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Festival é sinal verde para UPP no Alemão

Era para ser apenas uma mostra de talentos da gastronomia, mas pode ser a "deixa" para instalao da unidade; sucesso no primeiro evento na estao do telefrico; secretrio de Segurana, Jos Mariano Beltrame, j anunciou incio do funcionamento para este ms, com os primeiros 500 homens da fora na comunidade

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Rio_247 -Na tarde do último sábado, um festival gastronômico na estação do teleférico do Complexo do Alemão pode ter sido o sinal de que a comunidade está pronta para receber sua Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A instalação está no cronograma da Secretaria de Segurança Pública e a previsão é que seja feita de forma gradual, com início ainda neste mês de março. O evento aconteceu durante todo o sábado (24), com a presença de centenas de moradores da comunidade e visitantes que nunca estiveram no local. A ação social também é parte da estratégia montada pelo Rio de Janeiro no programa de segurança pública para a pacificação da cidade. O que era para ser apenas um encontro de comerciantes da área, mostrando seus melhores quitutes, foi uma demonstração de força do estado presente no Complexo do Alemão desde a emblemática ocupação da área por policiais, em novembro de 2011.

Em entrevista à Rádio CBN, no último dia 08, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que a instalação da UPP do Alemão aconteceria de forma gradativa. Segundo ele, pelo menos nove bases administrativas serão montadas, além de bases comunitárias. Ao todo, o efetivo deve ser de 2.200 homens. “Em primeiro lugar é claro que há previsão para essa instalação a partir de março, 500 homens em março, 500 em abril, 500 em maio e 700 em junho, mas a manutenção do Exército naquela área, no nosso entendimento, é muito maior que isso", disse o secretário.

Segundo ele, a ocupação do Alemão foi antecipada. "O Alemão era para ser feito no final desse ano e no início do ano. O Exército veio, nos ajudou e está ajudando, e aí por que desfazer essa parceria?”, explicou Beltrame, ressaltando que a presença do Exército no Alemão permite o remanejamento de policiais militares para o patrulhamento em outras áreas do estado.

"A permanência dele (o Exército) lá nos permite devolver policiais para o interior, nos permite fazer alguns remanejamentos, botar alguns policiais em estágio em outras UPPs e atender o Alemão a partir de março dentro desse cronograma", completou Beltrame.

Tudo aponta para o anúncio da instalação de uma UPP no Complexo nos próximos dias. Agora, voltando a gastronomia da comunidade, o festival foi resultado do trabalho feito com dez comerciantes pela Ong Frente Humana de Intervenções Organizadas (Fhio), parceira do Governo do Estado nos projetos sociais do PAC comandados pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP-Rio), vinculado à Secretaria da Casa Civil. E aconteceu durante todo o sábado (24), na estação do teleférico do Complexo.

"Por meio de um censo realizado na comunidade, mapeamos as áreas com maior potencial de crescimento. O setor de alimentação é um deles. Identificamos alguns estabelecimentos que tinham algum diferencial em seus serviços e começamos a trabalhar com eles. Selecionamos dez comerciantes, mas hoje temos apenas oito participando do festival com 20 pratos diferentes, típicos da comunidade", explicou a coordenadora do PAC Social, Ruth Junberg.

Entre os pratos oferecidos estavam o Big Favela, sanduíche de carne, queijo, molho e salada, que pode ser montado a gosto do freguês. O responsável pela criação é Jorge Ribeiro que, ao lado da esposa, Nilda Ribeiro, comanda o Doce Lar, casa de doces que funciona há um ano e quatro meses na Estação Itararé, mas cujo forte mesmo são os hamburguês.

"Esse festival está sendo ótimo para mostrarmos o que temos de bom na nossa comunidade. Qualquer projeto que venha para acrescentar é bem-vindo. Melhoramos muito nossa forma de trabalhar e estamos tendo mais demanda", contou Jorge, que garantiu ter o melhor pudim de leite de todo o Complexo.

De acordo com a coordenadora da Ong Fhia, Júlia Sobreira, os comerciantes passaram por três etapas de treinamento. Primeiro, a capacitação, com cursos de higiene e conservação de alimentos. Depois, oficinas de artesanato e customização. E, por fim, a criação de uma identidade visual.

"Nossa preocupação era oferecer alguma coisa que fosse viável para os comerciantes. O objetivo é proporcionar o desenvolvimento sustentável. Por isso, fizemos oficinas para ensiná-los a criar luminárias, bancos de madeira e outras peças de artesanato que vão servir para decorar os estabelecimentos. O Alemão se tornou um ponto turístico e a qualificação dos comerciantes visa atender esse público. O festival é a primeira experimentação que estamos fazendo do nosso trabalho.", explicou Julia.

Festival atrai visitantes pela primeira vez no Alemão

A estratégia deu certo. Atraídos pelo evento, muitas pessoas foram ao Complexo do Alemão pela primeira vez. Foi o caso das amigas Rose Mendes e Célia Borges, que saíram da Ilha do Governador para participar do evento. Elas aprovaram a feijoada preparada pela Dona Maria David, da Pensão Doce Menor, uma das atrações do menu, e aproveitaram para tirar fotos da paisagem.

"É a primeira vez que venho a uma comunidade. Fiquei surpresa, não imaginava que estivesse tão bem estruturada. Antes da pacificação, não teria coragem de vir", contou Rose.

A mesma opinião era compartilhada por Marli Vargas, moradora da Penha, que soube do evento pelo jornal e foi ao Alemão para conferir de perto a qualidade da comida que é feita ali.

"Estou gostando muito, é a primeira vez que venho aqui. Estou achando tudo ótimo", contou a visitante que provou o cachorro-quente do Big Mendes, lanchonete que há um ano é sucesso de público sob a batuta da proprietária Ilsa Marta Mendes.

As delícias produzidas pela Cooperativa das Mulheres também agradaram aos paladares. Bolo de milho, cuscuz e tapioca de coco com doce de leite foram as tentações que as amigas Lúcia Teresa Rodrigues, Valquíria Siqueira e Ilva Morrison levaram para o festival. A cooperativa foi criada por elas há um ano, na esteira da pacificação, com incentivo dos cursos oferecidos pelo PAC Social.

Intercâmbio entre comunidades

O festival teve a colaboração, inclusive, de outras comunidades. Regina Tchelly, da Babilônia, trouxe quiche de casca de abóbora e bolo de chocolate com calda de maracujá. Cozinheira profissional, ela promove o projeto Favela Orgânica, que oferece aulas de aproveitamento de alimentos. Ela começou o curso em sua casa e já capacitou 20 mulheres. No próximo mês, ela vai iniciar o mesmo curso para homens e crianças.

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