Tragédia e dor: mulher de policial morto no Rio fala sobre perda irreparável
'Tínhamos uma vida inteira pela frente, cheia de planos que agora se transformam em saudade' desabafou Rosi Correa
Agenda do Poder - A mulher do policial civil Rodrigo Veloso Cabral, de 34 anos, fez um desabafo nas redes sociais após a morte do agente, que estava na corporação havia apenas dois meses. Ele foi baleado durante a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, nesta terça-feira (28), e não resistiu.
“Você foi o meu primeiro e único grande amor, o melhor amigo, o marido que me fazia sentir a mulher mais amada e segura do mundo. Tínhamos uma vida inteira pela frente, cheia de planos que agora se transformam em saudade”, escreveu Rosi Correa em seu perfil no Instagram.
Ela também publicou uma foto ao lado de Rodrigo e da filha do casal. “O que mais me conforta é saber a pessoa que você era dentro de casa. O melhor pai que nossa filha poderia ter. O pai carinhoso, presente, que ensinava com paciência, que brincava com a energia de uma criança, e que a olhava com um orgulho que iluminava seu rosto. Ela era seu mundo, seu maior amor, e em cada gesto seu ela sentiu isso. Olho para ela, e vejo a sua luz, o seu sorriso, a sua força”.
O corpo de Rodrigo vai ser velado às 14h no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte. O enterro está previsto para às 16h.
Torcedor amado
O policial torcia para o Botafogo e frequentava os jogos com a família. Nas redes sociais, o Movimento Ninguém Ama Como a Gente, grupo de torcedores que organiza festas do clube, postou uma homenagem.
“Mais um cidadão residente do Rio de Janeiro a morrer na guerra sem fim que vive o estado do Rio. Desejamos muita força para família e colocamos todo o amor da Nossa Gente à disposição da esposa”, disse.
Policiais mortos
Rodrigo era lotado na 39ª DP (Pavuna), que cobre os complexos do Chapadão e da Pedreira. Ele é um dos quatro agentes mortos na operação. Também morreram:
Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos – conhecido como Máskara, recém-nomeado chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita). Ele está sendo velado no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. O enterro será às 13h30.
- Cleiton Serafim Gonçalves, 40 anos – integrante do Bope
- Heber Carvalho da Fonseca – também militar do Bope
- Cinco policiais civis e mais 10 militares ficaram feridos nos confrontos.
A operação
A ofensiva mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público do Rio, para cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão. O alvo eram lideranças do Comando Vermelho que atuam em 26 comunidades dos complexos do Alemão e da Penha.
Durante a ofensiva, 60 suspeitos foram mortos. No entanto, pela manhã desta quarta-feira (29), moradores da comunidade retiraram mais de 70 corpos de uma região de mata na Penha, segundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ.
Os corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada João Lucas, uma das principais vias da região. Segundo testemunhas, as pessoas mortas foram encontradas em buscas na Serra da Misericórdia, onde se concentraram os confrontos na noite desta terça-feira. Moradores afirmam que ainda há corpos na Vacaria, outra área de confrontos.
Vias bloqueadas
Criminosos bloquearam e incendiaram vias em represália a ação da polícia.
Na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas Norte e Sudoeste, uma carreta e um ônibus foram usados como barricadas, obrigando motoristas a retornar na contramão por volta das 13h.
Cerca de 30 minutos depois, um trecho da Rua Dias da Cruz, no Méier, também acabou interditado por obstáculos colocados por criminosos.
De acordo com a Rio Ônibus, coletivos foram utilizados como barricadas em diversos pontos da cidade, incluindo Anchieta, Méier, Avenida Brasil, Linha Amarela, Cidade de Deus, Chapadão, Engenho da Rainha, Alemão e Penha. Mais de 100 linhas tiveram o itinerário desviado.



