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Vereador denuncia ao vivo ter recebido R$ 100 mil para vender voto em eleição em cidade de Minas

A Polícia Militar foi acionada ainda durante a sessão para apreender o dinheiro

Polícia Militar foi acionada ainda durante a sessão para apreender o dinheiro exibido pelo parlamentar. (Foto: PM-MG)

247 - Uma sessão da Câmara Municipal de Mercês, na Zona da Mata mineira, terminou em escândalo político após o vereador Marcelio Estevam Teixeira, conhecido como Marcelo Moto Som (Mobiliza), denunciar ao vivo que recebeu R$ 100 mil para direcionar seu voto na eleição da Mesa Diretora. A denúncia ocorreu diante das câmeras durante a votação de terça-feira (2). As informações foram divulgadas originalmente pelo g1.

Marcelio retirou de uma bolsa vários maços de dinheiro e afirmou, no plenário, que a quantia teria sido entregue por um empresário da cidade para que ele votasse no candidato indicado, o vereador José Ivanio de Oliveira (PSD). O vídeo oficial da sessão foi transmitido pela própria Câmara e viralizou nas redes sociais.

Dinheiro apreendido e investigação aberta

A Polícia Militar foi acionada ainda durante a sessão para apreender o dinheiro exibido pelo parlamentar. Um inquérito foi instaurado na Polícia Civil de Mercês, conduzido pelo delegado Arthur Simões, que vai investigar a suspeita de corrupção. O Ministério Público de Minas Gerais também requisitou abertura de investigação.

À reportagem, a advogada de defesa de Marcelio, Leury Oliveira, afirmou que o caso foi registrado na PM para “devida investigação”. O g1 tentou ouvir o empresário apontado como responsável pela oferta do dinheiro, Calixto Domingos Neto, mas ele não quis se manifestar.

“Sendo procurado e assediado”

No Registro de Evento de Defesa Social (Reds) da Polícia Militar, Marcelio relatou que, nos últimos dois meses, vinha “sendo procurado e assediado” pelo empresário e por outras pessoas para direcionar o voto. Segundo ele, o repasse teria ocorrido poucas horas antes da votação.

O vereador também afirmou possuir vídeos e áudios que comprovariam a entrega do dinheiro. A suposta negociação, segundo relatou aos policiais, tinha como objetivo “beneficiar determinados indivíduos para eventual assunção da Prefeitura Municipal”, caso o prefeito eleito não conseguisse reverter sua situação jurídica.

O empresário citado é proprietário de um posto de combustíveis que presta serviço à Prefeitura em gestões anteriores e na atual, o que aumenta a gravidade das suspeitas levantadas.

Disputa influencia comando da Prefeitura

A eleição da Mesa Diretora ganhou peso adicional porque o presidente eleito da Câmara deverá assumir interinamente a Prefeitura, já que o prefeito eleito, Donizete Calixto (Mobiliza), teve o registro de candidatura indeferido e aguarda decisão definitiva do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na votação, mesmo após a denúncia, foram eleitos José Elizio Ribeiro Coelho (PSD) para presidente da Câmara e o próprio Marcelio para vice-presidente. A posse está marcada para 1º de janeiro de 2026.

Se a pendência judicial no TSE persistir, José Elizio se tornará prefeito interino, e Marcelio assumirá a presidência da Casa.

Caso no TSE segue sem previsão

O processo de Donizete Calixto estava previsto para ser julgado pelo TSE no fim de novembro, mas um pedido de vista do ministro André Mendonça adiou o desfecho. A defesa do prefeito eleito afirma que o julgamento deve ser retomado somente em 2026.

O TSE não comenta casos que ainda estão em tramitação.