Adolescente é internada após sofrer racismo e bullying no colégio Mackenzie, em São Paulo
Família suspeita de tentativa de homicídio e acusa o Colégio Mackenzie de negligência; o colégio afirmou que a estudante foi prontamente atendida
247 - Uma estudante bolsista de 15 anos está internada há mais de uma semana após ser encontrada desacordada no banheiro do Colégio Presbiteriano Mackenzie, localizado em Higienópolis, área nobre de São Paulo. De acordo com informações divulgadas pelo portal UOL, a adolescente vinha sendo alvo de ataques racistas e bullying desde 2024 — episódios que, segundo a família, foram denunciados à escola, sem que providências efetivas fossem tomadas.
O caso ocorreu na manhã do dia 29 de abril, quando uma colega encontrou a jovem desacordada no banheiro da escola. Ela foi socorrida inicialmente pela equipe do colégio e encaminhada à Santa Casa de Misericórdia, sendo posteriormente transferida para um hospital público. Seu estado de saúde é considerado estável, mas ainda não há previsão de alta. A defesa da família informou que a adolescente será transferida para uma unidade particular, com os custos assumidos pelo colégio.
Embora a Polícia Civil trate o caso como uma possível tentativa de suicídio, os familiares da jovem não descartam a hipótese de tentativa de homicídio. O celular da adolescente será submetido à perícia nos próximos dias, como parte da investigação conduzida pelas autoridades.
Em depoimento à Polícia Civil, a mãe da adolescente relatou ofensas recorrentes proferidas por cinco colegas de escola, que a chamavam de “cigarro queimado” e “lésbica preta”. Ela também revelou que a filha foi obrigada a beijar um aluno no banheiro, enquanto outros estudantes filmavam a cena. Segundo o relato, a jovem vinha sendo chantageada com a ameaça de divulgação do vídeo nas redes sociais — fato ainda não confirmado pela polícia, que soube da gravação por meio de mensagens no WhatsApp da vítima.
A advogada da família, Réa Sylvia, afirma que os episódios de racismo foram denunciados à escola ainda em 2024, mas que nenhuma medida concreta foi tomada. “Quando tomou conhecimento do que vinha acontecendo com a sua filha em maio do ano passado, [a mãe da vítima] enviou e-mail à orientadora educacional denunciando os fatos. [Ela respondeu que] desconhecia esse tipo de prática no colégio”, consta em trecho do boletim de ocorrência.
Segundo a mãe, mesmo após buscar apoio psicológico dentro da própria instituição, o atendimento não aconteceu por falta de vagas. “Nenhuma providência foi adotada”, denunciou Réa Sylvia. A advogada ressaltou que a prioridade agora é proteger a adolescente: “Estamos empenhados em fazer com que o caso tenha o menor impacto possível na vida da vítima. A família espera que esse caso de racismo e bullying dentro da escola não fique impune”.
Em nota enviada à imprensa, o Colégio Mackenzie afirmou que a estudante foi prontamente atendida e que a mãe foi acolhida presencialmente logo após o incidente. A instituição diz que sua equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar “seguem prestando suporte com cuidado, escuta e responsabilidade” e garantiu que está “apurando cuidadosamente as circunstâncias do ocorrido, com seriedade e zelo, ouvindo todos os envolvidos no tempo e nas condições adequadas, inclusive a aluna, assim que estiver pronta para se manifestar no ambiente pedagógico”.
O caso repercutiu nas redes sociais e reacendeu o debate sobre racismo, elitismo e negligência em instituições privadas de ensino.
Se você ou alguém próximo estiver passando por sofrimento psíquico ou tiver pensamentos suicidas, procure ajuda especializada. O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende gratuitamente pelo telefone 188, 24 horas por dia, inclusive feriados. Também é possível buscar apoio nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de sua cidade.



