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Quem é Benny Briolly, a primeira vereadora trans eleita em Niterói

Antes de ser eleita, Benny foi a primeira assessora parlamentar transexual a trabalhar no Legislativo da cidade em 2016

(Foto: Rafael Lopes)
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Jaqueline Deister, Brasil de Fato - Benny Briolly, de 29 anos, é a primeira vereadora transexual a assumir um mandato na Câmara Municipal de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Com 4.458 votos, a candidata foi a quinta mais bem votada para ocupar uma vaga na Casa Legislativa.

Nascida e criada em Niterói, Benny morou até os 20 anos no Fonseca, bairro da zona norte do município. Atualmente é estudante de Jornalismo e vive no Morro da Penha, no bairro de Ponta d´Areia. Sua trajetória na política partidária começou em 2013, ano que entrou para o Partido Socialismo e Liberdade (Psol).

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Em 2016, foi convidada para compor o mandato da então vereadora de Niterói, Talíria Petrone (Psol), hoje deputada federal, e enfrentou o preconceito ao ser a primeira mulher trans a ocupar uma vaga de assessora parlamentar na Câmara Municipal.

O Brasil de Fato conversou com a recém-eleita vereadora. Na entrevista, Benny fala sobre as ameaças sofridas ao longo da campanha, a necessidade de se debater direito à cidade com recorte de raça, gênero e classe e dos desafios que encontrará na Câmara em 2021.

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Brasil de Fato: Você é a primeira transexual eleita para a Câmara de Niterói. O que a população de Niterói pode esperar de diferente no seu mandato? 

Benny: Acho que a minha eleição representa outros marcos com o alinhamento da conjuntura política da cidade. Niterói é um município extremamente desigual, onde nitidamente a política ainda é um distanciamento concreto dos setores populares e que, não à toa, não existe em si uma participação popular dos territórios da cidade alinhados com a institucionalidade. 

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Quando a gente vai votar o Plano Diretor, orçamento, um momento em que a participação popular da cidade é de extrema importância, isso não acontece dentro da Câmara Municipal. A minha eleição representa o enfrentamento a essa velha política que é conservadorista, fascista, distante do povo, da vida concreta, da vida na favela, daqueles e daquelas que não se veem dentro da política.

Acho que a minha eleição representa tanto uma resposta à onda conservadora que vem crescendo não só em Niterói, mas no Brasil inteiro. 

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Também ao que significa hoje a nova política de afirmação, de garantia de direitos, a política que precisa ser casada com uma política combativa. Ainda significa um corpo com representatividade, com aquilo que a gente toca, planeja dentro de um aspecto intelectual, mas que seja físico, que as pessoas possam se ver, sentir o que é a política e que ela não é distante do povo e da vida concreta.

Quais as pautas que você irá colocar na Câmara neste primeiro momento?

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A gente vai tratar muito do direito à cidade com recorte de raça, gênero e classe, além de pauta de mulheres, LGBTQI+, de favela, território, antirracista, de negros e negras e a pauta da assistência na cidade. Eixos cruciais também são a Saúde e a Educação.

Queremos reestruturar um debate na Câmara Municipal na questão da Educação. 

É preciso que a Educação na cidade avance, que a Lei 10.639, que fala sobre o ensino afro e as religiões de matriz africana dentro das escolas da cidade se consolide. É preciso fiscalizar para que essa lei seja cumprida e que a gente possa ter alguma decisão dentro do parlamento que garanta, que legitime o debate de gênero, de diversidade tanto de gênero, quanto de expressão de orientação sexual dentro das escolas do município.

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Se faz mais do que necessário fazer esse enfrentamento, pensar os territórios, o orçamento da cidade entendendo que Niterói é uma cidade de mais de R$ 3,5 bilhões [de orçamento], onde as mulheres negras têm apenas 3% de ensino integral gratuito para deixar seus filhos, por isso que rompem seus sonhos de estudarem e fazer uma carreira profissional. 

Durante a sua campanha eleitoral você foi vítima de ameaças de morte e ataques em suas redes. Você teme que essa violência política contra você aumente agora que conquistou uma cadeira na Câmara?

Não só eu, como o Psol Niterói, estadual e do Brasil inteiro. A gente acredita que agora as medidas de segurança devem ser triplicadas pelas ameaças que já foram feitas, pelo o que o meu corpo representa numa cidade extremamente fascista e conservadora, mas também uma reflexão de todas as ameaças de interceptação da PF [Polícia Federal] que a Talíira [Petrone] vem sofrendo e como que isso também pode se reverberar em mim de diversas formas.

Ao seu ver, quais serão as principais dificuldades que você vai enfrentar na Câmara, mesmo o Psol tendo obtido a segunda maior bancada?

É o enfrentamento para que a política seja concreta, seja e esteja para o povo. A gente tem um governo [prefeito] Rodrigo Neves [PDT], que tem uma série de deficiências, de elementos que são contraditórios à política que deveria ser real na cidade. Uma política que deveria pensar e assegurar a vida das pessoas como um todo, mas não é isso que acontece. 

"Temos uma cidade extremamente vendida e privatizada."

Vemos o crescimento das OSs [Organizações Sociais] cada vez mais pesado no município. Isso com a desvalorização dos profissionais de saúde, com o distanciamento da saúde das pessoas pobres e periféricas, o quanto isso é grave, a gente vê cada vez mais Niterói vendida aos grandes empresários. 

Além disso, o município tem uma passagem absurda. O valor de passagem por quilometragem rodada na cidade é uma das mais caras do Brasil. Vemos o quanto que o município ainda é desigual e o quanto a pandemia deixa sequelas em Niterói, como ela vai interferir na economia da cidade.

Sabemos que o município é rico, que o governo Rodrigo Neves enriqueceu bastante com o desenvolvimento humano da cidade, com o orçamento que é mais de R$ 3,5 bilhões e ele sabe que Niterói tem grana para tocar uma política de reparação, de empregabilidade e renda e de assistência.

"O maior enfrentamento será garantir que o parlamento não seja mais um 'puxadinho' do governo municipal."

Precisamos articular para que Axel [Grael, prefeito eleito] possa ter um compromisso maior com o município do que teve Rodrigo Neves.

Assista à participação de Benny Briolly na TV 247:

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