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Saúde

Acadêmicos contestam estudo do médico francês que é o "pai da cloroquina"

Didier Raoult voltou a apontar a "eficácia" da medicação – e foi contestado por seus pares

Didier Raoult (Foto: Divulgação)
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247 – Um novo estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina, conduzido pelo ex-diretor do IHU Méditerranée Infection, Didier Raoult, e envolvendo 30.000 pacientes com Covid-19, está sendo alvo de críticas por parte de diversos especialistas. Questões metodológicas, éticas e jurídicas cercam essa pesquisa, que se insere em uma série de trabalhos questionáveis realizados pelo renomado médico e microbiologista, segundo aponta reportagem do Le Monde.

Embora Raoult tenha deixado a direção do instituto hospitalo-universitário (IHU) Méditerranée Infection em setembro de 2022, ele continua ativo no campo das publicações científicas. Um manuscrito, ainda não revisado por pares e, portanto, não validado para publicação em uma revista científica, foi disponibilizado online em 4 de abril. Esse "preprint" aborda 30.423 pacientes com Covid-19 tratados no instituto entre 2 de março de 2020 e 31 de dezembro de 2021, descrevendo a eficácia da combinação de hidroxicloroquina (HCQ) e azitromicina (AZ), o famoso "protocolo Raoult", em termos de redução da mortalidade.

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Como era de se esperar, esse novo estudo tem levantado críticas metodológicas por parte de especialistas. Além disso, tem sido alvo de acusações mais graves, expressas em uma tribuna assinada por várias sociedades científicas e personalidades como o presidente da Academia de Ciências, Alain Fischer, e publicada no jornal Le Monde. Segundo os signatários, esses trabalhos constituem "provavelmente o maior ensaio terapêutico 'selvagem' conhecido até o momento", uma vez que essas prescrições continuaram "por mais de um ano após a demonstração formal de sua ineficácia".

Mas afinal, o que consiste esse estudo? Em um tweet publicado em 25 de abril, Didier Raoult resumiu os resultados da seguinte forma: "Estudo de 30.000 casos de Covid-19 de 2020-2021, eficácia da hidroxicloroquina e da vacina para evitar a morte!". Ele também menciona essas observações em seu livro "Autobiographie", lançado no início de abril (Editora Michel Lafon, 336 páginas, 18,95 euros): "A combinação hidroxicloroquina/azitromicina está associada a uma mortalidade pelo menos cinco vezes menor do que outras terapias".

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Esse estudo em questão está inserido em uma série de publicações do IHU de Marselha com metodologia questionável. Vale lembrar que Didier Raoult manifestou entusiasmo desde cedo pela cloroquina e, posteriormente, pela hidroxicloroquina, substâncias usadas contra a malária e o lúpus, respectivamente. Tentativas anteriores de "reposicionamento" da cloroquina contra os vírus Ebola, dengue ou chikungunya já haviam sido realizadas, sem sucesso. Em um vídeo intitulado "Coronavírus: fim de jogo!" publicado em 25 de fevereiro de 2020, o microbiologista afirmava, com base em um estudo chinês muito lacônico, que o Covid-19 era "provavelmente a infecção respiratória mais fácil de tratar" graças a essa molécula.

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