Benedita: julgamento de Lula é um linchamento
Em entrevista à TV 247, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) disse acreditar que haverá reação do povo nas ruas no dia do julgamento do ex-presidente Lula pelo TRF4; "Nós vamos ter reação do povo no dia 24, nós vamos nos mobilizar, vamos tomar conta", anuncia; para ela, esse julgamento é, na verdade, "um linchamento" e marcar a data com tanta celeridade revela o "desespero deles" em impedir Lula de disputar a presidência; Benedita também fala sobre o retrocesso com as reformas do governo Temer, racismo, defende a democratização da mídia e faz uma autocritica sobre o governo da esquerda, quando avalia que o povo "se acomodou"; "Não se politizou e eu não tenho medo de dizer isso: não se politizou o direito", afirma; assista
247 – A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) acredita que haverá reação do povo nas ruas no dia do julgamento do ex-presidente Lula em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, marcado para o dia 24 de janeiro.
"Nós vamos ter reação do povo no dia 24, nós vamos mobilizar, vamos tomar conta. Não só aqueles que defendem o Lula, que não querem que Lula seja condenado porque não tem crime, nós que queremos Lula 2018 vamos estar todos nas ruas", prevê Benedita, em entrevista à TV 247 concedida na sexta-feira 15.
Para ela, o julgamento de Lula é um linchamento e marcar a data com tanta celeridade, em comparação com outros julgamentos do tribunal, revela o "desespero deles" em impedir Lula de disputar a presidência no ano que vem.
Lembrando que Lula venceria todos os candidatos nas pesquisas atuais, em algumas até em primeiro turno, Benedita diz que por isso "nós sabemos que eles vão insistir". "E eles já estão ficando atônitos porque há muito tempo que eles vêm fazendo isso com o ex-presidente Lula, e eles não estão conseguindo. Então a questão do dia 24 é o desespero", declarou.
"Será que o outro tribunal também vai condenar por convicção? Nem estamos falando da celeridade, mas há também uma cronologia, porque esse está sendo tão acelerado? A população está vendo isso. Não só a população, mas isso depõe contra a Justiça brasileira", alerta a parlamentar do Rio de Janeiro.
A deputada destacou a existência de frentes de juristas e advogados em defesa da democracia, da soberania e que acompanham o processo contra Lula, inclusive dentro da comunidade evangélica, da qual ela faz parte.
Questionada se acredita que Lula ainda pode sair candidato, mesmo diante de sinais claros de perseguição, Benedita respondeu: "Nós acreditamos porque nós acreditamos no povo brasileiro. É o povo brasileiro quem está tomando essa decisão, é quem tomou para si. O Lula já não é mais o candidato do PT".
Benedita da Silva esteve nas caravanas de Lula no Nordeste e no Rio de Janeiro e relatou como foi a recepção do povo com o ex-presidente. "Nós nos emocionamos ainda com Lula, imagine as pessoas que tiveram suas vidas mudadas. Eu tenho 75 anos e não conheço na história da política brasileira um presidente que olhasse lá para baixo. É esse povo com essa consciência que está na rua e vai impedir que essa injustiça seja feita".
Para ela, "antes se queria o Lula e a Dilma para dar continuidade aos avanços, hoje se quer o Lula rápido para resgatar, para impedir que tenha mais atrasos e que tente resgatar aquilo que é da dignidade do ser humano".
Na entrevista, Benedita falou ainda sobre a crise no Estado do Rio de Janeiro e alertou para a situação de calamidade financeira na UERJ, que tem o futuro indefinido. Ela ressaltou também os retrocessos das reformas da Previdência e Trabalhista e afirmou que os parlamentares que forem a favor dessas matérias "não merecem ser reeleitos".
Ao comentar episódios recentes de discursos racistas, Benedita disse que "o que estamos vendo hoje com esse golpe é que as pessoas perderam o pudor". Ela relatou já ter sofrido racismo dentro do Congresso e mandou um recado aos preconceituosos, lembrando a frase dita pelo jornalista William Waack, da Globo:
Racismo é crime e nós temos que mostrar pra essa gente o que é coisa de preto. Coisa de preto é estar aqui ó, nesse debate. Isso é coisa de preto. Coisa de preto é estar lá no Congresso Nacional. Coisa de preto é não estar sendo massacrado lá nos quilombos. Coisa de preto é estar na direção de um banco. Coisa de preto é você poder olhar para o carrinho cheinho de tudo o que você gosta para você botar no Natal e no Ano Novo. Coisa de preto é você ter o fim de semana para ir ao teatro, ao cinema, à sua igreja, onde você quiser, e vestir o que você quiser".
Questionada se o povo não estaria acomodado ao não se mobilizar contra o governo Temer, Benedita disse acreditar que "nós nos acomodamos".
"Eu estou com um governo democrático, meu filho está indo pra universidade, estou andando de avião, visitando a minha família no Nordeste, tá chegando luz e água no Nordeste, eu estou empregado, e por aí foi. Criou-se um outro setor da pobreza mais elevado no que diz respeito ao seu poder aquisitivo, que falavam que era uma nova classe média. Eu posso até dizer que era uma nova situação financeira de um determinado setor da classe brasileira. Então isso fez com que houvesse da nossa parte uma acomodação e não ficaram observando as coisas que vinham acontecendo, quer dizer, as más notícias chegando, bem direcionadas... não se politizou e eu não tenho medo de dizer isso: não se politizou o direito. Pura e simplesmente fez o que democraticamente deveria ter feito, mas não fomos alertados para o enfrentamento ideológico da chamada luta de classes, porque é isso que está em jogo. Não estão suportando essa presença e esse crescimento brasileiro", explicou.
"Quando eu falo da politização, é justamente poder entender o que está em jogo na sua luta, no seu direito, porque o meio de comunicação massifica uma notícia e às vezes você não sabe nem o que é. Não fizemos a democratização dos meios de comunicação e deveria ter sido feito. Coloca hoje pra sociedade uma alienação, porque é um poder que se tem, e uma mentira várias vezes vira verdade, e nós estamos criando através da comunicação um segmento de ódio, intolerante, homofóbico, racista, machista, e tudo o mais", defendeu.
"Por isso a politização, porque se você está organizado no seu movimento social, você está fazendo análise sobre isso. Se você não participa nada disso, os meios de comunicação se colocam como estão se colocando. Hoje os meios de comunicação são um partido político, pautam o Congresso Nacional e pedir a celeridade de processos. É preciso entender na verdade que quando eles se levantam para cobrar a condenação de inocentes é porque têm pressa de encobrir os seus atos", completou.
Inscreva-se na TV 247 e assista à íntegra:
