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    Israel rises again? Tudo indica que sim

    Coloco-me inteiramente ao lado do Irã quando ameaçado ou atingido pela imposição da lei do mais forte nas relações internacionais

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    Serei sempre contra o autoritarismo, em todo e qualquer país. Considerarei sempre os estados teocráticos um medievalismo sem lugar no século 21. Lutarei sempre contra aberrações como a execução de uma mulher apenas e tão somente por ser adúltera (o resto, no caso de Sakineh Ashtiani, foram invencionices acrescentadas depois que o mundo inteiro condenou a sentença bestial).

    São princípios dos quais jamais abrirei mão, pois os tenho como indissociáveis de minha opção revolucionária. Mas, não sou maniqueísta - até porque ninguém que leu e absorveu os clássicos do marxismo o pode ser. Então, coloco-me inteiramente ao lado do Irã quando ameaçado ou atingido pela imposição da lei do mais forte nas relações internacionais.

    Como, desde meados do século passado, Israel vem sendo o pior estado transgressor das normas civilizadas e aquele que mais vezes teve suas práticas repudiadas pela ONU - só se salvando de punições concretas graças aos vetos estadunidenses no Conselho de Segurança -, não faz nenhum sentido impedir-se o Irã de ter a bomba atômica, já que os desequilibrados israelenses a possuem.

    Que confiança merecem quem foi capaz de desencadear um genocídio tão escabroso quanto o da faixa (gueto?) de Gaza, na virada de 2008 para 2009? E de lançar ataque pirata contra uma embarcação de auxílio humanitário, assassinando pacifistas? E de, em 1975, oferecer petardos nucleares ao execrável regime do apartheid sul-africano?

    Desarmamento, sim. Unilateral, não. Fanáticos por fanáticos, o arsenal nuclear de Israel representa perigo tão grande para a humanidade quanto o que alegadamente o Irã estaria tentando criar. É, sem sombra de dúvida, a primeira nação em qualquer relação honesta das que precisam ser desarmadas, pois se trata da que massacra sistematicamente os vizinhos.

    Quanto aos assassinatos de cientistas e técnicos que tocam o programa nuclear iraniano, merece o meu mais veemente repúdio.

    Tudo leva a crer que o culpado seja mesmo o mordomo. A tradição israelense de desrespeito à soberania alheia vem de muito longe --quem não se lembra, p. ex., do ultrajante sequestro de Adolf Eichmann na Argentina, em 1960? Ou da Operação Entebbe, em 1976?

    É um estado que prima por agir, na vida real, como a Spectre das fantasias de James Bond. E, pior, seu serviço secreto (o Mossad) é muito mais eficiente do que a CIA na implementação dessas ações piratas.

    Então, são mais do que justificadas as suspeitas de que provenha de Israel o atentado que matou, na última 4ª feira (11), o cientista Mostafa Ahmadi-Roshan, o quinto funcionário importante do programa nuclear iraniano assassinado desde 2007.

    Além das matanças seletivas, direcionadas contra alvos específicos, houve também a carnificina indiscriminada na instalação nuclear de Isfahan, explosão cujo saldo foi um general e 16 pessoas dizimadas, em novembro último.

    Já se passaram alguns anos desde que qualifiquei Israel de IV Reich. Infelizmente, continua fazendo por merecer a láurea.

    Quanto ao Irã, tem minha total solidariedade com relação a tais atentados terroristas, o que não me impedirá de continuar repudiando incisivamente suas violações de direitos humanos e direitos civis. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

    Em ambos os casos sigo meus princípios, que não distinguem países e regimes, aplicando-se a qualquer um que incorra em práticas condenáveis. Não há nenhuma justificativa admissível para a barbárie e revolucionários de verdade jamais devem aliviar para os que nela incidam.

    Celso Lungaretti é jornalista, escritor e autor do livro Náufrago da Utopia.

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