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Homem apontado como assassino de gari segue dizendo que não cometeu crime e que casamento com delegada acabou após crime

Renê da Silva Nogueira Júnior afirma ter sido coagido por policiais, nega confissão e relata afastamento da esposa delegada durante audiência em BH

Reprodução (Foto: Reprodução)

247 - O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, réu pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, prestou um longo depoimento de mais de duas horas durante audiência de instrução realizada nesta quarta-feira (26) em Belo Horizonte. As informações são do Metrópoles.

Na oitiva, Renê buscou desmontar a imagem de “réu confesso” atribuída a ele no início da investigação. Ele afirmou ao juiz que só admitiu o disparo porque teria sido coagido por policiais, alegando pressão psicológica e ameaças que envolveriam sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, dona da arma usada no crime. “Eu falaria o que quisessem”, disse o empresário, reforçando que teria admitido o homicídio apenas para protegê-la.

Renê foi detido após o disparo que matou Laudemir durante uma discussão de trânsito em 11 de agosto de 2025, no bairro Vista Alegre, na capital mineira. Segundo a investigação, o gari deixou o caminhão para tentar conversar com o motorista do carro quando foi baleado e morreu no local.

Repercussão pública e vida pessoal afetada

Durante o depoimento, o empresário também criticou a forma como sua trajetória foi retratada pela imprensa. Ele disse ter sido apresentado de maneira sensacionalista, especialmente após ser chamado de “empresário da Shopee”, o que, segundo ele, teria distorcido sua imagem pública e profissional.

O ponto de maior impacto, porém, foi quando Renê mencionou o efeito do caso em sua vida íntima. Ele afirmou acreditar que sua prisão e a repercussão do homicídio afetaram de forma irreversível seu casamento com a delegada. “A gente não resistiu a tudo isso”, declarou ao relatar o distanciamento emocional entre ambos e a pressão institucional enfrentada pela esposa desde o início das investigações.

A delegada Ana Paula, embora não estivesse presente no momento do crime, foi indiciada pela Polícia Civil em razão da arma usada no disparo, de sua propriedade.

Desdobramentos judiciais

A audiência desta quarta-feira fez parte da etapa de oitiva de testemunhas da defesa e do interrogatório do próprio réu. As testemunhas da acusação já haviam sido ouvidas anteriormente. O Ministério Público sustenta que Renê cometeu homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum. Ele também responde por porte ilegal de arma de fogo e fraude processual.

Se condenado por todos os crimes, o empresário pode receber uma pena superior a 30 anos de prisão. A defesa tenta anular parte das provas, alegando irregularidades durante a investigação. Um pedido de habeas corpus apresentado anteriormente foi negado pela Justiça.

Relembrando o caso

O homicídio de Laudemir repercutiu fortemente em Belo Horizonte. O jovem trabalhador de 27 anos atuava na limpeza urbana e havia descido do caminhão para tentar resolver um desentendimento no trânsito quando foi alvejado. A morte provocou comoção, protestos de colegas da limpeza urbana e acelerou a tramitação do caso na Justiça mineira.

O processo segue em curso, e o juiz responsável deve decidir, após o encerramento da instrução, se Renê será levado a júri popular.