Brasil registra explosão de mortes por escorpião; veja o que fazer caso seja picado
Especialistas explicam como agir em caso de acidente e como evitar a presença do animal em áreas urbanas
247 - O Brasil enfrenta uma alta preocupante nos acidentes com escorpiões em 2025. Somente neste ano, o país já contabilizou mais de 173 mil casos de picadas e mais de 200 mortes, segundo dados oficiais. Embora o número total de ocorrências seja inferior ao de 2024, quando houve cerca de 201 mil registros, o total de óbitos aumentou de forma expressiva, elevando a taxa de letalidade de 0,06 para 0,12.
As informações foram divulgadas pelo g1, com base em levantamentos do Ministério da Saúde e em estudos científicos recentes, e reforçam o alerta de especialistas sobre a importância da prevenção e do atendimento médico imediato após a picada.
Crianças e idosos estão entre os mais vulneráveis
Crianças e idosos formam os grupos mais suscetíveis às complicações causadas pelo veneno do escorpião. Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Public Health aponta que, entre 2014 e 2023, houve um aumento de 155% nos relatos de picadas de insetos e aracnídeos no Brasil.
A série histórica do Ministério da Saúde indica que o pior ano da última década foi 2023, quando o país registrou 430 mortes por acidentes com escorpiões, evidenciando uma tendência de crescimento da gravidade dos casos.
Calor e urbanização favorecem a proliferação
A expansão urbana desordenada, aliada às altas temperaturas, tem contribuído para o avanço dos escorpiões em áreas residenciais. O aumento da produção de lixo, a presença de entulhos e a oferta de abrigo em redes de esgoto, tubulações e caixas elétricas criam um ambiente propício para o animal.
Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a maior incidência ocorre entre setembro e fevereiro, meses mais quentes do ano. Já no Norte e Nordeste, onde o clima é predominantemente quente, os registros acontecem ao longo de todo o ano.
O que fazer em caso de picada de escorpião
Saber como agir rapidamente pode ser decisivo para evitar complicações. Especialistas alertam que procedimentos caseiros podem agravar o quadro. Veja as orientações principais:
- Lave imediatamente e com cuidado o local da picada com água e sabão
- Procure atendimento médico o mais rápido possível
- Compressas mornas podem ajudar a aliviar a dor até a chegada ao serviço de saúde
🚫 Não faça torniquetes, incisões ou sucção no local
🚫 Não use pomadas, pois elas não impedem a ação do veneno e podem dificultar a avaliação médica
🚫 Não aplique gelo sobre a área afetada
Os acidentes podem ser classificados como leves, moderados ou graves. Além da dor intensa, o veneno pode provocar sintomas como suor excessivo, vômitos e taquicardia. Nos casos mais graves, há risco de insuficiência cardíaca, edema pulmonar, salivação intensa e morte.
Medidas para evitar a presença de escorpiões
Apesar de desempenharem um papel importante no equilíbrio ambiental, os escorpiões representam risco quando se proliferam em áreas urbanas. O Instituto Butantan destaca que a prevenção depende principalmente da redução de abrigos e alimentos disponíveis para o animal.
Entre as principais recomendações estão:
- Manter o lixo bem fechado para evitar baratas, principal fonte de alimento dos escorpiões
- Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas e materiais de construção
- Manter jardins e quintais limpos
- Impedir que plantas e trepadeiras encostem em muros e paredes
- Vedar frestas, buracos em paredes, rodapés soltos e caixas de energia
- Manter ralos de banheiros e cozinhas sempre fechados
- Não deixar roupas ou calçados no chão
- Chacoalhar sapatos antes de usá-los
- Afastar camas e móveis das paredes
- Usar luvas e calçados em áreas externas ou com entulho
Nunca manuseie o animal
A bióloga Denise Maria Candido, assistente técnica de pesquisa científica e tecnológica do Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan, reforça que nunca se deve manusear escorpiões. Quando necessário, o animal deve ser conduzido com segurança para dentro de um recipiente usando um objeto longo, como um graveto ou pinça de cerca de 30 centímetros, e encaminhado ao Centro de Controle de Zoonoses do município.
Reprodução rápida aumenta o risco
Outro fator de alerta é a alta capacidade reprodutiva do escorpião. Cada gestação pode gerar entre 20 e 25 filhotes, ocorrendo até duas vezes por ano ao longo de aproximadamente quatro anos de vida. Algumas espécies, como o escorpião-amarelo e o escorpião-amarelo-do-Nordeste, não precisam sequer acasalar para se reproduzir, o que acelera ainda mais sua disseminação.
O avanço dos acidentes reforça a necessidade de políticas públicas de controle ambiental, campanhas educativas e atenção redobrada da população, especialmente em períodos de calor intenso.
