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Sudeste

Zuenir lamenta a 'polícia que especializou-se em matar crianças'

Colunista Zuenir Ventura questiona a política de pacificação no Rio de Janeiro: "O resultado acaba sendo o mesmo: uma polícia que, mesmo sem querer, especializou-se em matar crianças"; segundo ele, mais do que a decisão do governador do Rio, Luiz Pezão, de reforçar as UPPs, “é fundamental e urgente proteger também os moradores da má conduta dos policiais, e isso não se faz de um dia para o outro, por decreto, mas com educação cívica, formação profissional e condicionamento psicológico das tropas de ocupação”

Colunista Zuenir Ventura questiona a política de pacificação no Rio de Janeiro: "O resultado acaba sendo o mesmo: uma polícia que, mesmo sem querer, especializou-se em matar crianças"; segundo ele, mais do que a decisão do governador do Rio, Luiz Pezão, de reforçar as UPPs, “é fundamental e urgente proteger também os moradores da má conduta dos policiais, e isso não se faz de um dia para o outro, por decreto, mas com educação cívica, formação profissional e condicionamento psicológico das tropas de ocupação” (Foto: Roberta Namour)
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247 – O colunista e escritor Zuenir Ventura faz um alerta sobre a política de pacificação no Rio de Janeiro e a “polícia que especializou-se em matar crianças”. Segundo ele, mais do que a decisão do governador do Rio, Luiz Pezão, de reforçar as UPPs, “é fundamental e urgente proteger também os moradores da má conduta dos policiais, e isso não se faz de um dia para o outro, por decreto, mas com educação cívica, formação profissional e condicionamento psicológico das tropas de ocupação”.

Leia abaixo o artido de Zuenir Ventura sobre o assunto:

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Salvem a esperança

É urgente proteger moradores da má conduta dos policiais, e isso não se faz de um dia para o outro, por decreto, mas com educação cívica, formação profissional

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O governador Pezão anunciou que a Polícia Militar vai reocupar o Complexo do Alemão, depois que quatro pessoas foram mortas na comunidade na semana passada, inclusive Eduardo de Jesus, de 10 anos. Essa deveria ser uma medida indiscutível, mas a situação chegou a um ponto em que é legítimo perguntar se, em vez de solução, isso não vai agravar o problema. Afinal, o menino foi atingido por uma bala na cabeça, disparada, segundo sua mãe, por um policial, e ele não tinha qualquer envolvimento com o tráfico, se é que é preciso dizer. Um azar, pode-se alegar, mas que está virando rotina. Como a repórter Renata Mariz acaba de mostrar, 50 crianças em dez anos tiveram o mesmo “azar” no Rio, ou seja, 60% de todos os casos do país. Quem não se lembra de João Roberto, de 3 anos, cujo carro da mãe foi confundido pelos PMs com o de bandidos? E Juan, da mesma idade de Jesus? E Ramon, de 6 anos? No domingo, a ONG Rio de Paz realizou em Copacabana um cortejo fúnebre simbólico de 18 crianças abatidas por disparos de armas de fogo a partir de 2007.

Decididamente, algo anda errado, e não por culpa das vítimas infantis. Não quero crer que os policiais cometam esses desvios por maldade, mas, com certeza, por despreparo emocional e técnico ou por falta de condições de trabalho ou por tudo ao mesmo tempo. O resultado, porém, acaba sendo o mesmo: uma polícia que, mesmo sem querer, especializou-se em matar crianças. Além dessas perdas humanas, que por si sós seriam suficientes para exigir mudanças drásticas, a prática pervertida desmoraliza o projeto das UPPs, que trouxe benefícios concretos e alento para os moradores das áreas dominadas pelo tráfico. A escalada de violência desses últimos tempos está fazendo lembrar um passado que se acreditava superado.

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O governador confia nas forças de segurança do Rio e acha que elas podem resolver a crise atual sem precisar pedir o reforço do Exército novamente. E promete decretar emergência, se for necessário, para efetuar a troca dos vulneráveis contêineres por cabines blindadas para proteger os policiais dos bandidos. Muito justo, mas é fundamental e urgente proteger também os moradores da má conduta dos policiais, e isso não se faz de um dia para o outro, por decreto, mas com educação cívica, formação profissional e condicionamento psicológico das tropas de ocupação. Hoje, o desabafo de José Maria, pai do menino Eduardo de Jesus, já se faz ouvir em outras comunidades: “São soldados destreinados que saem atirando em quem estiver pela frente. A polícia sempre agiu de forma truculenta no Alemão. Nunca fomos ameaçados por bandidos, mas sempre pela polícia”.

Se essa percepção se alastrar, nada será pior para a política de pacificação do Rio, pois significaria o fim da esperança.

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