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Pandemia agrava desigualdade social no Rio: 10% mais ricos têm 74 vezes mais do que os 40% mais pobres

Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro a distância foi ainda maior: 109,6%

Oxfam Brasil mostra que aumentou a desigualdade nesta pandemia (Foto: Abr)

Agenda do Poder - O Rio de Janeiro está mais pobre e, a cada ano, ainda mais desigual. A situação começou a se agravar a partir de 2015, e se aprofundou no ano passado, com a pandemia. O rendimento médio dos 10% mais ricos da população passou a ser 74 vezes maior do que o rendimento médio dos 40% mais pobres. E foi na Região Metropolitana onde essa distância mais aumentou: 109,6%. 

Em todo o país, os brasileiros tiveram queda na renda em 2020. Mas nesse quesito a Região Metropolitana do Rio tem um recorde negativo. A população mais pobre perdeu – em média – metade da renda no primeiro trimestre do ano passado. 

Um outro indicador cruel revela que também aumentou (+30,5%) foi o número de pessoas vivendo com apenas um quarto de um salário mínimo, em torno de R$ 250 por mês. 

O índice de Gini, que é usado para medir a concentração de renda, é analisado assim: quanto mais perto de zero, melhor a distribuição.No primeiro trimestre de 2020, a Região Metropolitana atingiu o valor de 0, 687. Resultado pior do que o do RJ só o de João Pessoa, capital da Paraíba. 

Para o professor André Salata, da PUC-RS, em alguma medida o resultado se explica pelo alto nível de informalidade no Rio de Janeiro. 

"Em geral, 36% da força de trabalho do Rio é informal. Só que quando a gente pega as pessoas que estão na base da pirâmide, 40% mais pobres, mais de 60% estão na informalidade. E as pessoas que estão na informalidade estão completamente desprotegidas nesse cenário de pandemia", analisou. 

"É fundamental que a economia volte a funcionar de forma efetiva. Nesse contexto, é necessário que o governo tenha condições de assistir a população que está sofrendo com essa situação da pandemia", afirmou Marcelo Ribeiro, professor da UFRJ. 

"Vai ser necessário que o governo realize investimento inclusive naquelas áreas de infraestrutura, como saneamento, abastecimento de água, moradia... Que são investimentos geradores de emprego e que são também capazes de resolver esses problemas que a pandemia expressou de forma muito grande nas metrópoles", acrescentou Ribeiro, que também é pesquisador do Observatório das Metrópoles.

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