Saturnino Braga defende "legalização" das drogas
Ex-prefeito do Rio da Janeiro na década de 1980, Saturnino Braga defende a "legalização regulamentada do uso e comércio de drogas"; para ele, este é o único caminho para reduzir os índices de violência no país, sobretudo no Rio de Janeiro; "Eu, pessoalmente, estou bem convencido da tese, que não é nova nem extravagante, mas parece revolucionária diante da imobilidade conservadora que só encontra soluções na reação armada", diz; ele diz ainda que tem "forte tendência a aceitar a ideia de Marcelo Freixo (PSOL) em relação ao tema, que propõe que adolescentes infratores sejam obrigados a frequentar a escola até concluir o Ensino Médio
247 - Ex-prefeito do Rio da Janeiro na década de 1980, Saturnino Braga defende a "legalização regulamentada do uso e comércio de drogas". Para ele, este é o único caminho para reduzir os índices de violência no país, sobretudo no Rio de Janeiro. "Eu, pessoalmente, estou bem convencido da tese, que não é nova nem extravagante, mas parece revolucionária diante da imobilidade conservadora que só encontra soluções na reação armada. É preciso dialogar mais enfaticamente, sacudir e convencer a maioria envenenada pelo noticiário sensacionalista que incita à guerra", diz.
Braga diz ainda que tem "forte tendência a aceitar a ideia de Marcelo Freixo (PSOL) em relação ao tema. "Propõe então Marcelo Freixo: que se anistiem esses menores infratores, sob a condição de que freqüentem a escola até terminarem o segundo grau. Olhem que proposta mais ousada e interessante. Para debate, obviamente; para um debate sério com a população e com as autoridades que têm a responsabilidade do trato com esses menores", expõe.
ACABAR COM A GUERRA
Saturnino Braga
O Brasil está em guerra, e é preciso acabar com ela. É realmente um espanto o número de policiais que morrem no confronto. E outro espanto, maior, o número de jovens mortos pela polícia. Falo dos números do Rio de Janeiro mas a guerra do tráfico está em todo o País, e é insustentável. Faz cinqüenta anos que adotamos a política de criminalização e repressão às drogas e o resultado positivo é nenhum, contra este monstruoso efeito negativo que devasta a vida da nossa juventude, civil e policial.
Além da devastação de vidas há a deterioração moral da sociedade, com a hipocrisia de uma elite que paga pelas drogas e mantém cada vez mais atrativo o mercado, enquanto. de outro lado, apóia a política de guerra que promove a matança da juventude pobre, engajada no alto risco em busca do nível de consumo daqueles pagantes.
Há que mudar esta política!
Siro Darlan, destacado e respeitado desembargador do Tribunal do Rio, observador e estudioso desta questão, propôs, num seminário recente organizado pela Sociedade AMAR, a legalização regulamentada do uso e do comércio de drogas. E argumentou com o contraste entre os resultados deletérios da nossa política de criminalização e os efeitos muito animadores obtidos por Portugal, que há dez anos adotou a legalização bem regulamentada. O mesmo caminho seguido recentemente pelo nosso civilizado vizinho Uruguai.
Eu, pessoalmente, estou bem convencido da tese, que não é nova nem extravagante, mas parece revolucionária diante da imobilidade conservadora que só encontra soluções na reação armada. É preciso dialogar mais enfaticamente, sacudir e convencer a maioria envenenada pelo noticiário sensacionalista que incita à guerra. Padre Agnaldo, outro estudioso do tema que moderava o debate do Seminário, sentenciou religioso ao final: aceitamos que se deve com urgência aprofundar este debate! O com urgência teve ênfase.
Bem, no mesmo seminário da AMAR havia um outro debatedor ainda mais polêmico: o relevante deputado Marcelo Freixo. A AMAR cuida, com carinho acolhedor, de meninos que vivem na rua, com o intuito de lhes dar uma formação digna e feliz. Muitos, entretanto, acabam cometendo delitos e são recolhidos a um desses lamentáveis depósitos de menores infratores, que concluem a pior formação possível sobre esses meninos.
Propõe então Marcelo Freixo: que se anistiem esses menores infratores, sob a condição de que freqüentem a escola até terminarem o segundo grau. Olhem que proposta mais ousada e interessante. Para debate, obviamente; para um debate sério com a população e com as autoridades que têm a responsabilidade do trato com esses menores.
Tenho forte tendência a aceitar também essa idéia mas gostaria de ouvir essas autoridades. Acho que teria de ser uma escola especial, esta que o deputado propõe, algo como tivemos aqui no Rio, a Escola Tia Ciata, especial para meninos de rua, uma das experiências mais promissoras do Rio, liderada por Lígia Costa Leite e extinta por visão retrógrada.
Enfim, a Democracia é o debate que escuta com seriedade todas as partes, e o Brasil pode e deve seguir na vanguarda desta renovação democrática que avança no mundo.
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