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Reindustrialização

Estudo da CNI mostra que descarbonização do setor industrial até 2050 custará cerca de R$ 40 bilhões

Levantamento será divulgado nesta segunda no estande da CNI na COP28. O documento também aponta que o Brasil pode atingir neutralidade climática em 2050 com o mercado de carbono

Siderúrgica (Foto: Jianan Yu/REUTERS)
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CNI - A transição do setor industrial brasileiro para uma economia de baixo carbono apresenta desafios. O elevado custo de capital no país, combinado com o chamado “Custo Brasil”, torna os investimentos em novas tecnologias e processos de produção mais limpos especialmente elevados. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que, para descarbonizar a indústria brasileira, serão necessários cerca de R$ 40 bilhões até 2050.  

O dado consta do levantamento “Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional”. O documento será divulgado, nesta segunda-feira (4), na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.  

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O custo de cerca de R$40 bilhões foi obtido a partir da revisão de estudos feitos nos últimos anos no Brasil e a partir de consultas a especialistas de cada segmento industrial. A CNI, no entanto, ressalta que alguns setores não consideraram no cálculo os valores de investimentos indiretos para aumentar a oferta de energia renovável e alternativas, como portos, estradas e telecomunicações. Assim, o valor de R$40 bilhões poderá ser ainda maior.  

“Com as condições adequadas, a indústria brasileira pode se tornar um ator significativo na economia global de baixo carbono. Para tanto, são necessárias condições econômicas e políticas claras e estáveis para que possamos atrair investimentos e impulsionar inovação em tecnologias”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.  

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Mercado de carbono para a neutralidade climática - O governo federal anunciou, em setembro deste ano, a revisão da meta climática brasileira.  O país se comprometeu a reduzir as emissões de GEE em 48% até 2025 e em 53% até 2030, retomando a ambição apresentada em 2015, no Acordo de Paris. 

Segundo o levantamento da CNI, a maior parte dos setores estudados tem potencial de mitigação das suas emissões de GEE nos médio e longo prazos, com destaque para os segmentos de cimento, siderurgia, alumínio e florestas plantadas. Por exemplo, os setores de cimento e siderúrgico, que mais consomem energia em seus processos produtivos, podem reduzir, até 2050, 499 milhões de toneladas de CO².  

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E, para saber se o Brasil consegue atingir as metas acordadas e entender se a precificação do carbono poderá ter algum impacto nos nesses compromissos, a CNI simulou três cenários: 

  • cenário referência em que as metas assumidas, hoje, pelo país são mantidas, sem a implementação de uma política de precificação de carbono. Nessa situação, no entanto, é considerado o mecanismo de ajuste de fronteira de carbono europeu (CBAM, em inglês) – imposto criado pela União Europeia para precificar as emissões dos produtos que são importados pelos países membros.  
  • cenário 1 em que o Brasil adota uma política de precificação de carbono por meio de uma taxa de carbono. As receitas obtidas pelo pagamento dessa taxa pelos agentes econômicos vão para o orçamento da União. Nessa situação, também é incluído o CBAM europeu.  
  • cenário 2 em que há o mercado de carbono e é feita a reciclagem de receitas. O CBAM europeu é levado em consideração.  

Os resultados foram: 

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  • cenário referência: as emissões chegam a 1,2Gt CO², atendendo à meta da NDC brasileira. Sem aumento de ambição, entre 2030 e 2050, as emissões permanecem no mesmo patamar, e o país não alcança a neutralidade climática; 
  • cenário 1: as emissões chegariam a 1,0Gt CO² em 2030 e seriam neutras em 2050 (emissões líquidas zero). No entanto, seria necessário aumentar a taxa de carbono como forma de incentivar a adoção de mais medidas de mitigação pelos setores taxados e, dessa forma, alcançar as metas prometidas pelo Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC) 
  • cenário 2: além de atingir a NDC em 2025 e 2030, e a neutralidade climática em 2050 (como no cenário 1), há a projeção de crescimento do PIB em relação ao cenário referência, chegando a R$ 9,66 trilhões em 2030 (+1%) e R$ 14,13 trilhões em 2050 (+1,8%). 

Ou seja, por meio do mercado de carbono é possível chegar à neutralidade climática em 2050 e ainda aumentar o nível de atividade econômica do país, reduzindo a taxa de desemprego.  

“Uma política de precificação de carbono adequada ao país, que use as receitas para reduzir distorções da economia brasileira e incentive a criação de empregos parece estar entre as melhores alternativas para o Brasil cumprir o Acordo de Paris, sem prejuízo ao crescimento econômico e social”, explica o diretor de Relações Institucionais, Roberto Muniz.  

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Opções de melhorias para os setores industriais - Para além dos instrumentos de precificação, melhorias de eficiência energética e processos de produção com tecnologias mais avançadas contribuem para a descarbonização e alavancam a economia. 

No estudo, a CNI também listou opções tecnológicas de controle e eficiência para cinco setores. Veja algumas: 

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Alumínio 

  • Controle de motores e inversores de frequência 
  • Caldeira a gás natural 
  • Otimização do fluxo de ar da combustão 
  • Isolamento em fornos 
  • Recuperação de calor 

Cimento 

  • Queima melhorada usando mineralizadores 
  • Otimização de controle e processos de recuperação de calor 
  • Geração de eletricidade a partir da recuperação de calor  
  • Substituição de moinhos de bola por FPGR ou moinhos horizontais 
  • Ciclones de baixa queda de pressão nos preaquecedores 

Ferro-gussa e aço 

  • Sistema de controle avançado 
  • Drives dos ventiladores 
  • Recuperação de calor das fornalhas 
  • Injeção de carvão pulverizado 
  • Controle da umidade do carvão  

Indústria química 

  • Adoção de biomassa em fornos e caldeiras  
  • Recuperação de calor em caldeiras 
  • Pré-reformador na produção de amônia e metanol 
  • Adoção de gás natural em caldeiras 
  • Eletrocatálise 

Papel e celulose 

  • Caldeira auxiliar com controle de processo, recuperação de vapor e retorno de condensado 
  • Modificações no forno de cal 
  • Caldeira de papel com controle de processo, recuperação de vapor e retorno de condensado 
  • Secadores condbelt 
  • Prensas mais eficientes

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