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Sudeste

Seguranças do Metrô de São Paulo agridem adolescente negro

Imagens mostram garoto sendo agredido, jogado no chão e sufocado; ‘quanto mais falávamos para parar, mais violentos eles ficavam’, diz testemunha

(Foto: Reprodução)
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Ponte - Seguranças do Metrô foram gravados agredindo um adolescente negro de 15 anos, neste domingo (8/12), na estação Tamanduateí da Linha 2 – Verde. Nas imagens, obtidas pela Ponte, é possível observar a ação truculenta dos agentes, que seguram o garoto com força, torcem o braço dele e dão um mata-leão, antes de jogá-lo ao chão. Ele pede socorro e parece ter dificuldades para respirar.

Testemunhas apontam que os seguranças estavam justificando a ação afirmando que o adolescente havia cometido um furto no trem. Nas imagens, é possível escutar as pessoas falando que o garoto estaria com uma “sede” em referência ao uso de maconha e que isso também teria contribuído para a violência.

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Quem acompanhou a cena ficou em choque. “Cheguei quando eles já estavam torcendo o braço dele. Começou a aglomerar bastante gente, comecei a gritar para soltar, que não precisava daquela força, o pessoal em volta gritou também”, conta a pesquisadora Fernanda Harumi, 26 anos. “Eles [seguranças] só foram intensificando a agressão. Quanto mais falávamos, mais faziam”, continua.

Teve quem concordasse com a agressão e dissesse que “bandido tinha que apanhar, mesmo”. Fernanda conta que, nessa hora, os seguranças começaram a justificar a ação por causa de um suposto furto que teria acontecido na estação minutos antes. Eles afirmaram que o jovem era suspeito. A testemunha relata que nada foi encontrado na bolsa ou na calça do jovem.

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“Bateram um rádio para eles e disseram que tinha tido um furto. Eles chegaram e pegaram o primeiro menino negro que viram, ele não estava fazendo nada. Fizeram essa cena horrível”, conta a pesquisadora, se referindo à troca de informações entre seguranças do Metrô, também chamado de “bater rádio”.

A abordagem durou cerca de quatro minutos. Com a multidão em volta, os guardas optaram por levar o jovem até uma sala. Segundo Fernanda, permaneceram trancados com ele por cerca de uma hora. “Deram soco na cabeça dele. Eu fiquei lá e disse que só ia embora quando soubesse que ele estava bem”, relembra.

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Da sala, jovem e seguranças partiram para duas delegacias até encontrar a que tinha cobertura da área. No 56º DP (Vila Alpina), testemunhas prestaram depoimento. Fernanda conta que um técnico do Metrô esteve presente e, após o delegado pedir imagens de câmeras de segurança, ele teria explicado que elas “não gravaram”.

A pesquisadora conta que seu José, avô do rapaz, sabia que o neto estava vendendo balas no Metrô como forma de sustento. “Mas no momento ele estava distribuindo papelzinho e comendo batata do MC Donald’s que ganhou”, completa Fernanda.

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Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), confirma a informação de Fernanda. “O delegado me mostrou na delegacia o que foi apreendido: uns panfletos pedindo dinheiro para ajudar a família. Os abusos praticados por seguranças do Metrô de São Paulo são comuns e cotidianos. Eles recebem ordens para expulsarem os pedintes e vendedores ambulantes”, critica.

Em nota, o Metrô informou que “a equipe de segurança do Metrô foi alertada por uma passageira sobre um menor com atitude suspeita. Ao ser abordado, constatou-se que o mesmo estava portando drogas ilícitas. O menor reagiu e os agentes precisaram contê-lo. Uma PM, que desembarcava no local, tomou conhecimento do fato e prestou auxílio aos agentes de segurança”.

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Ariel critica a nota do Metrô pela falta de provas. “Nenhuma vítima foi apresentada ou identificada pelos seguranças”, destaca.

A Ponte questionou a SSP sobre a ação da PM e o registro da ocorrência, mas até a publicação da reportagem não havia um retorno.

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