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Sul

“Fui punido por denunciar as situações de racismo que eu sofri”, conta Márcio Chagas, ex-árbitro de futebol

Demitido da Federação Gaúcha de Futebol e da RBS, afiliada da Rede Globo no RS, após reclamar de episódio racista do qual foi vítima, o ex-árbitro e professor de educação física Márcio Chagas da Silva debateu o racismo no futebol no programa “Um Tom de resistência” desta semana. Assista

Márcio Chagas da Silva (Foto: Arquivo pessoal)
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247 - Casos de racismo no futebol estão cada vez mais frequentes. E isso é apenas um reflexo da estrutura racista e excludente da sociedade. Convidado de Ricardo Nêggo Tom na TV 247, o ex-árbitro da Federação Gaúcha de Futebol, Márcio Chagas, relatou diversas situações de racismo das quais foi vítima durante a carreira, que foi interrompida de maneira precoce, aos 37 anos, justamente por ter denunciado um desses casos. “Eu enfrentei dois casos de racismo em 2005 e 2006, já em partidas profissionais. De 2006 a 2014, eu já não aquecia mais no gramado antes dos jogos que eu ia apitar na Serra Gaúcha para evitar ouvir xingamentos racistas”, contou.

Mas foi em 5 de março de 2014, na partida entre Esportivo x Veranópolis em Bento Gonçalves, quando foi alvo de um duro e violento ataque racista por parte de torcedores do Esportivo, que Márcio decidiu que não iria mais se calar. “Nesse dia eu fui ofendido em quatro momentos. Antes de começar a partida, no final do primeiro tempo, antes do início do segundo tempo e ao término do jogo. Em todos os momentos eu estava acompanhado da Brigada da Polícia Militar, que nada fez para me proteger. E ainda no final do jogo, eu me deparei com as portas do meu carro amassadas a pontapés, cascas de banana sobre o capô e quando fui dar a partida o carro engasgou, porque tinha sido colocadas duas bananas no cano de escapamento. Aquilo para mim foi a gota d’água”, desabafou.

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Márcio Chagas ainda revelou o teor da conversa que teve com o então presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, quando decidiu denunciar publicamente o ocorrido. “Ao invés de haver uma punição ao clube mandante e eu receber o apoio da federação, o Francisco Noveletto, que hoje é um dos vices presidentes da CBF, me questionou sobre o porquê de eu não ter comunicado o fato a ele, em vez de ter exposto o caso na imprensa, o que prejudicou a imagem do clube, da federação, do campeonato e do presidente do Esportivo que era seu amigo pessoal. Quando eu perguntei a ele como eu ficava naquela situação, ele me respondeu que nós já estávamos acostumados com aquilo e que aquela minha atitude era um ponto final na minha carreira. O que de fato acabou acontecendo”, contou.

Dois meses após o episódio de racismo em Bento Gonçalves, Márcio Chagas foi contratado como comentarista de arbitragem pela RBS. O que poderia ser uma grande oportunidade profissional e também um espaço para a causa antirracista, acabou se convertendo em outra demissão pelo mesmo motivo. Márcio conta que “a receptividade na emissora foi muito boa. Porém, durante as transmissões eu continuava sendo alvo de ataques racistas, de torcedores que ficavam próximos à cabine da RBS no estádio. A ordem que chegava no ponto, era para que eu não respondesse, que engolisse tudo calado. Até que em 2019 uma torcedora tentou invadir a cabine para me agredir. Pedi ao meu chefe que filmasse a situação e ele disse que não podia por causa dos patrocinadores. Mais uma vez tornei pública a situação e fui demitido por isso”.

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