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PF aponta que TH Jóias negociou equipamentos antidrones com o Comando Vermelho

Conversas interceptadas revelam intermediação de ex-deputado com líderes da facção e pagamentos em 27,5 mil cédulas de R$ 2

Ex-deputado TH Jóias aparece deitado sobre milhões em dinheiro, conforme imagens da Polícia Federal (Foto: Reprodução/Relatório MPF)

247 - Mensagens interceptadas pela Polícia Federal revelam que Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, intermediou junto ao Comando Vermelho a compra de equipamentos antidrones de uso ilegal. De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo, o ex-deputado contou com a participação de seu ex-assessor Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, para negociar os aparelhos, avaliados em até R$ 750 mil. Parte do pagamento foi feita de forma inusitada: R$ 55 mil em notas de R$ 2, o equivalente a 27,5 mil cédulas.

Segundo a investigação, TH colocou seu ex-assessor em contato com Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, braço direito de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe do Comando Vermelho no Complexo do Alemão. As conversas mostram que, inicialmente, TH mencionou a compra de um antidrone para uso pessoal, após ser multado diversas vezes em seu condomínio. O interesse do tráfico surgiu logo depois, quando Índio perguntou sobre o preço e ouviu que o equipamento custaria pelo menos R$ 750 mil e seria difícil de conseguir por ser ilegal.

Mesmo antes de assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), TH demonstrava atenção ao cenário político estadual, como indicam suas mensagens a Índio: “Tem que ficar na atividade total. Vão sufocar até prender alguém de nome. Governador está tomando muita porrada dos deputados (sic)”.

Na sequência, TH encaminhou a Índio áudios de Dudu explicando a potência dos equipamentos e oferecendo suporte logístico. “São 5 km. Atravessa a comunidade inteira”, disse o ex-assessor, que ainda se dispôs a morar em um apartamento próximo à favela para ensinar os criminosos a manusear os aparelhos. Dias depois, o ex-deputado informou que os equipamentos já estavam chegando: “Chegou duas e outras duas vão chegar. Uma já foi para Parada de Lucas e outra pro Complexo da Maré”.

As mensagens também revelam atritos sobre os pagamentos. Em dezembro, TH cobrou Índio pelo atraso de R$ 160 mil referentes às “bazucas” antidrones: “Saí lá da Barra pra vr pra cá e fiquei até 3 horas da manhã. Tem coisa que não preciso passar. Tu é meu amigo e sou grato por tudo que fez comigo, mas 3 horas da manhã saindo da favela não posso. Vou evitar isso aí”, escreveu.

No mês seguinte, em janeiro de 2024, Índio enviou a TH uma foto com blocos de notas compactadas em elásticos e plástico filme, cada maço identificado com a inscrição “5 mil”. Junto à imagem, a mensagem: “Dá Bazuca dos drones. Só de 2. Notas”. Segundo a PF, tratava-se do pagamento de R$ 55 mil em cédulas de R$ 2 ao ex-deputado.

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