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Rodrigo Manga, o prefeito tiktoker, tentou lucrar nas redes com operação da PF

Relatório afirma que prefeito afastado de Sorocaba e a esposa produziram vídeos apelativos para engajar público e monetizar tese de “perseguição política”

Rodrigo Manga (Foto: Reprodução )

247 - O prefeito afastado de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), é acusado pela Polícia Federal de explorar financeiramente a própria investigação que o colocou no centro da Operação Copia e Cola. De acordo com reportagem do g1, um relatório da PF detalha que ele e a esposa, Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, teriam criado uma estratégia para transformar o “escândalo” em engajamento e remuneração nas plataformas digitais.

Manga está afastado do cargo desde 6 de novembro por determinação da Justiça Federal. Ele é investigado por suspeita de liderar uma organização criminosa envolvida em contratos públicos e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, logo após a operação deflagrada em abril, o prefeito e sua equipe passaram a intensificar a produção de vídeos, adotando conteúdos provocativos e repetindo a narrativa de que seria vítima de “perseguição política” para atrair visualizações.

PF vê “espetáculo” e aponta deboche em vídeos publicados após operação

O relatório da Polícia Federal afirma que o prefeito afastado não apenas reagiu com ironias à ação policial, mas também passou a explorar o episódio como fonte de renda. A PF classifica o comportamento de Manga como um “espetáculo de deboche e desdém”, iniciado poucas horas depois de a corporação ter deixado sua casa, em 10 de abril.Nesse mesmo dia, o prefeito publicou um vídeo no Instagram afirmando que a PF, motivada pela “denúncia da denúncia”, teria encontrado em sua residência apenas “bolo de cenoura, Nutella e o Pokemón que o filho tanto ama”.

Para os investigadores, esse tipo de conteúdo fazia parte de uma estratégia previamente discutida dentro da própria família. A análise de conversas de WhatsApp dos meses de janeiro e fevereiro de 2025 mostra que a monetização dos vídeos era tratada como um objetivo claro.Segundo o relatório, “quanto mais apelativos os vídeos publicados, mais visualizações são geradas, mais engajamento” — e, consequentemente, maior retorno financeiro. Essa dinâmica estaria por trás das publicações e das entrevistas nas quais o prefeito repetiu diversas vezes a tese de ser alvo de perseguição política.Atuação da esposa e técnicas para monetizar

A participação de Sirlange na estratégia é detalhada pela PF. Em mensagens enviadas ao marido, ela explicava como adaptar os vídeos para aumentar os ganhos nas plataformas. Em um dos diálogos, ela orientou:“O vídeo do TikTok, ele tem que ser maior do que um minuto... Ele tem que bater um pouco mais de um minuto... Então eu preciso que arrume no TikTok... Para haver a monetização”.Segundo o documento, os dois também trataram de outras publicações destinadas a gerar tráfego, incluindo um vídeo gravado por Manga em maio de 2025 sobre um suposto sequestro de uma pessoa.A PF concluiu que a estratégia era nítida: “Em resumo, a propagação da fantasiosa tese de que está sendo vítima de perseguição política [...] está gerando dinheiro para Rodrigo Maganhato.”Para a corporação, a conduta do investigado representa “escárnio para com os órgãos públicos do Sistema de Justiça Criminal”.

O que dizem as defesas

Em nota, a defesa de Rodrigo Manga, representada pelo escritório Bialski Advogados Associados, afirma que todo o inquérito tem origem ilegal e estaria sendo conduzido por autoridade incompetente. Para os advogados, a investigação seria “fruto de perseguição política”.A nota sustenta ainda que não há elementos concretos que relacionem o prefeito às supostas irregularidades. Segundo a defesa, os fatos investigados remontam a 2021, o que afastaria qualquer risco ao exercício do mandato:

 “Mandato este, inclusive, conquistado nas urnas, de forma legítima e maciça.”
Os advogados dizem confiar no “pleno restabelecimento da verdade” e afirmam que todas as medidas jurídicas cabíveis estão sendo tomadas.A defesa de Sirlange, também representada pelo mesmo escritório, afirma que todas as operações financeiras mencionadas na investigação são lícitas, documentadas e declaradas ao Imposto de Renda. Os advogados dizem que os serviços prestados foram reais e os valores faturados correspondem às atividades executadas, com todos os tributos recolhidos. A nota conclui rejeitando as acusações e defendendo o arquivamento do caso.

Operação Copia e Cola
A Operação Copia e Cola investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e fraudes envolvendo contratos públicos em Sorocaba. Segundo a PF, o grupo investigado movimentou mais de R$ 11 milhões em depósitos e transações consideradas suspeitas. Além de Manga e Sirlange, outros integrantes do núcleo político e empresarial da cidade também são alvos.O prefeito afastado está proibido de ter contato com diversos investigados, e o caso continua em análise pela Justiça Federal.

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