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Sudeste

Falta inteligência na USP

Tudo o que os opinionistas de plantão publicaram sobre a ocupação da Reitoria e a violência da PM é de uma pré-coerência estilizada de quem não conhece a USP de perto

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A USP, maior universidade da América Latina, carece de inteligência: de inteligência policial. Assim como outros professores da Escola de Comunicações e Artes da USP, este repórter viu nos últimos anos, continuamente, os equipamentos das instalações serem surrupiados, fosse sob o mais público dos sóis, fosse na calada da noite. Nivelando seu destino com essa onda de furtos descarados, começaram a invadir a universidade a violência, a insegurança, o roubo, o assassinato. Só quem dá aula na USP sabe como a universidade padece daquilo a que os médicos chamam de “efeito iatrogênico”: o do mal causado pela própria cura. Tudo porque nós, professores da USP, sempre trabalhamos com o espírito da chamada devolução cultural. No caso deste escriba, devolver aos alunos e às comunidades carentes como favelas no entorno da universidade tudo que aprendi em 33 anos de jornalismo.

Tudo o que os opinionistas de plantão publicaram sobre a ocupação da Reitoria, a violência da PM etc, é de uma pré-coerência estilizada de quem não conhece a USP de perto. Vamos aos fatos: a PM é burra porque não aplica o seu dito “serviço de inteligência” nas comunidades carentes que cercam o campus. Professores da USP em geral devotam parcelas de seus tempos para algumas atividades de benemerência para essas favelas. A ECA-USP, por exemplo, tem o seu clássico Jornal São Remo, que compele os alunos do primeiro ano de Jornalismo a fazerem reportagens da favela homônima. Mas o que é um tabu na USP, sobre o qual obviamente ninguém fala, é que o narcotráfico e até o tráfico de armas invadiu as comunidades carentes às quais uma parcela expressiva dos alunos e professores tentam se dedicar. A PM que invadiu a USP metendo um cano na cabeça dos estudantes é a PM burra: que prefere cumprir ordens judiciais cegamente ao investigar os traficantes da pesada presentes na USP.

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Colocar Polícia Militar nos campi é um tabu que a sociedade americana aprendeu a duras penas a não quebrar: desde que, no final dos anos 60 o governador da Califórnia, Ronald Reagan, botou a Guarda Nacional para dar porrada nos estudantes de Berkeley. Foi ali que se deu a criação do movimento Flower Power, quando Joel Tornabene (curiosamente em italiano “boa virada”) reagiu a um fuzil apontado contra o seu peito enfiando uma flor no cano do trabuco fumegante. O movimento hippie nasceu da repressão aos estudantes. O monstro que a PM criou na USP vai gerar subprodutos em curto espaço de tempo – da mesma forma que as areias a irritarem ostras costumam gerar pérolas. E por que a USP é vítima desse “efeito iatrogênico”? Simples. Porque com a falta de inteligência policial traficantes de armas e de drogas se infiltraram no seio das pessoas de boa índole encravadas nas favelas que a comunidade uspiana sempre tentou ajudar. Esse é um truque decifrado por um dos maiores policiais do Brasil, o delegado de Polícia Civil Aldo Galiano Júnior. Com experiência de mais de 30 anos de resolução de casos difíceis, Aldo foi estudar nos últimos dois anos os porquês de São Paulo ser a única megalópole do mundo cujo centro velho é inabitável à noite por causa dos roubos e assaltos. Galiano apurou que dos moradores de rua, 70% seriam “moradores em estado de rua”, e os 30% restantes “moradores de rua perenes”. Esses moradores de rua perenes costumam sobreviver catando lixo. A venda do lixo para reciclagem lhes rende cerca de R$ 15 por dia. Almoçam e jantam no Bom Prato, com gasto diário de R$ 2. Acresce que dentre esses que vendem lixo estão os viciados em crack. Que não são removidos a contento da chamada cracolância porque políticas públicas benemerentes acham que aquela remoção seria uma barbaridade somente igual àquela feita pelo ex-secretário de Direitos Humanos e ex-ministro da Justiça de FHC, José Gregori, que chegou a incentivar e apoiar a remoção de menores de centros históricos do Nordeste após as 18 horas. Conclusão: ladrões armados, homicidas, infiltram-se entre os fumadores de pedra, passam-se por dependentes químicos, assaltam e roubam e furtam a seu bel prazer sem serem removidos pelas autoridades benemerentes à dependência química. Na USP não é diferente. Traficantes perigosos, bandidos sazonados, calcetas, invadiram as comunidades carentes no entorno do campus. A Polícia de São Paulo não tem inteligência para detectar quem eles são, eles continuam lá, inclusive comandando roubos de aparelhos como câmeras etc, em algumas faculdades – e a Polícia exibe as cabeças de meia dúzia de “estudantes da USP maconheiros e mimados”.

Mas quem só pode contar essas histórias são os professores da USP, como esse escriba, que já viram os seus alunos serem ameaçados por facas, armas pesadas etc, e depois serem acusados de “maconheiros” por uma PM que não tem inteligência policial suficiente, ou mesmo coragem para combater os chefões do narcotráfico da USP, que inclusive se gabam de corromper maus policiais.

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