César Callegari denuncia destruição da educação por Tarcísio
"O governador alega que pretende tirar da Educação para dar para a Saúde, o que é uma mentira deslavada", diz o ex-secretário de Educação
Paulo Henrique Arantes, especial para o 247 - “O Governador Tarcísio de Freitas, seguindo a linha de seu inventor, Jair Bolsonaro, prepara-se para desferir o mais duro golpe contra a educação paulista”. A afirmação é de César Callegari, que foi secretário municipal da Educação na gestão do prefeito Fernando Haddad e integrou por 12 anos o Conselho Nacional de Educação.
Encontra-se em vias de ser aprovada pela Assembleia Legislativa a PEC “tarcisiana” que diminui de 30 para 25 o percentual dos impostos destinados à educação básica, educação técnica-tecnológica e educação universitária. Se aprovada, serão R$ 9,7 bilhões a menos todos os anos para a Educação, mais que todo o orçamento da USP.
“O governador alega que pretende tirar da Educação para dar para a Saúde, o que é uma mentira deslavada. Na verdade, quer continuar subtraindo dinheiro da Educação para tentar tapar o rombo previdenciário do Estado”, diz Callegari.
“Ele não é o único, mas é mais nefasto”, acusa, lembrando que os governadores paulistas, desde Mário Covas, vêm se utilizando de artifícios para descumprir o mandamento constitucional que garante o financiamento da educação pública. “Tudo com a cumplicidade vergonhosa do Tribunal de Contas do Estado”.
Quando foi deputado estadual, no início dos anos 2000, Callegari presidiu a CPI da Educação, que comprovou e levou o Governo do Estado a ser condenado por desvios da ordem de R$ 4,7 bilhões à época. “Desde a compra de comida para macacos e leões do zoológico até o pagamento de aposentadorias e pensões eram feitos com o uso ilegal da verba de manutenção e desenvolvimento do ensino”, recorda.
“Os resultados desses desvios e sonegações criminosas estão aí: educação básica de má qualidade, professores com baixos salários e desmotivados, excesso de alunos por sala de aula, infraestrutura escolar precária, violência contra alunos e professores e falta de docentes e investimentos nas universidades públicas”, enumera.
E o que tem sido ruim pode ficar muito pior se a já alcunhada “PEC do Facão” de Tarcísio for aprovada.
“É preciso que os paulistas, cujos representantes constituintes de 1989 ousaram construir avanços nas garantias constitucionais de financiamento da educação pública, nos levantemos e lutemos contra um dos mais graves retrocessos de nossa história, patrocinado por um governador que nem paulista é”, concita o educador.
