Morador relata execução e retaliação de policiais da Core durante operação no Complexo da Penha
Robson, morador da Vila Cruzeiro, afirma ter testemunhado policiais da Core executando um homem ferido e destruindo seu carro após ele gritar “covardia”
247 - Em entrevista ao jornalista Marcelo Auler, da TV 247, um morador da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, denunciou ter presenciado uma execução cometida por policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e, em seguida, ter sido alvo de represálias e destruição de seu carro após reagir à cena.
O relato foi feito nesta quarta-feira (29) enquanto Auler acompnhava os desdobramentos da operação policial que deixou mais de 100 mortos na região.
O homem, identificado como Robson, disse em entrevista que mora há seis meses na Vila Cruzeiro e descreveu o momento em que viu policiais entrarem em um beco próximo à Vacaria, uma das localidades do complexo. “Eu estava na janela da minha casa e vi quatro policiais entrarem no beco com um cidadão baleado. O cidadão estava vivo e eles o carregam pelos ombros, mas estava andando... Botaram ele no beco. O policial deu três passos para trás, deu cinco a seis tiros nele”, relatou.
Segundo Robson, após os disparos, os policiais se abraçaram e saíram puxando o corpo da vítima. Ele afirma ter gritado da janela, chamando a ação de covarde. “Eu gritei que aquilo era uma covardia”, disse.
O morador afirma que os agentes reagiram de forma agressiva. “Foi o pessoal da Core. Eu lembro que um era moreno forte, o outro calvo, barbudo. Eles vieram me perguntar o que eu estava fazendo, pediram meu documento, quiseram entrar na minha casa”, contou.
Robson apresentou sua identidade e foi liberado. No entanto, na manhã seguinte, encontrou seu carro totalmente destruído. “Meu carro estava todo destruído. Os moradores falaram que foi o policial da Core, barbudo, que quebrou o carro com o fuzil e furou todos os pneus. Arrebentaram todas as rodas com faca e alicate. O carro tá lá em cima, todo destruído”, relatou, exibindo fotos e vídeos dos danos.
O morador afirmou que pretende registrar ocorrência, mas teme por sua segurança. “Agora eu vou dar queixa na polícia contra a polícia. Mas quem me garante a minha integridade física contra eles? Fica difícil. Por isso que os moradores não conseguem denunciar. Como é que você denuncia polícia para a polícia?”, indagou.
O caso expõe o clima de medo e desconfiança entre os moradores da Vila Cruzeiro e de outras comunidades atingidas por operações policiais recentes. “Eu reclamei ontem da covardia que estavam fazendo com o rapaz. Hoje eles me deram esse prejuízo, quebraram meu carro todo. Eu tô indo trabalhar, não sei nem como, porque o carro tá destruído”, concluiu.



