Relatos de moradores de favela do Guarujá reforçam: 'os PMs vêm para nos matar'
Moradores da comunidade Vila Baiana relatam crimes como assassinato e tortura, além de violações aos direitos humanos. Ação policial no último fim de semana matou 12 pessoas
247 - O homicídio de um policial militar, seguido pela operação de repressão deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que deixou ao menos 12 pessoas mortas no Guarujá, cidade litorânea de São Paulo, deixou um rastro de medo e de terror na Vila Baiana. Segundo o UOL, os moradores da comunidade relatam crimes como assassinato e tortura cometidos pelos policiais, além de violações aos direitos humanos. >>> PM de Tarcísio reconhece 12 mortes na chacina do Guarujá e estende operação para Santos
Um dos casos citados é o do vendedor ambulante Felipe Vieira Nunes. Ele teria sido torturado e assassinado com ao menos nove tiros “por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de sexta-feira (28), após sair de casa para comprar cigarro, segundo o relato de parentes e vizinhos”.
“Depois de uns cinco minutos, teve tiro de novo. Aí, os policiais entraram na minha casa para tirar as balas que estavam no muro. Eles ficavam perguntando se a gente tinha visto ou ouvido alguma coisa", contou uma mulher ouvida pela reportagem. >>> "Não param de chegar novas denúncias", diz ouvidor das Polícias de São Paulo sobre chacina durante operação no Guarujá
Uma outra moradora, que não quis ser identificada, afirmou que policiais militares invadiram a sua casa horas antes da morte de Felipe e ameaçaram matar os seus dois filhos. Ela disse ter procurado a Polícia Civil para registrar ocorrência sobre o fato, mas afirmou ter sido desaconselhada pelos agentes que teriam se comprometido a "advertir" os PMs.
“Eles iriam matar os meus filhos na minha frente. Nós estamos abrindo as portas para eles. Mas eles estão vindo para nos matar”, disse a catadora de materiais recicláveis. >>> "Tarcisio tem que ser responsabilizado pela chacina do Guarujá. Ele avalizou o massacre", diz Alex Solnik
Um ajudante de pedreiro relatou que passou a ser hostilizado pelos policiais após informar que já tinha sido condenado por uma tentativa de roubo em 2011. “Ele [policial] se alterou e disse que daria um tiro na minha cara na frente da minha filha. A situação só não piorou porque a minha mãe estava ali. Eles estão subindo o morro com ódio”, afirmou.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as mortes resultantes da operação policial na região estão sendo "rigorosamente investigadas” pela Divisão Especializada de Investigações Criminais ( Deic) de Santos e pela própria Polícia Militar.
A Ouvidoria das Polícias de São Paulo, Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (o Condepe) também estão acompanhando as investigações sobre a chacina ocorrida na Baixada Santista.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que não houve excessos por parte da polícia, mas o ouvidor Claudio Silva destacou que "não param de chegar novas denúncias" de violações dos direitos humanos durante a chamada “Operação Escudo”, deflagrada após a morte de um policial.
