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Número de vítimas do coronavírus em MG pode ser 800% maior que o divulgado

As mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) saltaram de 116 para 1.088, um aumento de 838% durante a pandemia da Covid-19 em Minas. Porém entraram na testagem para a Covid-19 apenas 3.139 (38,7%) doentes e 307 (28,2%) mortos com esse quadro, de acordo com o Ministério da Saúde

Número de vítimas do coronavírus em MG pode ser 800% maior que o divulgado

247 - As doenças pulmonares como a infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), chamadas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), afetaram mais mineiros que em 2019, com 8.099 doentes neste ano contra 1.024 do mesmo período do ano passado, um aumento de 691%. As mortes saltaram de 116 para 1.088, um aumento de 838% durante a pandemia. Mas entraram na testagem para a Covid-19 apenas 3.139 (38,7%) doentes e 307 (28,2%) mortos com esse quadro, de acordo com o Ministério da Saúde (MS). As informações são do jornal O Estado de Minas

A defasagem de diagnósticos sem resposta é uma das piores do país. Dos 3139 casos de doentes com SRAG, 1.385 (44%) esperam um resultado segundo dados da última semana epidemiológica fechados no MS. Por consequência, Minas Gerais é o 13º estado em diagnósticos não confirmados proporcionais aos realizados. 

Outro detalhe é que, com 72 diagnósticos pendentes dos 307 testados com o quadro respiratório grave, um índice de 23,5%, deixa a unidade federativa na 19ª posição em relação a testagens pendentes de resultados para óbitos.

Uma pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia publicada com o título "Subnotificação de mortes pela Covid-19 no segundo estado mais populoso do Brasil" apontou uma discrepância de 209,23% de números e evidenciam que um aumento de 648,61% de mortes pela SRAG no período analisado seja, na verdade, um efeito do coronavírus. 

Segundo o estudo, houve um crescimento de 5,36% dos casos de pneumonia e 5,72% de insuficiência respiratória no estado, que seriam evidências de infecções pelo novo coronavírus ainda não diagnosticadas.

Outro lado

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que não sabe o que levou à explosão de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e admitiu que podem se tratar de casos de coronavírus.

"Neste momento, há inúmeras hipóteses sobre o aumento do número de casos (de SRAG) e este fato pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar casos de SRAG, à circulação de outros vírus sazonais e à circulação da COVID-19 na população mundial. Contudo, a classificação por associação ao (vírus) SARS-CoV-2 só pode ser atribuída por meio de evidência laboratorial ou por evidência clínico epidemiológica de um caso que esteja diretamente vinculado a outro caso, que tenha sido laboratorialmente confirmado", disse.

De acordo com a pasta, várias doenças respiratórias podem evoluir com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), "desde uma asma, bronquite, passando por uma pneumonia, tuberculose, intoxicação exógena, edema agudo de pulmão, câncer, além das gripes e do próprio coronavírus". 

A secretaria afirmou que os casos graves de SRAG, que tiverem indicações clínicas e epidemiológicas para coronavírus serão testados para a COVID-19. 

"Em 2020, tivemos um número maior de notificações (da SRAG), mas esse aumento não refletiu linearmente na sobrecarga do sistema público de saúde. Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames", disse. 

"Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo", continuou.