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Em áudios vazados, Kalil disse que empresários de ônibus pagariam defesa de ex-presidente da BHTrans

Gravações vazadas pelo ex-chefe de gabinete de Alexandre Kalil, Alberto Lage, sugerem que o prefeito teria creditado a empresários de ônibus o pagamento do advogado do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada

Alexandre Kalil (Foto: Amira Hissa/PBH)

247 - Em CPI da BHTrans na Câmara Municipal de Belo Horizonte, vazaram áudios do atual prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD). Em uma gravação, ele disse em uma gravação que empresários ligados às empresas de transporte público da cidade pagariam R$ 1 milhão na contratação de advogados.

Segundo o ex-chefe de gabinete do prefeito, Alberto Lage, os advogados atuariam na defesa do ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada. Nesta quinta-feira, 21, Lage divulgou o áudio durante uma acareação entre ele e o ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada, na CPI da Covid-19 na Câmara Municipal. 

“Eu estou enviando duas mensagens de áudio do prefeito Alexandre Kalil que me instruiu de que o senhor Hermes Vilchez Guerrero [advogado] seria pago por empresários de ônibus para fazer a defesa do senhor Célio”, disse Alberto Lage aos vereadores na reunião.

O advogado, no entanto, afirmou que não conhece Alberto Lage e que foi contratado por Célio Bouzada, recebendo o pagamento dele.

Gravações

Lage afirmou que a gravação é de uma reunião no dia 18 de agosto onde Alexandre Kalil diz que ele não deveria depor contra Bouzada na CPI da BHTrans porque os advogados contratados pelos empresários de ônibus o processariam na Justiça.

“O que você ganha se você for lá e esculachar o [intelegível]? Você foi mal assessorado, não gosta, não sei o que. Vai chegar para ele: vem cá amigo, vem cá no tribunal e fala como você foi mal assessorado. E o cara tá preparando uma peça dessa desse tamanho, para pagar um milhão de reais para advogado. Que deve ser o Joel, o caralho, o Marcelo… como chama aqueles irmãos que mexem com… Lessa, entendeu? Eles rateiam lá, dá cem mil para cada um”, diz Kalil, na gravação.

As gravações sugerem que o prefeito teria creditado a empresários de ônibus o pagamento do advogado de Bouzada, que é investigado pelo Legislativo belo-horizontino em outra CPI, que trata da gestão da empresa de transportes e trânsito.

Os nomes citados na gravação são: Joel Paschoalini, ex-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH); o empresário Marcelo Carvalho Santos, ligado ao grupo das empresas Rodopass e Trancid; e os irmãos Rubens e Robson Lessa, ligados à empresa Saritur.

Citados negam

O ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada, afirmou que desconhece o relato dos áudios encaminhados pelo ex-chefe de Gabinete de Kalil à CPI.

"As pessoas que foram citadas nos áudios é que têm que se explicar. Eu tenho um contrato (com o advogado Hermes Vilchez Guerrero) e já paguei. Quero informar aos senhores que vou disponibilizar o contrato que eu fiz com o escritório do professor Hermes e os recibos que eu já paguei. Entre hoje e amanhã, faço chegar à presidência da comissão da Covid-19 o meu contrato e os meus recibos, que já paguei."

Enquanto o SetraBH informou que o ex-presidente da entidade, Joel, e os demais empresários citados "em nenhum momento tiveram qualquer relação ou qualquer envolvimento na contratação ou contato com a pessoa do advogado mencionado na divulgação do ex-secretário da Prefeitura de Belo Horizonte, Alberto Lage".

BHTrans

Durante o primeiro mandato de Kalil na Prefeitura de Belo Horizonte, Bouzada era presidente da BHTrans quando o Executivo municipal antecipou R$ 220 milhões em vale-transporte às empresas de ônibus para amenizar o impacto da queda de receita das concessionárias durante a pandemia da Covid-19.

Em depoimento à CPI da Câmara de BH, no dia 26 de agosto, o ex-chefe de Gabinete de Kalil, Lage apresentou documentos que demonstravam que a iniciativa de conceder o adiantamento às empresas partiu da BHTrans. Segundo vereadores da CPI, o repasse foi ilegal.

Kalil reage

Segundo Kalil, os áudios vazados foram tirados de contexto e são “clandestinos”. Em entrevista coletiva, o prefeito mineiro disse que “o problema do áudio é que ele é distorcido”. 

“Quando ele for transcrito na Justiça, como será, todos vão ver que disse que eu pensava, eu achava, que podia ser — ou podia não ser — que um advogado do nível do doutor Hermes Guerrero poderia estar sendo financiado por alguém. Como está transcrito claramente no áudio, uma conversa particular, com quem eu achava que era de confiança”, disse.

“Quem me informou que o doutor Hermes era o advogado do ex-presidente Célio Bouzada foi um vereador que me ligou — que também será provado. Basta ver quem ligou para quem”, ressaltou.

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