polícia investigativa fragilizada, tudo isso é mais difícil. A crise desafia o adestramento de monitores e de um número diminuto de agentes penitenciários, desmotivados, com um segmento mobilizado por uma ferrenha oposição ao titular da pasta.

Imagino que a médio prazo ainda teremos desgastes, com um processo de intervenção federal, uma denúncia perante a OEA e até mesmo uma possibilidade de federalização dos crimes caminhando junto com as notícias de mortes sistemáticas.

“Luis Fernando tem os latifundiários ao seu lado; Flávio tem o ex-presidente da mais violenta organização dos latifundiários contra os trabalhadores rurais”

PAPEL DO GOVERNO FEDERAL

Apesar de saber que nos últimos 20 anos a população carcerária do país aumentou em 380%, e determos a maior taxa de ocupação prisional (172%), dentre os países considerados emergente, o governo federal não abriu a discussão, no sentido de repensar a política prisional. Uma política de desencarceramento exige uma nova política de combate às drogas, incluindo possibilidades de legalização, redução de danos, reformas do ordenamento jurídico (cerca de 80% da população carcerária enquadra-se nos crimes contra o patrimônio), construção de pequenas unidades prisionais, descentralizadas dos grandes centros urbanas e mais próximas das famílias dos apenados, uma nova metodologia de ressocialização. O governo federal preferiu fazer mais do mesmo: construir grandes unidades prisionais, adestrar agentes penitenciários segundo a doutrina da militarização, promover intervenções em presídios com a Força Nacional de Segurança.

O GOVERNO ROSEANA SARNEY

Acho que houve uma renúncia velada. Não há vestígios de governabilidade, planejamento, coordenação, sincronia e articulação de políticas públicas. E temos sinais visíveis de turbulência no horizonte. A crise na segurança pública e nos presídios vai se somar aos protestos contra a Copa do Mundo exatamente no ano eleitoral. Atualmente, as chacinas do presídios romperam o tradicional bloqueio da mídia e alcançaram a opinião pública mundial, revelando as entranhas do domínio oligárquico. Fala-se em intervenção, mas ela já está em andamento, com o anúncio de uma plano emergencial e de um comitê gestor da crise, anunciado recentemente pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. Houve uma intervenção branca no governo do Maranhão.

ADMINISTRAÇÃO EDIVALDO JÚNIOR

Eu acho que ele é ainda o principal entrave da candidatura de Flávio Dino.  Edvaldo reproduz o mesmo desempenho de João Castelo, com a agravante de ter que se aliar ao ex-prefeito agora, depois de tantos ataques truculentos. Um ano é tempo suficiente para um prefeito dizer a que veio. Ele tinha a desculpa de dizer que encontrou a prefeitura arrasada, mas agora, andando junto com Castelo, nem isso pode mais dizer. Para quem está no início do governo, a crise pode anunciar um estrangulamento pior do que o final da gestão de Castelo. Temos crise na saúde, crise na segurança (guardas municipais), crise no serviço público, na educação e na mobilidade urbana. A cidade continua esburacada, feia, mal cuidada e sem perspectiva de melhoras. O GPS,como era previsto, notabilizou-se como uma piada de mau gosto.

FLÁVIO DINO X LUIS FERNANDO: DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

Quando afirmo Flávio Dino e Luis Fernando têm mais semelhanças do que diferenças é a partir do campo político fundamental a que pertencem os dois: o campo PT-PMDB. Criticar o governo Dilma e suas políticas neo-desenvolvimentistas, os desvios éticos e o patrimonialismo significa criticar também Flávio Dino e Luis Fernando. No plano federal eles estão juntos, compartilham da mesma visão de governo. Essa divisão local, portanto, não é programática, é um simulacro de disputa que vai dar na mesma coisa ganhe quem ganhar, com pequenas variações em torno de uma nota só. A grande justificativa é a deposição do grupo Sarney, mas boa parte dos aliados de Flávio vieram desse campo, trazendo suas velhas práticas políticas e até seus escândalos políticos e biográficos. Então, é difícil pôr em prática qualquer projeto de mudança sério e efetivo com o grupo liderado pelo PCdoB, onde figuram personalidades políticas carimbadas da vida política do Estado. Na verdade, estamos diante de uma proposta de mudança, cujo núcleo dirigente é até mais conservador do que o do período Jackson. E sabemos das dificuldades do governo Jackson para levar a cabo as transformações que o eleitorado de oposição exige aqui no Estado. Quando afirmamos que têm mais semelhanças do que diferenças, bastar olhar quem está em volta de cada um: Luis Fernando tem Aluísio Mendes; Flávio Dino tem Raimundo Cutrim, ex-secretário do Roseana. Um tem Madeira, prefeito tucano de Imperatriz; outro busca Castelo, o ex-prefeito tucano de São Luís. Luis Fernando tem os latifundiários ao seu lado; Flávio tem o ex-presidente da mais violenta organização dos latifundiários contra os trabalhadores rurais, a UDR, que é Jorge Vieira [deputado federal Zé Vieira}. Um tem Roberto Costa, outro tem Weverton Rocha, ambos ex-lideranças da desacreditada UMES, dos escândalos das carteiras estudantis… Um tem os madeireiros que devastam a amazônia maranhense, outro tem um deputado que se contrapõe à demarcação das terras indígenas e ataca a Reversa Biológica do Gurupi… Ambos são opção do financiamento por parte de empresas envolvidas com denúncias de trabalho escravo e por agiotas, e por aí vai. Independentemente da trajetória pessoal de cada, os projetos políticos revelam muitas identidades e semelhanças.

A CANDIDATURA AO GOVERNO

Ressalto que não é um projeto pessoal. Somos um campo político que não está representado nas opções colocadas pelo cenário político atual no Maranhão. Somos uma alternativa que decidiu refazer o espaço político da esquerda, com suas bandeiras políticas históricas, mais atuais do que nunca agora. Em função da minha trajetória, meu nome transitou com mais leveza entre as várias correntes do partido e conseguimos uma inédita unidade interna. Como sou oriundo de movimentos sociais, empresto a minha voz ao Psol para fortalecer lutas importantes no sstado, traduzindo coerência entre discurso e prática, coisa que não ocorre entre nossos prováveis adversários.

PRINCIPAIS BANDEIRAS

Em primeiro lugar, afirmar possibilidades de uma nova política, tendo como referenciais formas de democracia direta é ética. Isso tem implicações e muitos desdobramentos do ponto de vista concreto. Significa direcionar a máquina do Estado para demandas populares a partir de decisões deliberadas em espaços coletivos de decisões. É preciso pensar no planejamento regionalizado, democrático e participativo. Isso precede o orçamento participativo, bandeira que o PT abandonou. Depois, implementar a transparência, publicizando contratos, ordens de serviços, empresas e prestadores de serviços, valor de obras, número de cargos comissionados e seus salários, criando colegiados deliberativos, a participação da sociedade civil organizada.

Em segundo lugar criar, um eixo indutor e transversal de políticas públicas para todas as secretarias. A Secretaria de Direitos Humanos deixará de ter o tradicional tratamento de menosprezo, característica dos governos dos principais grupos em disputa. Será ela a responsável pelo monitoramento do planejamento e do orçamento participativo, a partir da interlocução com os colegiados regionais. O Plano Estadual de Direitos Humanos representará o documento compromissário formal desse eixo indutor, entre governo e sociedade.

Dar exemplo de austeridade. Diminuir gastos desnecessários com o luxo e a ostentação. Rever salários do primeiro escalão, diminuir o excessivo número de cargos comissionados. Aproximar o Estado dos movimentos sociais sem a cooptação de suas entidades, fortalecendo parcerias envolvendo a promoção de direitos e o resgate da cidadania, afirmando no espaço estatal a presença de gestores qualificados para essa tarefa, com perfil especialmente técnico e acadêmico.

Investir maciçamente na Educação. Rever a política salarial de professores, reestruturar os colégios, emprestar realidade aos projetos político-pedagógicos das escolas, garantir a eleição direta para diretores, fazer da escola um espaço de articulação de várias políticas para a juventude e para a comunidade escolar. Garantir orçamento, até o limite do possível, para que isso ocorra, invertendo prioridades.

“Não incorporamos qualquer discurso de terceira via, assentado no fundamentalismo religioso e no conservadorismo político. Nós seremos a voz da esquerda classista, profundamente compromissada com as lutas anticapitalistas”

ARCO DE ALIANÇAS

Nosso campo político está bem demarcado. O Psol buscará o PCB e o PSTU, para compor a chapa majoritária, partidos com os quais pretendemos compor uma frente de esquerda, marxista e ecossocialista. Uma aliança composta por partidos pequenos, com rica trajetória ideológica: o PCB e o PSTU. Não queremos alianças para garantir tempo de TV e depois sucumbir em falsas promessas de campanha, travadas pela presença de aliados com perfis ideológicos contraditórios. Se queremos coerência entre discurso e prática não podemos subir no palaque com latifundiários, acusados por corrupção e improbidade administrativa, agiotas, praticantes de tortura, invasores de unidades de conservação e de terras indígenas e pistoleiros.

Nossa aliança principal certamente estará fora dos partidos institucionalizados: estudantes, sem-terras, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, indígenas, posseiros, vítimas de violência, sindicatos e movimentos sociais.

Pode ser utópico, mas a utopia realmente deve alimentar qualquer sonho de transformação da sociedade. É a partir dela que as coisas mudam, porque se sai do lugar. Como diria Galeano, a utopia serve para a gente caminhar.

E derrotar o grupo Sarney continua a ser o desafio histórico do povo do Maranhão. Mas essa etapa exige superação de práticas políticas, não apenas de nomes de pessoas.

Seria melhor para o eleitor se essas diferenças não estivessem encobertas por um discurso político ilusionista. Nós defendemos a reforma agrária, por isso entendemos que não podemos ter relações com a bancada ruralista e nem com as lideranças do latifúndio e do agronegócio. Como defendemos o financiamento público de campanha e rejeitamos o financiamento de empreiteiras, grandes empresas e do sistema financeiro, não podemos subir no palanque com agiotas e seus congêneres. E estamos utilizando poucos exemplos dentre as contradições visíveis desse campo político.

MENSAGEM AOS LEITORES

Eu queria deixar bem claro que nós continuaremos a lutar pela construção de um campo da esquerda programática no Estado. Nosso campo é independente da polarização estabelecida e vai negar o caráter plebiscitário das próximas eleições, assim como faremos isso no plano nacional, com o binômio PT-PSDB. No entanto não incorporamos qualquer discurso de terceira via, assentado no fundamentalismo religioso e no conservadorismo político. Nós seremos a voz da esquerda classista, profundamente compromissada com as lutas anticapitalistas, anti-racistas e ecossocialistas. Vamos reafirmar a pertinência das tradicionais bandeiras da esquerda no Brasil e no mundo, reafirmando a luta por igualdade de gênero, a liberdade de orientação sexual, o ecumenismo religioso, o laicismo, a reforma agrária, a titulação dos quilombos, a demarcação dos territórios indígenas e, sobretudo a coerência e a ética na política. Travaremos uma luta desigual, com os grandes interesses econômicos, sabemos disso, mas não abriremos mãos de princípios que orientam nossas trajetórias como cidadão de um Estado destruído por um modelo de política e de desenvolvimento excludente. Nesse sentido, é que convido o leitor e a leitora a somar conosco nessa caminhada, com Randolfe Rodrigues, nosso candidato a presidente, com nossos companheiros que constroem no dia a dia uma nova política, como o Jean Wyllys, o Chico Alencar, o Ivan Valente e Luciana Genro. Venham para o Psol.

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