Instituto Marielle Franco cobra julgamento dos mandantes do crime, um ano após condenação
Organização afirma que justiça ainda não foi completa e reforça apelo por responsabilização total dos envolvidos nas mortes de Marielle e Anderson
247 - O Instituto Marielle Franco e o Comitê Justiça por Marielle e Anderson divulgaram uma nota em que cobram o avanço do julgamento dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018.
O posicionamento marca a proximidade do aniversário de um ano da condenação dos executores do crime, no próximo 31 de outubro, quando o Tribunal do Júri do Rio de Janeiro sentenciou os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Segundo o Instituto, a condenação representou um passo histórico na luta por justiça, mas o país ainda aguarda o julgamento definitivo dos mandantes, apontados pelas investigações como os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.
“A sentença dos executores foi um passo importante, mas a justiça ainda não foi completa. O Brasil e o mundo esperam que o julgamento dos mandantes aconteça, porque sem responsabilização total — de quem mandou e de quem executou — não há justiça e não há democracia”, afirmou Luyara Franco, diretora executiva do Instituto e filha de Marielle.
Os três acusados estão presos preventivamente desde 24 de março de 2024, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O Instituto destacou, no entanto, que as prisões não representam o cumprimento de pena, mas uma medida processual voltada à garantia da ação judicial.
Em outubro de 2024, o Tribunal do Júri condenou Ronnie Lessa a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, e Élcio de Queiroz a 59 anos, 8 meses e 10 dias pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas), tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves — assessora de Marielle — e receptação do veículo usado no crime.
O Instituto reforçou que o caso é acompanhado com atenção por organizações internacionais de direitos humanos, sendo considerado um dos mais emblemáticos do mundo sobre a violência política contra mulheres negras, LGBTQIAPN+ e defensoras de direitos humanos.
“O julgamento dos executores foi um passo importante. Agora, a justiça que queremos é aquela que chega até o fim. Seguimos exigindo que todos os envolvidos sejam devidamente responsabilizados — por Marielle, por Anderson e pela democracia brasileira”, reforçou Luyara Franco.
Ao completar um ano da condenação dos executores e quase oito anos do crime, o Instituto Marielle Franco afirma que continuará na luta por memória, justiça e reparação, defendendo que a violência política de gênero e raça nunca mais se repita.
“Garantir justiça por Marielle e Anderson é garantir que crimes políticos contra vozes negras, femininas, LGBTQIAPN+, populares e defensoras de direitos humanos não fiquem impunes no Brasil e no mundo”, declarou a organização.



