Familiar de jovem baleado critica horários das operações na Rocinha
Familiares de Wesley Barbosa de Oliveira, de 12 anos, baleado na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, durante uma operação do Comando de Operações Especiais (COE), dizem não ver "nenhuma novidade" no que aconteceu com o menino; "Eles [Policiais Militares] sempre entram na comunidade com estas operações nos horários em que as crianças e trabalhadores estão saindo ou chegando. Isso sempre aconteceu", afirma Fernandes Júnior, primo do pai de Wesley, que ajudou no socorro do adolescente
Jornal do Brasil - Familiares de Wesley Barbosa de Oliveira, de 12 anos, baleado na manhã desta quarta-feira (17/6) na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, durante uma operação do Comando de Operações Especiais (COE), dizem não ver "nenhuma novidade" no que aconteceu com o menino. "Eles [Policiais Militares] sempre entram na comunidade com estas operações nos horários em que as crianças e trabalhadores estão saindo ou chegando. Isso sempre aconteceu", afirma Fernandes Júnior, primo do pai de Wesley, que ajudou no socorro do adolescente.
Fernandes, que mora e trabalha em uma rádio comunitária na Rocinha, contou que o menino deixou de ir ao colégio que frenquenta, a Escola Municipal Henrique Dodsworth, em Ipanema, em função da troca de tiros que teve início por volta das 6 horas. O adolescente, minutos antes de ser atingido, chegou a pedir para a mãe tomar cuidado, porque estava muito perto de uma janela e corria o risco de ser baleada. "Depois disso ele chegou para a mãe e disse 'mãe fui baleado'. Ela não acreditou de imediato, só quando viu o ferimento na altura do supercílio", conta Fernandes.
O radialista considera a localidade que a família de Wesley reside, na parte mais alta da comunidade, um dos mais complexos e impactado quando há confrontos com a PM. "E as operações sempre acontecem nos horários de maior circulação de estudantes e trabalhadores, entre 6 h e 7 h e, na parte da tarde, das 16h às 17h. Isso é brincadeira, estão querendo exterminar as crianças?", reclama Fernandes, destacando ainda que os governos sempre divulgam os horários de atividades escolares, que deveriam ser respeitados pelas forças policiais.
"Já falamos isso [sobre as operações nos horários de circulação de estudantes] um milhão de vezes. Lembra um tempo atrás quando um ônibus escolar ficou entre fogo cruzado? Então, as próprias reportagens já evidenciam este quadro. E, apesar disso, é uma coisa que sempre acontece em qualquer comunidade", salienta.
De acordo com Fernandes, o menino ficou por um longo tempo em estado de choque e sem entender o que aconteceu. "Ele chegou no hospital sem conseguir falar nada. O adolescente foi atingido de raspão por uma bala perdida no rosto dentro de casa. Wesley foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul do Rio. Segundo a secretaria de Saúde, o estado dele é estável, sem risco de morte, e passou por exames na parte da tarde e não há previsão de alta hospitalar.
A Polícia Militar informou que a operação do COE aconteceu para combater o tráfico de drogas e aconteceu em parceria com os Batalhões de Choque e Ações com Cães (BAC). Segundo a PM, foram apreendidas quatro granadas de fabricação caseira e um simulacro de fuzil. A ocorrência foi encaminhada para a 11ª DP (Rocinha). Até às 18 horas os agentes ainda ocupavam a comunidade.
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